segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Odete, a santa beatificada do planalto central


Amaldiçoando diuturnamente este maldito horário-de-verão, meu indefectível Nokia original, único dono, toca às cinco horas, meio sonolento meio acordado, atendo e do outro lado da célula está Odete, a única beata do Distrito Federal.

Reza a lenda no Plano Piloto que a canonização de Odete deu-se pela  incisiva defesa de dois doutos e provectos mandarins da ordem e do progresso nacional, quando testemunhou em processo sigiloso de certa corte oculta de que aqueles senhores benfazejos não faziam "boîte deux" em virtude de investirem sempre no ménage trois dos fundos da generosa Odete, locupletada de bem-aventuranças para o bem da nação. E bastou este milagre para se tornar beata Odete.

Odete!!!

Beata Odete, por favor, meu bem! Beata Odete, pois estou no paraíso servindo de espelho para as benfazejas cuidadoras de idosos do Paranoá, que é a moda top-top por aqui, só se fala nisto.

Bem, desculpe, não tinha ligado a coisa às pessoas. É muita informação!

Ai, amore, para com isto, foi só para descontrair. Me chama de qualquer coisa, mas me chama, vem em Brasília me ter, vem ...

Uau, fico sem palavras. Mas, Odete, a que devo a honra da sua ligação?

Seguinte, amore, como sabe não falo nada sem fonte, nem copio, nem faço plágio, nem coloco silicone ou botox, sou toda original.

Sério?

Bem, tem uns reparos aqui e ali, mas quem liga? O importante é citar a fonte.

Então diga, meu amor!

Nossa! Arrepiei todinha, você eletrizou meu coração.

Uai, mas isto não era de outro jeito com o Ednardo?

Ai, amore, vamos aos fatos. Então, não perca o fio do novelo, senão complica, ok, amore?

Vamos lá, Odete, gosto da sua voz...

Ai...  bem, dia destes estava no Salão da Jack KO ..

Jack KO?

Ai, tenho que explicar tudo. Era para ser uma homenagem à Jackie Kennedy Onassis, mas aí o escrivão resolveu abreviar e assim atrapalhou o futuro estelar de diva da moça.

Ah, bom.

Para de interromper e escuta. então, eu estava na Jack KO fazendo uma escovinha, pé mão e outra coisa que a Creuzinha faz enquanto a gente engoma a calça e fica  a cantar. Daí, entrou no salão a antipática e esnobe Lady Penélope Norway.

Norway? Ela é da nobreza norueguesa?

Para de interromper, amore. Norway é por que ela só vê as coisas do jeito que o norte vê. E lady é o título das meninas de pudicícia aparência e despudorada saliência. E Penélope ...

Está bem, está bem ... já entendi e não vou mais interromper.

Bem, aí Lady Norway me disse que ouviu de Jorginho Ragatanga, seu petit ami amoureux, um servidor calça-curta da sexta secretaria da quinta sessão, do quarto departamento, da segunda mesa da Casa do Povo, cuja namorada que lhe confidenciou é esposa de Odilon Odílio, um DJ pobre de Planaltina que trabalha como Commins num piano bar de certo prestígio vip no Plano Piloto, que por sua vez soube pela amante Isoldinha, uma simpática moça de fino requinte, que ouviu uma pouco agradável conversa entre um pletórico senhor da alta corte imperial ao qual atende aos caprichos e um exótico e incansável ex-cliente, hoje quase um senil cavalheiro do Lago Norte, que certa dupla até então denominada de imbatível e impoluta, está sendo, humm, digamos assim, hummm, ofuscada pela luz das estrelas.

Odete, então ...

Não fala, não fala nada, amore! Não fala nada e vem me beijar loucamente em Brasília, amore, vem me ter na lua nova, sob um céu cada vez mais absurdamente estrelado de Brasília.

Puxa vida, Odete, nem sei o que dizer ... eu, eu ... alô, alô ... droga, minha linha caiu igual estrela cadente.

É isto aí!

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