Este texto não é meu
Eis as 20 maiores lições que aprendemos até agora em 2020.
A principal: os genuínos defensores da liberdade são a ínfima minoria
Eis as 20 maiores lições que aprendemos até agora em 2020.
A principal: os genuínos defensores da liberdade são a ínfima minoria
O Reino da Pitangueira deseja a todos vocês que creem que é possível o impossível na pessoa de Jesus, e você em especial, que vem sempre aqui ver nossas vitrines, ler nossas crônicas, casos e publicações outras, um FELIZ NATAL.
Sabemos que 2020 não foi fácil para ninguém, mas Fé, Esperança e Caridade ajudam a amenizar. Nosso desejo é ver este mundo melhor, as pessoas amando o próximo como a si mesmas e transmitindo paz, harmonia, felicidade e senso de cidadania, com respeito e dignidade a todos os povos, raças e credos, almas, gestos, cor, e natureza.
De toda a equipe do Eu e Eu mesmo vai daqui um grande abraço!!!!!!
É isto aí!
Fonte:
http://aparicoesdavirgemmaria.blogspot.com/2018/12/o-nascimento-de-jesus-segundo-as.html
6 de Junho de 1944.
Vejo ainda o interior deste pobre refúgio rochoso, onde José e Maria encontraram o abrigo que compartilharam com animais.
Um pequeno fogo está cochichando junto com o seu guardião. Maria levanta um pouco a cabeça, e olha. Vê José com a cabeça inclinada sobre o peito, como se estivesse pensando, e ela mesma também fica pensando que o cansaço possa ter vencido a boa vontade que ele tem de ficar o tempo todo acordado. Maria sorri com um sorriso cheio de bondade e, fazendo menos barulho que uma borboleta, se põe sentada e, depois de sentada, se põe de joelhos. E reza com um sorriso feliz em seu rosto. Reza de braços abertos, não propriamente cruzados, mas quase, e com as palmas viradas para o alto e para frente, e nem parece ficar cansada naquela penosa posição. Depois, se prostra com o rosto contra o feno, em uma oração ainda mais intensa. É uma longa oração.
José desperta. Vê que o fogo está quase apagado e a gruta está ficando escura. Joga um punhado de gravetos bem finos, e a chama se ergue de novo; procura depois uns galhos mais grossos, porque o frio deve ser de gelar. É o frio da noite severa de inverno, que estar por todos os lados da gruta. O pobre José, perto da porta (chamamos assim de porta a abertura sobre a qual está estendido seu manto) deve estar se enregelando. Ele aproxima as mãos da chama, desata as sandálias, aproxima também os pés. Procura aquecer-se. E, quando o fogo já está bem vivo, sua luz firme, vira de costas. Mas agora não vê nada, nem mesmo a brancura do véu de Maria, que antes formava uma linha clara sobre o feno escuro. Põe-se de pé, lentamente, vai-se aproximando da enxerga.
- Não estás dormindo, Maria?" - ele pergunta.
Faz a mesma pergunta três vezes, até que Maria estremece, e lhe responde:
- Estou rezando.
- Não estas precisando de nada?
- Não, José.
- Procura dormir um pouco. Ou, pelo menos, descansar.
- Vou procurar. Mas rezar não me cansa.
- Até logo, Maria.
- Até logo, José.
Maria volta à sua posição. José, para não cair de novo no sono, põe-se de joelhos perto do fogo, e reza. Reza apertando as mãos sobre o rosto. Tira-as, cada vez que ele precisa ir alimentando o fogo, e depois volta à sua fervorosa oração. Com exceção do barulho da lenha que crepita no fogo e do burrinho que, de vez em quando, bate um casco no chão, não se houve mais nada. Um pouco de luar está entrando por uma fenda do teto, e parece uma lâmina de alguma prata imaterial, que se vai aproximando de Maria. A lâmina vai-se alongando, à medida que a lua vai ficando mais alta no céu e, finalmente a alcança. Agora, já está sobre a cabeça da orante, ornando-a com uma auréola de luz.
Maria levanta a cabeça, como se tivesse sido chamada por uma voz do céu e se põe de novo de joelhos. Oh! Como é belo aqui. Maria ergue de novo a cabeça que parece estar brilhando, a luz branca da lua, e um sorriso não humano a transfigura. Que é que ela estará vendo? Que estará ouvindo? Que estará experimentando? Somente Ela poderia dizer o que está vendo, ouvindo e o que experimentou na hora esplendorosa da sua Maternidade. Eu vejo apenas como, ao redor Dela, a Luz cresce, cresce, vai crescendo sempre mais. Parece descer do Céu, parece sair das pobres coisas que estão ao redor Dela, mas parece ainda mais que emanem Dela mesma, ainda mais.
Sua veste, de um azul escuro, parece agora de um suave celeste de miosótis. Suas mãos e seu rosto parecem ficar de um azul muito delicado, como os de alguém que fosse colocado sob o foco de uma imensa safira clara. Esta cor me faz lembrar, ainda mais tênue, as cores que eu vejo do Santo Paraíso, e também a cor que eu vi na visão da chegada dos Magos, uma cor que se vai difundindo por sobre as coisas todas e as vestes, e as vai purificando todas, e tornando-as resplandecentes.
A luz, que se desprende sempre mais do corpo de Maria, absorve a luz da lua, e parece que Ela atrai para si toda a luz que lhe pode vir do céu. Agora Ela já é a Depositária da Luz. É Ela que deve dar esta Luz ao mundo. E esta Luz beatífica, incontrolável, imensurável, eterna e divina, está para ser dada, e se anuncia como uma aurora, uma luz que vem crescendo, como um coro de átomos que vem aumentando, aumentando, como a maré que sobe, e sobe como a nuvem do incenso, para descer depois como uma enchente e estender-se como um véu...
