quarta-feira, 2 de março de 2016

A delação do Renatinho


Renatinho, puta que pariu, sai deste banheiro logo e para de ficar falando sozinho.

Sim, mamãe, estou saindo. E não estava falando sozinho, estava refletindo com a possibilidade de pedir a Adelaide para sair comigo.

Como é que é? Aquela vigaristazinha, filha do Zéduardo? Só por cima do meu cadáver, Renatinho. Aquela é uma caninana igual à cafetina da avó que criou a moça no cortiço junto com a cadela no cio da mãe. Esquece isto, Renatinho, ela não presta para você.

Naquela noite:

Adelaide, eu preciso falar uma coisa para você.

Fala então.

Eu te a... eu te a... eu te a... eu quero namorar com você.

Namorar comigo? Depois que a sua família difamou gratuitamente a minha por causa do corno do seu pai que recusou pagar o carro que comprou do meu tio?

Adelaide, isto foi entre eles.

E você, que ficou até a semana passada com a minha prima? E agora vem falar que me ama?

Eu juro, Adelaide, eu juro pelo que há de mais sagrado na face da terra, que nunca mais vai acontecer de novo.

- Silêncio (Olhar fulminante)

Eu juro por tudo, pela minha santa mãe, pela minha avó, pela Tia Telinha, eu juro.

- Silêncio (Olhar de desprezo)

Eu errei, eu fui fraco, eu fui covarde, eu fui um idiota, isto mesmo, eu fui um perfeito idiota.

- Silêncio (Olhar de indiferença)

Adelaide, o que eu preciso fazer para ter você e viver feliz para sempre?

Basta fazer uma delação premiada pré-determinada para com a minha amada, estimada, santificada e honesta famiglia...

É isto aí!

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