terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

A dissonância cognitiva e a percepção seletiva de Bananaland


*Duas das principais fontes estão citadas abaixo.

Em política, a dissonância cognitiva manifesta-se quando uma determinada autoridade de direito, reconhecida como tal pelo povo, se comporta de forma irracional, fazendo com que o cidadão tente conciliar mentalmente essa autoridade de direito, por um lado, com a irracionalidade que se lhe reconhece no seu comportamento, por outro lado.


Face à contradição da autoridade de direito, o cidadão tem quatro caminhos: 

1 - Baixa os braços e desinteressa-se da política, aceitando toda a prepotência do Poder da autoridade, sem protestar ("1984", George Orwell); 

2 - Constrói uma mundividência (concepção ou visão do mundo) que tente conciliar o contraditório implícito na ação da autoridade mediante a obliteração (arte política de fazer desaparecer pouco a pouco deixando vestígios) da lógica através de purificação do discurso político (combate à corrupção, por exemplo), por forma a que a contradição da autoridade seja relegada para um plano invisível (ideologia e/ou o conceito de “pensamento duplo” de Orwell).

2.1 - Eventualmente bastará ao indivíduo a purificação do discurso político.

A dissonância cognitiva e a percepção seletiva são teorias relacionadas entre si, onde a primeira trata do conflito psicológico do indivíduo quando se depara com uma escolha aparentemente 'errada'; e a outra trata de filtros e estímulos adquiridos por este mesmo indivíduo cujos valores irão avaliar se a escolha é ou não 'errada'.

Para que a dissonância ocorra, é necessário que a pessoa possua um padrão de crenças, conceitos e valores adquiridos através da percepção seletiva para que haja parâmetros seletivos, inclusive, para a absorção de novos estímulos a serem recebidos para a formação cognitiva destes mesmos parâmetros.

É comum que as pessoas busquem por informações, pois muitas delas são utilizadas para a tomada ou reforço de decisões. Quando usadas para reforço, a dissonância cognitiva tende a ser reduzida ou eliminada.

Segundo Festinger, no livro Theory of Cognitive Dissonance, "a análise da exposição seletiva indica que a melhor forma de reduzir a dissonância é a exposição a informações coerentes com os comprometimentos".

É possível perceber que o indivíduo tem a capacidade simplesmente de excluir ou ignorar, completamente, informações desinteressantes as quais não reforcem suas cognições.

Estudos feitos e publicados no Jounal Marketing Research, por Spence, Engel e Blackwell, em 1970, confirmam a existência destas filtragens. Nas pesquisas realizadas, foi constatado que o reconhecimento da marca de um produto reflete seletividade, pois os consumidores reconhecem suas marcas preferidas mais rapidamente das menos preferidas ou das desconhecidas. Deste modo, em geral, os consumidores aceitam e respondem melhor às marcas que lhes parecem mais familiares ou selecionadas como preferidas.

Trazendo para o campo político:

Tipos de reações do indivíduo à dissonância cognitiva - Comportamento do Eleitor

Quando o eleitor se percebe exposto à dissonância cognitiva, o Martketing especializado em Política e Campanha Eleitoral indica que, existem três soluções básicas para minimizar, reduzir ou anular a dissonância e trazer o eleitor para o seu curral eleitoral, doce manso e adestrado:

1 - Distorção das percepções: 
A distorção aparece quando o eleitor percebe o desconforto da dissonância cognitiva e busca ver ou assimilar apenas os aspectos que lhe interessam. Um exemplo clássico de distorção são as estratégias utilizadas pela mídia nacional, que coloca toda sua força de penetração social em situações que remetam este indivíduo ao bem-estar, momentos prazerosos com aquele grupo no poder, abordagem de grupos seletivos de pessoas e assim por diante, e outros mecanismos similares que farão com que o eleitor ignore as falcatruas associadas aos seus políticos preferidos, a fim de continuar justificando o voto.

2 - Depreciação da fonte da dissonância: 
Ocorre quando os estímulos não podem ser negados por uma evidência concreta. Ou seja, quando o eleitor classe média (aquele dos patos amarelos) se sente rejeitado ou excluído do processo ao qual se entregou piamente. 

Por exemplo:
Uma pessoa deseja muito votar num determinado candidato do partido XYZ. Quando está próximo de votar no sujeito, compartilha da informação para um determinado grupo de pessoas a fim de se afirmar e ser 'aceito' dentro de sua cognição. 

Entretanto o mesmo é ridicularizado por não saber que o determinado candidato está dando muitos problemas, que o partido XYZ não é receptivo e bem quisto no mercado de capital e que a onda agora é apoiar o partido SS que é a boa dica e é aceita pelo grupo; enfim, sente-se rejeitado. 

A partir da dissonância, este mesmo indivíduo começa a afirmar que já suspeitava que o partido XYZ não fosse boa ideia e acha que foi feliz a sua atitude de comentar antes de votar naquele candidato - neste momento ele busca justificar o exibicionismo frustrado como compartilhar de opinião, tentando enaltecer a opinião do grupo - e começa a concordar que o partido SS realmente é melhor, com o objetivo de anular a dissonância.

3 - Busca de apoio social: 

Ocorre quando um grupo é prejudicado por um indivíduo e, assim, todos passam pela dissonância cognitiva de maneira coletiva. A busca ocorre quando o grupo procura 'culpar' um fator externo a reconhecer o verdadeiro erro, para não criar animosidade entre as várias correntes que participaram do processo. 

Um exemplo clássico são os golpes políticos de tomada de assalto do poder legalmente constituído, onde o grupo que comanda a trama, ao chegar ao objeto de desejo, prejudica o grupo e todos justificam passam  a justificar o passado, as fraquezas dos adversários, a educação, a religião, o facebook ou os eleitores dos que sofreram o golpe. 

Principais Fontes:
1 - Dissonância Cognitiva (http://sofos.wikidot.com)
2 - A dissonância cognitiva no marketing (www.administradores.com.br)
3 - Psicologia e Comunicação de Massa (Laércio Goes)



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