Vossa Majestade Imperial, Real e Fidelíssima decreta:
Está toda a corte, plebe, sicários, nobres, mecenas, mercantilistas, ricos, mestres, doutores, professores, letrados, iletrados e demais membros do amplo espectro de funções e matizes, doravante plena do saber de que este Magno Imperial decreta:
Fica toda a extensão de pessoas, de quaisquer castas deste reino, proibidos de falarem à meu respeito.
- Ministro:
Perdão, Vossa Majestade Imperial, Real e Fidelíssima, ouso, se assim permitir, e não pretendendo com isto ofuscar a Vossa Imperial Luz que ilumina vosso reino, tomar um passo diminuto da minha desprezível e insignificante existência, para propor-lhe uma pequena alteração no texto.
- Imperador:
Pela sua ousada e intempestiva coragem de conflitar minha benevolência, senhor ministro, permito que se manifeste, obedecendo aos critérios imperiais, justos, imparciais e legais.
- Ministro:
Vossa Majestade Imperial, Real e Fidelíssima, ouso emitir minha diminuta opinião de que àqueles que falam bem de Vossa Majestade Imperial, Real e Fidelíssima, dever-se-ia, se assim permite vossa magnânima benevolência, que continuem a fazê-lo.
- Imperador:
Comove-me saber que o senhor ministro conseguiu perceber minha real intenção de promover esta ressalva à lei, senhor ministro. Já havia pensado nesta possibilidade, mas preferi provocar sua corajosa exposição. Doravante o texto ficará:
Fica toda a extensão de pessoas, de quaisquer castas deste reino, proibidos de falarem à meu respeito, exceto as que falarem da bondade, do altruísmo, da generosidade e da benevolência imperial.
- Ministro:
Perdão mais uma vez, Vossa Majestade Imperial, Real e Fidelíssima. Jamais deveria interferir na vossa magna inteligência e novamente ouso, se assim permitir, pois não pretendendo com isto ofuscar a Vossa Imperial sabedoria que transcende vosso reino, tomar outro passo diminuto da minha desprezível e insignificante existência, para propor-lhe uma mínima alteração no novo texto imperial.
- Imperador:
Apesar de causar-me espécie a sua ação, acredito que aquilo que dirá será exatamente o que refleti em minhas preciosas horas de divagações e elucubrações imperiais.
- Ministro:
Vossa Majestade Imperial, Real e Fidelíssima, meu desejo é e será sempre tudo o que Vossa Majestade deseja, e neste instante diante de Vossa Majestade, ouso novamente emitir minha insignificante opinião de que além daqueles que falam bem de Vossa Majestade Imperial, Real e Fidelíssima, dever-se-ia, se assim permite vossa magnânima benevolência, permitir que os que falam mal continuem a fazê-lo, para que Vossa Imperial Guarda saiba identificar pelos atos, palavras, atos e omissões todos aqueles que deturpam vossa imaculada realeza..
- Imperador:
Bravíssimo, senhor ministro. Suas palavras são exatamente as que guardei antecipando esta questão de relevante valor administrativo em todo o Reino. Desta forma, de caráter irrevogável, sem mais nenhum adendo real, eu, Majestade Imperial, Real e Fidelíssima deste reino e anexos, decreto:
Fica toda a extensão de pessoas, de quaisquer castas deste reino, proibidos de falarem à respeito das supostas maldades, desmandos, e atos de força necessários para a manutenção da ordem, da paz e do progresso do nosso Reino. Aos que falarem da bondade, do altruísmo, da generosidade e da benevolência imperial, gozarão de harmônica e resplandecente tranquilidade. Os abjetos que se manifestarem em contrário suportarão as agruras da lei justa e igualitária.
Revogam-se as disposições em contrário.
Esta Lei entra em vigor nesta data, sem contestação ou manifestações em contrário.
É isto aí!
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