Desde menino sempre sonhei em ser cafajeste. Não pela forma, mas pelo nome, sempre achei o máximo esta expressão. Ficava imaginando uma cena onde uma pessoa se aproximava e em tom de desespero, perguntava - o senhor é o Dr. Cafajeste? Sim, sou eu. Pelo amor de alguma coisa, me socorra... Aquilo era uma terapia para minhas expectativas de futuro.
Uns amigos do meu pai tinham umas duas ou três mulheres, estavam sempre alegres, e bem com a vida. Minha mãe não gostava deles. Falava com raiva do Carlinhos do Pneu. É um homem frio, calculista e trapaceiro. Roubou até da sogra, a dona Esmeralda, coitada, que morreu sem nada que o padrinho deixou para ela. Depois que sugou tudo da boba da Dadinha, arrumou uma putinha barranqueira -. esta era a parte que eu adorava ouvir - arrumou uma novinha, e agora fica aí andando de carro bonito e se acha o tal.. Uau; aquilo ecoava como música aos meus ouvidos (uma novinha) e seguia sorrindo para todo mundo.
Tinha o Gegê do Gás, que minha avó tremia só de ver ele lá em casa. Eu não entendia, por que ele era muito divertido, carinhoso com a esposa, mas aí vovó falava - é um cafajeste mentiroso, e a boba acredita em tudo que fala, mesmo com ele namorando com as meninas todas do bairro. Nossa! Gegê era meu ídolo - Meu sonho!!!
E o Bira da Feira? Sempre com uma camiseta apertada, mostrando os músculos. Ele ia fazer entrega das compras e tia Julinha saia pelos fundos - não suporto este machista grosseiro e insensível, dizia entre os dentes. O fato é que ele deu uns amassos nela e parece que uns tapas também, mas deve ter tido seus motivos, mas mulher não faltava na sua vida. Sempre com uma mais gostosa que a outra. E aquele cordão de ouro? Sempre quis ter um igual.
Agora, tinha um amigo do meu pai, o Lelinho da Barra, que era meu ídolo. Tia Telinha tinha ódio dele. Ela falava assim - Lelinho? Um mau caráter, vagabundo e ambicioso e só quer mulher para sustentar suas ambições. Graças a Deus eu tive livramento daquele peste.
Quando cheguei na adolescência, percebia que as meninas mais gostosas se sentiam atraídas pelos cafajestes, choravam e sofriam por eles, e se envolviam mesmo sabendo que as chances de o relacionamento dar certo eram mínimas. Eles eram fortes, pareciam seguros e poderosos, saiam para beber, jogar e fumar com os amigos, eram muito namoradores e tinham mulher nova todo dia, e as meninas ficavam histéricas disputando a atenção deles. Nunca entendia bem esta parte, a de que eu perdia para quem eu queria ser..
Bem, para minha grande decepção, na vida adulta não consegui ser cafajeste. O tempo passou, apaixonei pela Quitéria, uma menina tímida, até meio feinha, que morava duas casas abaixo da minha. Casei cedo, fui trabalhar no balcão de uma loja e enfim, tive três filhas e não consegui nem sequer um genro cafajeste. Agora esperar pelos netos..., quem sabe??.
É isto aí!
Um prazer enorme amigo ler-te...Tenhas um fim de semana lindo!
ResponderExcluirCristal
Querida Rachel http://www.rachelrochaomena.blogspot.com.br/ , muito obrigado pelo carinho e pelas palavras. Um grande abraço e um vida forte feito o Cristal que está em você!
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