O teto, cheio de fendas, teias de aranha, de entulhos que em cima se estendem para frente, e que estão em equilíbrio por um milagre de estática, esse teto que estava antes tão enegrecido, esfumaçado e repelente, está parecendo agora o teto de uma sala real. Cada uma das grandes pedras é um bloco de prata, cada fenda é como um lampejar de opalas, cada teia de aranha é um baldaquim precioso, confeccionado com prata e diamantes. Uma lagartixa grande e verde, que está dormindo em letargia entre duas pedras, parece um colar de esmeraldas esquecido lá por uma rainha. Um cacho de morcegos, também em letargia, parece um precioso lampadário de ônix. O feno que está na manjedoura de cima, já não é mais uma erva: são fios e mais fios de prata pura, que tremulam no ar com a graça de uma cabeleira solta.
A manjedoura de baixo está com sua madeira de cor escura transformada em um bloco de prata brunida. As paredes estão cobertas de um brocado no qual a alvura da seda desaparece sob o bordado opalino do relevo, e o solo.. Que é o solo agora? É como um cristal que tem acendido em si uma luz branca. As saliências são como rosas de luz projetadas em homenagem ao solo; e os próprios buracos são vasos preciosos, de onde devem emanar aromas e perfumes.
E a luz vai-se tornando cada vez mais forte. Ela já está insuportável para a nossa vista. A Virgem desaparece nela, como se estivesse sendo absorvida por um véu incandescente.. E dele surge a Mãe.
Sim, quando a luz volta a ser suportável aos meus olhos, vejo Maria já com o Filho recém-nascido nos braços. Um pequenino, todo róseo e gorducho, que agita os braços e esperneia. Tem as mãozinhas do tamanho de botões de rosa e seus pezinhos caberiam na corola de uma rosa. Ele solta vagidos em sua vozinha tremula, como um cordeirinho que acaba de nascer, abrindo a boquinha, que mais parece um moranguinho selvagem e mostrando a lingüinha que bate repetidamente contra o véu palatino. Move a cabecinha loira, que me parece quase sem cabelos, essa cabecinha redonda que a Mamãe sustenta na palma da mão, enquanto olha o menino e o adora, chorando e rindo ao mesmo tempo e se inclina para beijá-lo não em sua cabecinha, mas em seu peito, onde está batendo seu coraçãozinho, batendo por nós. É nesse coração que um dia haverá uma Ferida. E Maria, com antecipação, já medica tal ferida, com seu beijo imaculado de Mãe.
O boi, despertado pela claridade, levanta-se, fazendo um grande barulho com seus cascos, e muge, enquanto o burrinho vira a cabeça e urra. É a luz que os desperta, mas eu gosto de pensar que eles quiseram saudar o Seu Criador, por si mesmos, mas também por todos os animais.
Também José que, quase extasiado, estava rezando de um modo tão recolhido, que nem sabia dar notícia do que estava acontecendo ao redor dele, também ele volta a si da oração e, por entre os dedos das mãos, que estão unidas sobre o rosto, vê filtrar-se aquela estranha luz. Tira, então, as mãos do rosto, levanta a cabeça e se vira para trás. O boi, que agora se pôs de pé, está escondendo Maria. Mas ela diz: "José, vem cá".
José se aproxima dela. E, ao ver, pára dominado por um sentimento de reverência, e está para cair de joelhos lá mesmo no lugar em que está. Mas Maria insiste, dizendo: "Vem cá, José" e, firmando a mão esquerda sobre o feno, com a direita Ela segura apertado contra o seu coração o menino e se levanta, indo ao encontro de José, que vem caminhando à maneira de um trôpego, embaraçado por causa do contraste entre o seu desejo de andar e o temor de estar sendo irreverente. Aos pés do catre, os dois esposos se encontram e olham um para o outro num só e feliz pranto.
"Vem, vamos oferecer Jesus ao Pai", diz Maria. E, enquanto José se ajoelha, Ela se põe de pé entre dois troncos que sustentam o teto, levanta o Filho em seus braços, e diz: "Eis-me aqui, senhor. Por Ele, o Deus, eu te digo esta palavra. Eis-me aqui para fazer a tua vontade. E com Ele, eu, Maria e José, meu esposo. Eis-nos aqui, nós teus servos, senhor! Seja feita sempre por nós, em toda a hora e em todos os acontecimentos, a tua vontade, para a tua glória e pelo teu amor".Depois, Maria se inclina e diz: "Pega-o, José", e lhe oferece o Menino."Eu? E tu o entregas a mim? Oh! Não! Eu não sou digno". José está completamente apavorado, e se sente aniquilado, só diante da idéia de ter que tocar em Deus.
Mas Maria insiste com ele, sorrindo: "Tu és bem digno disso, sim. Ninguém o é mais do que tu. Por isso é que o Altíssimo te escolheu. Toma-O, José, e segura-O, enquanto eu vou buscar as roupinhas."
José, vermelho como escarlate, estende os braços e pega aquele embrulhinho de carne que está gritando de frio, e quando já está com Ele nos braços, não se deixa mais levar pela vontade de tê-lo afastado do corpo pelo respeito, mas o aperta ao coração, dizendo numa grande explosão de pranto: "Oh! Senhor! Oh! meu Deus!".
Ao inclinar-se para beijar-lhe os pezinhos, percebe que eles estão frios e, então, senta-se no chão e o põe em seu colo e, com a veste marrom e com suas mãos, procura cobri-lo, aquecê-lo e defendê-lo do vento frio da noite. Ele bem que gostaria de ir para perto do fogo, mas por lá passa aquela corrente de ar, que entra pela porta. É melhor ficar entre os animais que servem de escudo contra o ar, e que produzem calor. E, assim pensando, vai ficar entre o boi e o jumento, e se coloca com as costas para a porta, inclinando-se sobre o Recém-Nascido, fazendo do seu peito um nicho, cujas paredes laterais são: uma cabeça cinzenta com longas orelhas e um grande focinho branco, com um nariz que solta um vapor quente, e com os olhos úmidos e cheios de bondade.
