domingo, 2 de junho de 2019

Ora direis, ouvir Bilac!

Quino*

Muito bem, silêncio. Marcelinho, declame o poema enquanto as cortinas se abrem.

Parreira, vai num crescente de luz do violeta ao vermelho, bem lentamente, sobrepondo uma à outra , em foco crescente, até a luz perfeita, ok?

Atenção Marcelinho, um minuto ...

Abrem-se as cortinas ... lentamente e Marcelinho começa:

Haviam poeria,
neblina e tensão
noar.

Para tudo - Marcelinho, de onde você tirou "haviam poeria"?

- Se o professor doutor emérito e augusto nobre cadeirante do sinistério da ducassção crassifica assim os conjugadinhos sala e quarto, quem sou eu pra questionar?

Marcelinho, larga a mão de ser besta. Fala o que está no texto! E outra coisa, que merda é esta de noar? é NO ARRRRR e não esta frescuragem repleta de simbolismos de nôár.

- Veja bem, senhor diretor. São novos tempos. Se até hoje os bam-bam-bans não chegaram a um consenso se o nosso noir - mito é um drama, comédia ou suspense, logo, pelo menos é acordo comum que temos aqui um anti-herói, ambientação urbana e temática criminal ... logo, mais parecido impossível, logo, depois de tensão deste gentinha gentalha nas ruas, a gente encaixa um noir ... parece sexy, mas nóis desce a porrada

Marcelinho, aqui estamos falando de ar, o que você, eu e até a ameba respiram.

- Olha aqui, senhor diretor, só para lembrar que a arte exprimida pelos adeptos desta seita vermelhinha está no passado, e reforçar que titio Fulanão Milício é quem patrocina esta peça, e a tia Maluqinha é nossa fiel censurenta, e foi dela grande parte da revisionice aqui, está ligado?

Então, por que não recita Olavo Bilac, Marcelinho?

- Ora, direis, ouvir a estrelinha do inenarrável, hem diretor...(risos). Bilac era vermelho nacionalista, achava que tudo aqui era de quem nasceu aqui. Ingênuo, diretor, um inocente útil. Infelizmente ficou preso por pouco tempo, pois o Marechal Floriano era um homem de bom coração. 

Quer saber, Marcelinho? Quer saber? Fui, parti, tomei outro rumo, vou para o lado certo da história ...

- Volta diretor, volta! Não há mais lado do outro lado, diretor. Todos os lados estão só de um lado ...

É isto aí!


Quino* -  A imagem apresentada é do Quino. Nela podemos ver a luta entre as morais. O símbolo da força é representado pelo escudo do leão, enquanto a da compaixão e a da misericórdia é representado pelo escudo da família. Podemos perceber que o lutador menor como perdedor em potencial está com o escudo da família, entretanto, o lutador maior titubeia diante da figura da família alí representada por seu adversário. A charge é uma provocação de Quino, conhecido autor dos quadrinhos de Mafalda.

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