segunda-feira, 8 de junho de 2020

Transferidor 180° (Paulo Abreu)


Eu vejo as ruas
desertas nuas
pessoas com medo
de serem pessoas

Rostos assustados
mascarados
olhares perdidos
fragilizados

Celulares frágeis
compensando a loucura
em dedos ágeis
a solidão ressoa

na ordem natural 
das cores das ruas
das pernas pés sapatos
janelas carros gatos

cachorros ratos
mambembes pedintes
bêbados sóbrios
tudo enquadrado

na beleza da morte 
nos seus melhores dias
grassa a maldade
e aguça tristeza

Transferidores de graus
mudam o tempo todo
a história o destino
do ângulo dos povos 

Malditos transferidores
o tempo nas ruas não para
não acaba por sua vontade
e não termina assim.
.

É isto aí!







 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gratidão!