Maria abriu o baú, e dele tirou linhos e cueiros. Depois foi para perto do fogo e aqueceu os paninhos. Agora Ela vai a José, envolve o Menino naqueles tecidos mornos e no seu véu para proteger-lhe a cabecinha.
"Onde vamos colocá-lo agora?", ela pergunta.
José está olhando ao redor, pensativo...
"Espera", diz ele. "Vamos afastar os animais um pouco para lá, e o feno deles também. Depois jogamos para baixo aquele feno que está lá em cima e o colocamos aqui dentro. A madeira da beirada protegerá o Menino do ar frio, o feno lhe servirá de travesseiro, e o boi com seu hálito o aquecerá um pouco. Para isso é melhor o boi. Ele é mais paciente e sossegado". E José põe mãos à obra, enquanto Maria nina o seu Menino, apertando-o ao coração, e conservando sua face sobre a cabecinha para dar-lhe mais algum calor.
José atiça o fogo, sem economizar mais a lenha, para conseguir uma boa chama, esquentar o feno, e à medida que o vai enxugando, para que não se esfrie, o vai colocando no peito. Depois, quando já apanhou o bastante para fazer um colchãozinho para o Menino, vai até à manjedoura e o põe, de modo a tomar a forma de um pequeno berço.
"Está pronto", diz ele. "Agora precisaríamos de uma coberta, para cobrir o Menino, pois o frio está forte."
"Toma o meu manto", diz Maria.
"Mas tu ficarás com frio"
"Oh! Não faz mal! O cobertor é áspero demais. O manto é macio e quente. Eu não tenho frio algum. Mas quero que Ele não sofra mais!".
José pega, então o grande manto de lã macia, de cor azul clara, e o coloca dobrado sobre o feno, com uma beirada que fica pendurada para fora da manjedoura. Assim, o primeiro leito do Salvador ficou pronto.
a Mãe, com passos cheios de graça e de doçura, o leva e lá o coloca com a beirada pendente do manto, ajeitando-o também ao redor da cabecinha descoberta que já começou a afundar-se no feno, protegida contra sua aspereza apenas pelo leve véu de Maria. Permanece descoberto somente o rostinho do tamanho do punho de um homem, e os dois, inclinados sobre a manjedoura, o ficam olhando felizes, enquanto Ele dorme o seu primeiro sono, porque o calor bom dos cueiros e do feno lhe acalmou o choro, e o doce Jesus conciliou o sono.
Maria diz:
"Eu te havia prometido que Ele te traria a paz. Estás lembrada da paz que havia em ti nos dias de Natal? De quando Me vias com o Meu Menino? Aquele era o teu tempo de paz. Agora é o teu tempo de sofrimento. Mas tu o sabes. É no sofrimento que se conquista a paz e toda graça para nós e o próximo. Jesus-Homem revelou-se Jesus-Deus, depois do tremendo sofrimento da Paixão. Revelou-se como a Paz. Paz no Céu, do qual Ele tinha vindo, derramada sobre aqueles que no mundo O amam. Mas, nas horas da paixão, Ele, a Paz do mundo, foi privado dela. Não teria sofrido, se tivesse tido a paz. Mas devia sofrer. Sofrer de modo completo.
Eu, Maria, redimi a mulher com a minha maternidade divina, Mas isso não foi mais que o início da redenção da mulher. Negando-me todo prazer de concupiscência, e merecido a graça de Deus. Isso, porém ainda não bastava. Porque o pecado de Eva era uma árvore de quatro ramos: soberba, avareza, gula e luxúria. Todos os quatro deviam ser cortados, a fim de esterilizar a árvore desde as raízes.
Humilhando-me profundamente, eu venci a soberba.
Humilhei-me diante de todos. Não estou falando da minha humildade para com Deus. Esta é devida ao Altíssimo por toda criatura. O Verbo de Deus a teve. Eu, uma Mulher, a devia ter. Mas terás já refletido por quantas humilhações da parte dos homens eu tive que passar, sem me defender de modo nenhum? Até José, que era justo, me havia acusado em seu coração. Os outros, que não eram justos, tinham pecado por murmuração a respeito do meu estado, e o barulho dessas palavras veio, como uma onda amarga, quebrar-se contra a minha natureza humana.
Foram estas as primeiras das infinitas humilhações que a minha vida, como Mãe de Jesus e do genero humano, me fizeram sofrer. Humilhações de pobreza, humilhações de uma fugitiva, humilhações pelas censuras dos parentes e amigos que, não sabendo a verdade, julgavam fraco o meu modo de ser mãe para com o meu Jesus, quando Ele se tornou jovem. Humilhações durante os três anos do seu ministério, humilhações cruéis na hora do Calvário, humilhações até em ter que reconhecer que eu não tinha com que comprar o lugar e os aromas, para a sepultura do Meu Filho.
Eu venci a avareza dos Progenitores, renunciando antecipadamente ao Meu Filho.
Uma mãe não renuncia nunca ao seu filho, a não ser que seja forçada. Se essa renúncia for solicitada ao seu coração pela Pátria, pelo amor de uma esposa, ou até pelo próprio Deus, ela sente o desejo de insurgir-se contra a separação. É natural. O filho cresce em nosso ventre, e nunca é completamente cortada a ligação que sua pessoa tem com a nossa. Mesmo depois de ter cortado o canal vital que é o cordão umbilical, sempre fica um elo espiritual, que nasce no coração da mãe, mais vivo e sensível do que o elo físico, o qual se introduz no coração do filho, esticando até à dor, se o amor de Deus, de uma criatura, da Pátria afasta o filho da própria mãe. Este elo se despedaça, dilacerando o coração, se a morte arrebata o filho de sua mãe.
