segunda-feira, 11 de abril de 2016

Atestado de óbito

Eu quero o divórcio, disse ela em tom sereno, com uma candura imensurável. Passou os dedos levemente por sobre a mesa do jantar, olhou nos olhos dele e aguardou a resposta.

silêncio

Ele levantou-se, foi até a sala, abriu a pasta e tirou de lá uma carta. Voltou, entregou-lhe e disse que iria comprar cigarros e na volta discutiriam o assunto.

Ela assentiu com um leve movimento da cabeça, pegou delicadamente o envelope. Quando ocorreu que ele havia parado de fumar há mais de dez anos, levantou-se para indagá-lo sobre isto, mas já havia saído. Ao abrir o documento, o que leu deixou-a confusa e perplexa - tratava-se do processo do divórcio já definido, aguardando apenas a assinatura dela.

Com lágrimas copiosas e lábios trêmulos, sentiu-se mal, sufocada, diante do que denominou de um atestado de óbito do casamento que acreditava ser modelo de amor eterno.

É isto aí!

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