segunda-feira, 27 de maio de 2019

Gente, entende uma coisa (Vinnie Bressan)

Alto lá
Este texto não é meu
Copiei e colei
Onde? No Facebook
De quem? Vinnie Bressan

Gente, entende uma coisa (Vinnie Bressan)



A gente está falando de pessoas que, se amanhã pousasse um disco voador na frente delas em uma avenida, elas iriam atirar. Pode ter qualquer coisa dentro do disco voador, é o disco voador de Schrödinger. Podem escravizar toda a raça humana e tomar o planeta? Opa, podem sim!!! Podem estar trazendo conhecimento, a cura de todas as doenças, tecnologia e formas de resolvermos os problemas mais periclitantes da Terra? Podem também! Perceba que não existem garantias, apenas riscos. E isso diz muito sobre a decisão destas pessoas de atirarem antes de saber o que nos espera, a decisão de, como costumam dizer, “atirar primeiro e perguntar depois”.

Quando a gente fala na rejeição ao outro, ao diferente, ao desconhecido, uma palavra que geralmente vem à mente é “ódio”. Não está errado, mas está na superfície. Você não odeia o que não conhece apenas por não conhecer. Você odeia o que não conhece porque tem medo. Essa é a palavra que todo mundo deveria colocar na frente do ódio ao caracterizar estas pessoas e manifestações: “medo”. Medo dos alienígenas (então, atiremos e eliminemos a “ameaça”), dos comunistas (que acreditamos que são inimigos, mas sobre os quais pouco sabemos pra além da rejeição que nos foi ensinada), de virar uma Venezuela (sem saber como foi que a Venezuela virou uma Venezuela, atribuindo toda a culpa a uma pessoa, como se a crise começasse ali), de ser assaltado (então, armas precisam ser liberadas, mesmo as estatísticas mostrando o contrário, já que eu PRECISO me defender a qualquer custo), da homossexualidade (porque isso não é “natural”, vão corromper nossas crianças, ainda que os números sobre abuso infantil digam que o risco é bem outro), enfim, de qualquer inimigo que te vendam a um preço de ocasião e que você resolva pagar, muitas vezes, mesmo sem se dar conta.

Parecia impossível, mas conseguiram! O último disco voador que pousou na avenida de que a gente falava é a Educação. Isso por si só já seria preocupante, mas torna-se ainda mais assustador quando nos damos conta de um detalhe: aqui, não estamos mais falando de um elemento desconhecido. Todo mundo sabe e entende o que é a Educação. Pelo menos eu achava que sim. Então, o que foi feito é ainda mais estarrecedor por ter dado certo: pegaram algo conhecido, que todo mundo queria e entendia como crucial para a manutenção de um projeto de país, distorceram através de mentiras e venderam que se transformou em outra coisa. Em um inimigo! A única coisa que poderia despertar a consciência crítica sem que a gente precisasse pagar pra ver o que é, algo que a nossa própria experiência e a experiência de todos os outros países do mundo têm mostrado que é o ÚNICO caminho para o progresso é o alvo do momento. As pessoas têm medo da Educação!

Não da Educação, claro, mas do que as pessoas que precisam que se odeie a Educação estão vendendo que ela se tornou: algo ensinado em um ambiente onde PREDOMINAM drogas, orgias, nudez gratuita e doutrinação ideológica. Sim, estão vendendo isso como a regra, não como a exceção. E a proposta pra acabar com os carrapatos é matar a vaca. Um presidente da República, possivelmente uma das pessoas que mais instila o medo e o desconhecimento hoje no Brasil, chegou ao cúmulo de dizer que não existe pesquisa científica nas Universidades Públicas Federais do país. Um presidente! Por irresponsabilidade, claro, mas menos por desconhecimento e mais por conveniência: é preciso convencer! Tudo o que for útil pra pintar a Educação como o inimigo, como algo a ser temido e odiado, está sendo usado e, ao que parece, enquanto surtir efeitos como o visto na frente da UFPR neste 26/05/2019, há de continuar sendo. E por que esse texto? Pra situar a origem do ódio, só isso. Esse ódio vem do medo. De pessoas que não estão dispostas a correr riscos e que a cegueira fez chegar a um patamar em que elas não aceitam apostar nem no certo, se alguém travesti-lo como um risco. Pessoas que vão chegar a extremos caso você opte pelo risco e que terão em mente que estão fazendo isso para te defender do pior. Traduzindo: a sua escolha consciente pelo risco será tachada como loucura e será combatida.

Fico pensando nas significações que as palavras “progressista” e “conservador” me sopram ao ouvido. O progressista é aquele que quer o progresso, o insatisfeito com o rumo das coisas, o que vai pagar pra ver o que tem dentro da espaçonave, ainda que o risco disso esteja posto. E o conservador é aquele que quer conservar tudo aquilo o que já foi conquistado (muitas vezes a qualquer custo), o que remete a uma satisfação com o rumo das coisas. A gente só conserva o que nos satisfaz em algum sentido (e, infelizmente, nesse ponto eu lamento que não tenhamos conservado apenas coisas que deram certo, que funcionaram... Mas, enfim, meu ponto nem é este!). Situo isso apenas por acreditar que nós ainda não progredimos o suficiente para nos bastarmos aonde chegamos. Eu não gosto de onde chegamos! Eu preciso de mais e, quando digo eu, penso no nosso número de pessoas famintas, desabrigadas, desempregadas ou das empregadas em regime análogo ao da escravidão, tendo que se achar sortudas em comparação com as desempregadas. Eu, utopicamente talvez, acredito que a humanidade pode mais. Mas, ao mesmo tempo, eu sei que pra ela conquistar mais, ela precisa perder o medo de saltar no vazio.

Enquanto eu escrevia essa reflexão, algo disso tudo me remeteu ao filme “A Chegada”, do Denis Villeneuve. Quem tiver a oportunidade de assisti-lo depois de ler este texto, tendo toda essa reflexão no bojo e contrapondo estes dois vetores tão marcantes em tudo o que eu escrevi, eu me sentiria muito feliz de poder trocar uma ideia a respeito. Pode ter sido viajar demais da minha parte tudo isso jogado aqui na tela, mas me ocorre agora que talvez o impulso primordial pra este salto no vazio esteja justamente na arte. Tentemos chegar juntos, cansados ou não. Porque se a gente não chegar assim, talvez a gente nunca chegue.

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