Eu renunciei ao meu Filho, desde o momento em que O tive. Dei-O a Deus. Dei-O a vós. Eu me despojei do Fruto do meu ventre, para reparar o furto cometido por Eva, do fruto de Deus.
Eu venci a gula, tanto do saber como do gozar, aceitando saber unicamente o que Deus queria que eu soubesse, sem perguntar a mim mesma nem a Ele nada mais, além do que foi dito. Acreditei sem investigar. Venci a gula do gozar, porque neguei a mim mesma nem a Ele nada mais, além do que foi dito. Acreditai sem investigar. Venci a gula do gozar, porque neguei a mim mesma todo sabor de sensualidade. Pus minha carne debaixo dos meus pés. Confinei a carne, instrumento de satanás, colocando satanás debaixo do meu calcanhar, a fim de fazer da carne um degrau para aproximar-se do Céu. O Céu! Ele era a minha meta. Era lá que estava Deus. Deus, a minha única fome. Fome esta que não é gula, mas sim, necessidade abençoada por Ele, o qual quer que a tenhamos.
Eu venci a luxúria, que é a gula, convertida em voracidade, porque todo vício não contido conduz a um vício maior. A gula de Eva, além de reprovável em si mesma, a conduziu à luxúria. Não lhe bastou procurar a satisfação sozinha. Quis levar o seu delito até uma refinada intensidade, conhecendo e se fazendo mestra de luxúria para o companheiro. Eu inverti os termos e, em lugar descer, sempre subi. Em lugar de fazer descer, eu sempre atraí para o alto, e do meu companheiro, um homem honesto fiz um anjo.
Agora eu possuía Deus, e com Ele as Suas riquezas infinitas, apressei-me a despojar-me delas, dizendo: "Que seja feita a tua vontade para Ele e por Ele". Casto é aquele que se auto contém, não só na carne, mas também nos afetos e nos pensamentos. Eu devia ser a casta, para anular a impudica da carne, do coração e da mente. Não saí da minha reserva, para dizer a respeito do meu único Filho na terra e único Filho de Deus no Céu: "Ele é meu, e eu O quero".
Contudo, isso não bastava para obter para a mulher, a paz perdida por Eva. Aquela paz eu vo-la obtive aos pés da Cruz. Ao ver morrer Aquele que tu viste nascer. Ao sentir minhas entranhas sendo arrancadas, ao grito do meu Filho que estava morrendo, fiquei vazia de todo feminismo: não mais carne, mas anjo. Maria, a virgem desposada com com o Espírito, morreu naquele momento. Ficou a mãe da graça, aquela que do seu tormento gerou e vos deu a Graça. O gênero da mulher que eu tinha voltado a consagrar na noite de Natal, aos pés da Cruz conseguiu se tornar criatura dos Céus.
Fiz isso por vós, negando-me qualquer satisfação, ainda que santa. Eu fiz de vós, se o desejais, santas de Deus, vós que fostes reduzidas por Eva a fêmeas não superiores às companheiras dos animais. Por vós eu subi. Como fiz com José, eu vos levei para o alto. A rocha do Calvário é o Meu Monte das Oliveiras. Foi dali que eu tomei o impulso para levar a alma da mulher aos céus, de novo santificada, junto com minha carne glorificada, por ter trazido o Verbo de Deus, e anulado em mim todo vestígio de Eva. Ela foi a última raiz daquela árvore dos quatro ramos venenosos, com a raiz fincada na sensualidade, que arrastou a humanidade à queda e que haverá de morder as vossas entranhas, até o fim dos séculos, até a última mulher. De lá, de onde agora eu brilho no raio do Amor, eu vos chamo, e vos indico o remédio para vós vencerdes a vós mesmas: a graça do Meu Senhor e o Sangue do Meu Filho.
E tu, minha porta-voz, repousa a tua alma na luz desta aurora de Jesus, a fim de que tenhas força para futuras crucificações, que não te serão poupadas, porque te queremos aqui, para onde se vem através da dor; e para tão mais alto se vem, quanto mais se suporta o sofrimento, a fim de obter graça para o mundo.
Vai em paz. Eu estou contigo".
(Excertos do Primeiro Livro: O Evangelho como me foi revelado, onde Nosso Senhor e Maria Santíssima revelam Suas Vidas a Grande Mística Maria Valtorta, das paginas 167 a 175.)
Primeira Parte - A crise instalada no Sistema Eleitoral americano
1.1 - Roberto Mazzoni:
Roberto Mazzoni é um jornalista e tradutor que há anos vive nos Estados Unidos. O site italiano Byoblu decidiu contatá-lo para tentar ter uma ideia de como poderia desenvolver a atual situação política norte-americana. Partindo das hipóteses extremas:
Pode chegar-se à lei marcial parcial, onde as eleições são refeitas sob a supervisão dos militares. Ou: se surgirem situações de traição (um acordo com países estrangeiros para alterar o resultado), então o assunto pode ser debatido em tribunais militares.
1.2 - Sobre a Dominion
Claro, este é apenas o mais sensacional dos resultados possíveis nas controversas eleições presidenciais de 2020: aconteceria no caso de Trump ativar a Ordem Executiva preparada em 12 de Setembro de 2018 para proteger a segurança nacional, no caso de surgir uma interferência estrangeira no voto americano. Só uma mera hipótese? Talvez. Ou talvez não: questionado pelo Parlamento do Michigan (Estado em que uma perícia forense determinou margens de erro até 68% através dos sistemas eleitorais eletrônicos), o Administrador da empresa Dominion admitiu, pela primeira vez que os computadores eleitorais estavam ligados através da Internet. Isto corrobora as acusações do antigo Coronel Phil Waldron, especialista em guerra informática, de que os sistemas eletrônicos da Dominion podem facilmente ser pirateados até do estrangeiro. De acordo com Waldron, a interferência de China, Irão e outros Países teria sido registada nas eleições presidenciais de 3 de Novembro. Esta hipótese poderia transformar-se numa acusação oficial dependendo do relatório de John Ratcliffe, Diretor dos serviços secretos nacionais.
Não é assim tão estreito o caminho de Trump para ser reconduzido à Casa Branca.
1.3 - Sobre a real situação dos USA
Mazzoni dá uma imagem precisa da situação nos EUA, acompanhada de perto: uma evolução rápida, mesmo que ignorada pelos grandes meios de comunicação social:
As sondagens de opinião confirmam que os cidadãos americanos, na maioria, convenceram-se de que as eleições foram manipuladas em benefício de Biden.
O candidato democrata, além disso, está a enfraquecer dias após dia dia devido ao escândalo que se acumula em torno do filho Hunter, acusado de tráfico internacional de dinheiro com a cumplicidade da China:
São os próprios Democratas, neste momento, que estão a exigir – em muitos casos – que a família Biden seja honesta perante essas acusações.
1.4 - O Supremo Tribunal:
Não só isso: o Supremo Tribunal ainda não se pronunciou sobre os novos processos apresentados pelo advogado Sindey Powell por alegada fraude nos Swing States (termo utilizado para indicar os estados nos quais, durante uma eleição, nenhum partido ou candidato possui a maioria absoluta nas intenções de voto e, portanto, qualquer deles pode vencer), onde os resultados foram subitamente revirados de um dia para o outro em favor de Biden, após os funcionários terem suspendido a contagem dos votos para retoma-la algumas horas mais tarde.
O Supremo Tribunal também tem no seu registo a queixa de Rudolph Giuliani, que levanta acusações acerca do caso do Texas e de 17 outros Estados: os juízes tinham primeiro rejeitado a oposição do Texas, argumentando que um Estado não tinha o direito de contestar os outros Estados, mas agora a queixa (fraude extensa e decisiva, auxiliada por regras improvisadas) foi novamente apresentada com a agravante segundo a qual os Swing States teriam mudado os regulamentos eleitorais de forma arbitrária e inconstitucional, no último minutos.
1.5 - A questão parlamentar:
Depois há a questão parlamentar:
No dia 6 de Janeiro serão abertas as urnas dos Grandes Eleitores que votaram em Biden a 14 de Dezembro, mas também as dos Grandes Eleitores que votaram em Trump. A palavra, nessa altura, passaria para o Parlamento: também aconteceu em 1960, quando Richard Nixon – apareceu vitorioso em Novembro mas foi derrotado em Janeiro por Kennedy.
Entre as hipóteses, também a escolha de ter o Presidente eleito pelos parlamentares, fazendo-os votar “Estado por Estado”:
Nesse caso Trump provavelmente ganharia, dado que os republicanos controlam a maioria dos Estados.
1.6 - O complexo sistema eleitoral dos USA
O sistema eleitoral dos EUA não é tão linear como seria possível imaginar. Além de existirem regras diversificadas nos vários Estados, há também a questão dos Grande Eleitores. Estes são os delegados que compõem o colégio eleitoral e número total é 538, igual à soma dos Senadores (100, dois para cada Estado), dos Deputados (435, atribuídos proporcionalmente ao número de habitantes que vivem em cada Estado) e dos três Representantes do Distrito de Colúmbia onde se encontra a capital Washington. Para se tornar Presidente é necessário obter a maioria absoluta dos votos dos Grandes Eleitores, ou seja, 270, mas esta não é uma condição suficiente. Além do citado caso Nixon, lembramos as eleições presidenciais de 2000, nas quais o candidato democrata Al Gore obteve cerca de meio milhão de votos mais do que o candidato republicano George W. Bush; mas dada a diversa distribuição dos votos no territórios, o resultado foi que o número dos Grandes Eleitores democratas foi inferior ao obtido pelos republicanos).
1.7 - Da viabilidade dos cenários:
Segundo Mazzoni, a viabilidade destes cenários surgirá dia após dia, forçando até os meios de comunicação social a assumir o que a opinião pública já adivinhou: as eleições presidenciais de 2020 teriam sido fortemente poluídas por fraudes, possivelmente tão extensas a ponto de inverterem literalmente o resultado.
Uma fraude com a intervenção de Países estrangeiros? Esta é, de longe, a opção mais perigosa, que desencadearia um estado de emergência estabelecido por lei. O especialista em cibersegurança, o Coronel Phil Waldron, tem vindo a examinar os sistemas da Dominion nos últimos dois anos: problemas tinham surgido já nas eleições intercalares de 2018, ao ponto de estados como o Texas terem-se recusado a adoptar o Dominion. Para Waldorn, o sistema é muito fácil de penetrar a partir do exterior: “Posso provar”, disse ele, “que nas eleições presidenciais de 2020 houve acessos por parte da China, Irão e outros Países”. De acordo com o funcionário, portanto, houve interferência estrangeira.
Lembra Mazzoni:
Até anteontem, a Dominion tinha afirmado que as máquinas eleitorais não estavam ligadas à Internet, pelo que não podiam ser penetradas a partir do exterior. E em vez disso, o CEO da Dominion, John Poulos, que apareceu a 15 de Dezembro perante o Parlamento do Michigan que o interrogou sobre o assunto, confirma agora que as máquinas estão ligadas, embora por curtos períodos, através de um smartphone.
Assim, segundo Mazzoni, Poulos confirmou indiretamente o que disse Waldron: com uma ligação, mesmo que durante um punhado de minutos, é possível manipular uma eleição.
Além disso, existem provas que confirmam que os votos foram tabulados pelo sistema Dominion, e depois transferidos para um servidor no estrangeiro (diz-se que foi em Frankfurt), onde os dados eleitorais foram processados posteriormente.
1.8 - Intermezzo: Frankfurt
Pausa: vamos dar um salto atrás.
No começo de Dezembro surgiu do nada uma notícia “anômala”: a Alemanha, precisamente a cidade de Frankfurt, teria sido o cenário dum confronto sem precedentes entre forças especiais do exército americano e homens da CIA, no contexto de uma apreensão de servidores e material informático. Noutros tempos, ter-se-ia dito que nem mesmo a mais ousada das histórias de espionagem teria ido tão longe.
Em vez disso, este cenário é descrito por Thomas McInerney, que não é propriamente um Zé Ninguém. General da aviação militar, agora reformado, protagonista de uma longa carreira (incluindo o conflito no Vietnam), serviu na OTAN, foi Comandante do 11th Air Force na Alaska, do 3rd Tactical Fighter Wing, da 313th Air Division, da 3rd Air Force para depois acabar no Comando da Air Force em Washington, não antes de ter colecionado uma longa série de medalhas.
Uma vez reformado, tornou-se comentador de televisão mas continuaram as ligações às Forças Armadas: ainda em 2008 foi revelado que McInerney recebia comunicações por e-mail do Pentágono com pontos de discussão que deveria utilizar para defender a Administração Bush nas suas aparições televisivas. E, segundo ele, teriam sido as suas “fontes” a revelar-lhe que homens das forças especiais do exército americano, provavelmente pertencentes ao corpo especial da Delta Force, realizariam uma rusga num grupo de servidores geridos pela CIA em Frankfurt.
O meu entendimento é que não passou sem incidentes. Houve soldados americanos que morreram na operação.
Outras fontes escreveram que cinco soldados morreram no combate, bem como um paramilitar da CIA. Depois disso, sempre de acordo com o testemunho de McInerney, o exame dos servidores teria revelado vestígios de intrusão estrangeira.
Problema: apesar de haver outras “vozes” acerca do incidente de Frankfurt, aquela do antigo General é a única pormenorizada. Mas dá para confiar num homem que nas suas intervenções públicas enquanto civil utilizava o guião escondido do Pentágono? E nem podemos esquecer que McInerney não pode ser definido como uma pessoa desinteressada: no passado mês de Setembro, foi um dos 235 Generais e Almirantes reformados que apoiaram a reeleição do Presidente Trump.
Pelo que, por falta de ulteriores evidências, a “Batalha de Frankfurt” deve ser considerada com uma dose de razoável dúvida.
Segunda parte: Biden? Um fantoche. O verdadeiro novo Presidente tem saia (e o apoio de Wall Street).
2.1 - O Software
Waldron também descreveu outras funções do software, que permitem o acesso ao servidor a partir do exterior de forma invisível, ou pelo menos não controlável pelo administrador oficial, e através do servidor também permitem o acesso a máquinas individuais de recolha de votos locais.
Para um hacker, a Dominion é como o Pai Noel: todas as portas estão abertas, é possível manipular a informação remotamente. Veremos se agora as agências de inteligência confirmam oficialmente a análise de Waldron, incluindo a inteligência militar.
2.2 - Interferência estrangeira
O Diretor-geral das 16 agências de inteligência dos EUA, John Ratcliffe, já antecipou ter “visto” a interferência estrangeira. Os relatórios da inteligência, neste aspecto, serão provavelmente atrasados em comparação com o prazo inicialmente previsto (18 de Dezembro, hoje):
Mas já estamos na rampa de lançamento da ordem executiva, que tem a ver com a segurança nacional: a conversa já não se limita apenas a saber se um partido teria feito batota, fazendo votar até pessoas mortas e pessoas inexistentes ou contando até 8 vezes os mesmos boletins de voto.
A questão aqui é perceber se um País estrangeiro, de forma premeditada e demonstrável, interferiu realmente com as eleições. Interveio no sistema e alterou os resultados? Já em si a possibilidade de acesso ao sistema constitui um risco.
É evidente, acrescenta Mazzoni, que uma tal decisão (a ordem executiva) desencadearia fortes reações:
Por isso, é necessário tomar primeiro todas as medidas possíveis, legais e políticas, para resolver a questão de outra forma.
2.3 - O que pensa a população?
Por outro lado, Mazzoni continua na análise, Trump parece totalmente determinado a não baixar os braços:
Numa altura em que as sondagens dizem que mais de metade da população está convencida de que se tratou de eleições falsas, ninguém nos garante que a próxima não será igual. De facto, se esta foi assim, o próxima poderia ser ainda pior: é portanto necessário reafirmar a credibilidade do sistema democrático nos EUA, e também reafirmar a eficácia do mesmo sistema judicial.
2.4 - A posição do judiciário
Até agora, os vários juízes não fizeram outra coisa senão dizer “não é a minha jurisdição”, “é demasiado tarde”, ou seja, evitaram pronunciar-se sobre o mérito, sobre qualquer fraude. Para Mazzoni “é necessário reconstruir a confiança nas instituições, no tecido democrático do país, dado que mais de metade da população está convencida de ter sido enganada”.
2.5 - Quanto a Joe Biden:
Ninguém acredita que ele irá governar, mesmo que se tornasse Presidente: sabemos que Kamala Harris iria decidir, tal como Dick Cheney governou quando George W. Bush era Presidente.
As investigações que irromperam a casa Biden (lavagem de dinheiro, com a cumplicidade da China) colocam Joe Biden numa situação de grande embaraço. As reportagens da imprensa sobre Hunter Biden, o filho, até podem ter sido uma auto-rede. Podem ter feito parte do plano inicial para desacreditar Biden e abrir as portas da Casa Branca a Kamala Harris, a candidata de Barack Obama apoiada por Wall Street, mas a operação pode ter corrido mal por uma questão de tempos: teriam desistido demasiado cedo, achando Trump politicamente morto.
Mas não é de forma alguma uma conclusão inevitável que Biden será certificado como vencedor. O caminho para Trump não é tão estreito como os grandes meios de comunicação tendem a retratar.
2.6 - Kamala Harris
Se, por outro lado, Biden fosse eleito, “após algum tempo Kamala Harris assumiria oficialmente o cargo, tornando-se presidente, com Nancy Pelosi como Vice-Presidente”. Mazzoni, no entanto, mostra-se perplexo com esta possibilidade: as ações de Trump estariam em contínuo crescimento:
2.7 - O Partido Republicano
No Partido Republicano, uma parte cada vez maior de expoentes está do lado do Trump, incluindo políticos que não estavam inicialmente alinhados com o Presidente: estão a compactar-se, na convicção de que podem alcançar a vitória.
2.8 - O caso Zuckenberg
Entretanto, acrescenta Mazzoni, surgiu o caso Zuckenberg: o fundador do Facebook gastou 500 milhões de Dólares para criar uma infra-estrutura eleitoral paralela à dos Estados Unidos:
Clamoroso, significa que as eleições são “privatizadas” e, além disso, utilizam dinheiro ilegal pois isento de impostos, uma vez que Zuckerberg o retirou do orçamento para as doações de caridade.
Basicamente, Facebook alegadamente forçou os funcionários eleitorais a seguir as suas regras nos Swing States, onde as regras eleitorais já tinham sido alteradas sob o disfarce da Covid. Um espetáculo que, no Pentágono, deve ter sido avaliado como muito pouco edificante:
Estamos, portanto, perante uma situação em que uma boa parte das forças armadas está alinhada com Trump, apesar de quererem evitar ao máximo a intervenção dos militares.
Considerações finais (Informação Incorrecta)
Pensamentos finais
Roberto Mazzoni será um ótimo jornalista mas não considera um ponto: Trump é basicamente um empreendedor, sempre foi. Temos a certeza de que o seu único interesse seja o Triunfo da Verdade?
Vamos formular uma hipótese alternativa. Perdidas as eleições (com fraude, isso parece claro), Trump tem duas possibilidades:
A primeira é esperar que as investigações concluam os trabalhos. E esta é uma incógnita porque a coisa pode demorar meses: é óbvio que os Democratas farão tudo e até mais para pôr Biden-Kamala na Casa Branca. Se for verdade que pediram a ajuda externa, qual o problema em eventualmente “lubrificar” a máquina da Justiça interna para que tudo acabe da forma melhor?
A segunda é acelerar o processo e, à primeira ocasião, pôr em marcha a Ordem Executiva, apelar-se aos tribunais militares… o caos.
Mas pode haver uma outra possibilidade também, aquela que não me admiraria ver realizada. E soa mais ou menos assim:
Trump estica a corda até obrigar os Democratas a apresentar uma oferta… que não se pode recusar: ao tratar com um empreendedor, temas de discussão não faltam e de certeza pode ser encontrada uma sólida moeda de troca.
Todos ganham: beijos, abraços, felicidade e os que Estados Unidos voltam a ser “o farol da Democracia”.
Os norte-americanos chamam isso de business as usual, algo como “as coisas do costume”.
Não sei, realmente, se o Reino da Pitangueira conseguirá resistir a este próximo ano, prenunciando ser tão ou mais grave que o atual. Freud tinha um aforismo que dizia: "Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, se convence que os mortais não podem ocultar nenhum segredo. Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos: nós nos traímos por todos os poros."
Hoje, numa releitura Matriz, sugerida pelos cátedras da Escola de Analistas do Reino da Pitangueira, acrescenta a Matrix sem alterar o contexto:
"Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, e rede para se comunicar, se convence que os mortais não podem ocultar nenhum segredo. Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos no teclado digital ou analógico: nós nos traímos por todos os poros."
Noel Rosa, o Noel da Vila Isabel, o gênio do samba, afirmou em 1933, no samba-canção "Não tem tradução": "Tudo aquilo que o malandro pronuncia com voz macia é brasileiro, já passou de português"
Noel propôs uma revolução cultural, sugerindo ao povo distanciar a língua falada no becos, guetos, favelas, morros e zona norte do linguajar estrangeiro e caracterizá-la como uma língua brasileira, a identidade nacional. Isto faria deste país uma grande nação, afinal somos falantes e viventes de uma língua brasileira.
Mas isto tudo foi antes do fenômeno irreversível da comunicação pela rede mundial. É uma terra com dono oculto, com regras e legislação própria e com rigor no cumprimento delas. Mas olhando assim, sempre parece que é tudo numa boa, que estamos sozinhos diante da tela, ou ecrã como dizem o patrícios, podendo ser e fazer o que bem entendermos.
E em 2021 vai ser mais apertado. Há sinais aqui e ali que indicam e/ou sugerem isto.
Voltando ao velho e bom Sigmund Freud, que parece estar falando da rede mundial, mas descrevia o Inconsciente, quando afirmava que a maior parte da vida psíquica se desenrola sem que tenhamos acesso a ela. Ali se encontram principalmente ideias reprimidas que aparecem disfarçadas nos sonhos e nos sintomas neuróticos.
Hoje esta parte psíquica está terceirizada, quer você queira ou não, quer acesse a rede ou não, seu nome e todos os seus dados, fotos, acessos, opção política, sexual, social etc., estão lá para serem apreciados por quem de direito na ocasião necessária.
Cuide-se em 21, e para encerrar, uma máxima de Freud:
"Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro."
É isto aí!
— Este Natal anda muito perigoso — concluiu João Brandão, ao ver dois PM travarem pelos braços o robusto Papai Noel, que tentava fugir, e o conduzirem a trancos e barrancos para o Distrito. Se até Papai Noel é considerado fora-da-lei, que não acontecerá com a gente?
Logo lhe explicaram que aquele era um falso velhinho, conspurcador das vestes amáveis. Em vez de dar presentes, tomava-os das lojas onde a multidão se comprime, e os vendedores, afobados com a clientela, não podem prestar atenção a tais manobras. Fora apanhado em flagrante, ao furtar um rádio transistor, e teria de despir a fantasia.
— De qualquer maneira, este Natal é fogo — voltou a ponderar Brandão, pois se os ladrões se disfarçam em Papai Noel, que garantia tem a gente diante de um bispo, de um almirante, de um astronauta? Pode ser de verdade, pode ser de mentira; acabou-se a confiança no próximo.
De resto, é isso mesmo que o jornal recomenda: "Nesta época do Natal, o melhor é desconfiar sempre". Talvez do próprio Menino Jesus, que, na sua inocência cerâmica, se for de tamanho natural, poderá esconder não sei que mecanismo pérfido, pronto a subtrair tua carteira ou teu anel, na hora em que te curvares sobre o presépio para beijar o divino infante.
O gerente de uma loja de brinquedos queixou-se a João que o movimento está fraco, menos por falta de dinheiro que por medo de punguistas e vigaristas. Alertados pela imprensa, os cautelosos preferem não se arriscar a duas eventualidades: serem furtados ou serem suspeitados como afanadores, pois o vendedor precisa desconfiar do comprador: se ele, por exemplo, já traz um pacote, toda cautela é pouca. Vai ver, o pacote tem fundo falso, e destina-se a recolher objetos ao alcance da mão rápida.
O punguista é a delicadeza em pessoa, adverte-nos a polícia. Assim, temos de desconfiar de todo desconhecido que se mostre cortês; se ele levar a requintes sua gentileza, o melhor é chamar o Cosme e depois verificar, na delegacia, se se trata de embaixador aposentado, da era de Ataulfo de Paiva e D. Laurinda Santos Lobo, ou de reles lalau.
Triste é desconfiar da saborosa moça que deseja experimentar um vestido, experimenta, e sai com ele sem pagar, deixando o antigo, ou nem esse. Acontece — informa um detetive, que nos inocula a suspeita prévia em desfavor de todas as moças agradáveis do Rio de Janeiro. O Natal de pé atrás, que nos ensina o desamor.
E mais. Não aceite o oferecimento do sujeito sentado no ônibus, que pretende guardar sobre os joelhos o seu embrulho.
Quem use botas, seja ou não Papai Noel, olho nele: é esconderijo de objetos surrupiados. Sua carteira, meu caro senhor, deve ser presa a um alfinete de fralda, no bolso mais íntimo do paletó; e se, ainda assim, sentir-se ameaçado pelo vizinho de olhar suspeito, cerre o bolso com fita durex e passe uma tela de arame fino e eletrificado em redor do peito. Enterrar o dinheiro no fundo do quintal não adianta, primeiro porque não há quintal, e, se houvesse, dos terraços dos edifícios em redor, munidos de binóculos, ladrões implacáveis sorririam da pobre astúcia.
Eis os conselhos que nos dão pelo Natal, para que o atravessemos a salvo. Francamente, o melhor seria suprimir o Natal e, com ele, os especialistas em furto natalino. Ou — idéia de João Brandão, o sempre inventivo — comemorá-lo em épocas incertas, sem aviso prévio, no maior silêncio, em grupos pequenos de parentes, amigos e amores, unidos na paz e na confiança de Deus.
(14-12-1966)
--------------------
Texto extraído do livro "Caminhos de João Brandão", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1970, pág. 84.
Fonte da imagem: stickeramoi.com
Acordou diferente. Olhou para o teto, não era o mesmo. Olhou para o lado, vazio. Olhou pela janela e viu uma linda mulher fazendo exercícios solo com um personal trainer, olhou novamente para o quarto, nada ali era conhecido. Fechou os olhos, talvez fosse necessário dormir mais um pouco e acordar daquele sonho estranho.
Cerca de trinta minutos se passaram. Acordou sob a coberta e já pulou da cama para conferir em pé se o sonho já acabara. Estava num leito de trem em movimento. Na estação, a mesma linda morena sorria, fazendo sinal para saltar e se aproximar, enquanto fazia exercícios orientada pelo personal trainer. Entre o desejo e a dúvida, optou pela duvida, pulou na sua cama, cobriu-se e dormiu novamente.
Acordou com enjoo, sentindo um movimento ondular. Custou a ficar em pé. Olhou pela janela e estava em alto mar. Meu Deus, pensou, que loucura é esta? Segurando o vômito, saiu da cabine e chegou ao deck do barco, com vômito e confuso. A morena abriu os braços, chamando para um abraço, enquanto fazia exercício com um personal trainer.
No desespero se atirou ao mar e nadou até uma praia não muito distante. Deitou na areia e desacordou. Voltou à consciência com a cabeça no colo da mesma morena, naquela ilha paradisíaca do Taiti. Resolveu não acordar mais. Era o sonho da sua vida, ela ali, dançando e sorrindo só para ele, até que o personal trainer apitou para começarem uma nova série de exercícios.
Voltou a si, letargicamente, no sofá da sua casa, sozinho com sua garrafa vazia de vinho, e a TV ligada em alguma coisa. Custou a entender onde estava, a cabeça parecia explodir, o corpo dolorido. Nisto ouviu um apito, pensou que era o raio do personal trainer, pegou uma barra de ferro que segurava a janela e jogou na televisão onde passava um jogo de futebol.
Sentiu-se aliviado. Fez o que tinha que ser feito, calou o idiota. Aquilo não era ciúme, era um ato em legítima defesa da honra idílica e das experiências oníricas. Foi tomar um banho, se arrumou e sentou para assistir a TV, que não sofreu nenhuma agressão no mundo real, mas sua moral e seu nome estavam salvos no campo do desejo e dos sonhos ...
É isto aí!