quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Almas Gêmeas.



Alto lá
Este texto não é meu
Confesso que copiei e colei
Fonte: Arquivos da Grécia Antiga


Diz-se que no início dos tempos, quando os humanos foram criados, eles tinham uma forma diferente da que têm hoje. Ambos eram homens e mulheres, tinham quatro braços, quatro pernas e uma única cabeça composta por duas faces.

Em “O Simpósio”, Platão faz com que Aristófanes, um famoso escritor de teatro e comédia grego, conte a história das Almas Gêmeas.

Como Platão coloca:

“De acordo com a mitologia grega, os humanos foram originalmente criados com quatro braços, quatro pernas e uma cabeça com duas faces. Temendo seu poder, Zeus os dividiu em duas partes distintas, condenando-os a passar suas vidas em busca de suas outras metades. ”

Antes de descobrirmos o que os deuses temiam neles, vamos descrever um pouco mais sua natureza. Havia três gêneros na natureza: Homem, Mulher e o “Andrógino”, que literalmente significa homem-mulher em grego. Cada gênero tinha dois conjuntos de genitais, com o andrógino tendo tanto o sexo masculino quanto o feminino. O gênero dos humanos tem a ver com sua origem; os Homens eram filhos do Sol e as Mulheres eram filhos da Terra. Andorgynous, entretanto, eram filhos da Lua, nascidos da fusão do Sol e da Terra.

E houve um tempo em que os humanos eram criaturas muito poderosas, destemidas e fortes, e até ousavam ameaçar os deuses. Eles ameaçaram conquistá-los e governar em seu lugar, tornando-se os novos deuses. Então os Deuses tiveram que responder e contemplar como enfrentar a ameaça dos humanos e o que precisava ser feito para que o equilíbrio e a harmonia fossem restaurados mais uma vez. Eles pensaram em destruir completamente os humanos, enfrentá-los em uma batalha e matá-los com um raio, como fizeram com os Titãs. Mas se os humanos não existissem mais, também não haveria mais tributos aos Deuses da parte dos humanos, um pensamento que os Deuses não gostavam de forma alguma.

Então Zeus encontrou outra solução. Eles dividiriam os humanos ao meio e os puniriam por seu orgulho e arrogância. Além da dor que os causaria, eles também dobrariam a população de humanos, dobrando assim os tributos que deveriam ser feitos a eles pelos humanos. E assim fizeram e os humanos em todos os lugares se dividiram em dois. Essas novas criaturas estavam vivendo em completa miséria, encharcadas de dor e tristeza. Eles estavam tão tristes que não comeriam ou beberiam por dias, sem se importar se morressem.

Apolo, Deus da música, da verdade e da profecia, da cura e da luz, não suportava vê-los assim, então para amenizar suas dores, ele os costurou, reconstituiu suas formas corporais e apenas deixou o umbigo como único lembrete de sua origem. Formato. Assim, os humanos passaram de criaturas de dupla face e duplo sexo com oito membros, para criaturas de face única de um único sexo, com dois braços e duas pernas. E eles sempre ansiaram por sua alma e outra metade física. Sua natureza física sentiria um desejo ardente de ser completada com a natureza física do outro sexo, e sua alma ansiava que a outra metade de sua alma fosse completa, sua alma gêmea. E de acordo com o mito, quando essas duas metades se encontrarem, haverá uma compreensão silenciosa uma da outra, elas se sentirão unidas e existirão uma com a outra em uníssono e não conhecerão alegria maior do que essa.

Em tempos muito posteriores, a noção de que Deus criou almas andróginas, almas que são tanto homem quanto mulher, ainda existe na Teosofia. Outras teorias afirmam que as almas separadas nos dois gêneros podem ser devido ao carma incorrido de sua existência na Terra, ou devido à sua “separação de Deus”. Acredita-se em alguns gêneros da Teosofia que cada metade da alma busca a outra ao longo de muitas reencarnações neste mundo. Quando suas dívidas cármicas forem pagas e eles forem liberados, as duas metades se fundirão novamente em união e retornarão ao Último.

Se a história da alma gêmea é puramente um mito ou se há alguma verdade nela, podemos nunca saber. Porém, os sortudos que encontraram sua alma gêmea, ou dupla chama, parceira na vida, todos eles descrevem o sentimento de maneira semelhante: “Ele era o estranho que eu reconheci. Ela imediatamente se sentiu em casa para mim. Era como se nos conhecêssemos há anos. Parecia que pertencíamos um ao outro. ” Portanto, que todos possamos trilhar sem medo este caminho corajoso de encontrar Aquele para nós, Aquele que Somos nós. E que nunca cedamos em nossa busca pelo verdadeiro amor. E a Busca será desafiadora, com amor que não é puro disfarçando-se de Amor Verdadeiro, com a gente perdendo a fé e talvez nos conformando com algo menos enquanto nos convencemos de que o Amor Verdadeiro é uma fantasia. Em um mundo assustador, cheio de barulho e desorientação, que nossos corações sejam fortes e nossa vontade inflexível. Pois se não, somos nós que pagaremos o preço, uma vida não realizada, uma felicidade não encontrada, um lar nunca sentido. Pois o lar não é um lugar. É um sentimento.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

The Road Not Taken (Robert Frost)



 A estrada não trilhada - Robert Frost

Tradução: Renato Suttana.  

Num bosque, em pleno outono, a estrada bifurcou-se,
mas, sendo um só, só um caminho eu tomaria.
Assim, por longo tempo eu ali me detive,
e um deles observei até um longe declive
no qual, dobrando, desaparecia…

Porém tomei o outro, igualmente viável,
e tendo mesmo um atrativo especial,
pois mais ramos possuía e talvez mais capim,
embora, quanto a isso, o caminhar, no fim,
os tivesse marcado por igual.

E ambos, nessa manhã, jaziam recobertos
de folhas que nenhum pisar enegrecera.
O primeiro deixei, oh, para um outro dia!
E, intuindo que um caminho outro caminho gera,
duvidei se algum dia eu voltaria.

Isto eu hei de contar mais tarde, num suspiro,
nalgum tempo ou lugar desta jornada extensa:
a estrada divergiu naquele bosque – e eu
segui pela que mais ínvia* me pareceu,
e foi o que fez toda a diferença.


*Explicando a língua portuguesa:: Ínvia - passagem de difícil acesso, passagem intransitável, impenetrável, inacessível. (segui pela passagem que me pareceu ser a de mais difícil acesso)


The Road Not Taken (by Robert Frost)

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I –
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Nos encontraremos novamente


A dor do próximo está cada vez mais distante das políticas públicas em todas as esferas. Fico impressionado com o fato de vizinhos e parentes muitas vezes não perceberem nada ou serem completamente indiferentes quando uma pessoa desaparece. Há cada vez mais pessoas que desaparecem da nossa sociedade – sem que ninguém se interesse. Elas não recebem nenhuma atenção dos outros, e não apenas na morte, mas também em vida

Angústia, tristeza, enfermidade, velhice, depressão, endividamento e empobrecimento eram até então os isolantes sociais. Agora temos a modalidade viral letal, que só vem a acrescentar mais infortúnio à vida. E falando de modalidade viral letal, episódios isolados, parecidos com os que você conhece, recolhidos aqui e ali:

Dinha se preparou para o Carnaval desde a Quarta-Feira de Cinzas do ano anterior. Fez fantasia para o Sábado e segunda e outra mais sofisticada para o Domingo e terça. Comprou o Abadá para a véspera, na sexta e na despedida na quarta-feira de cinzas. Só não contava com a novidade contagiante do ano que se arrastou feito mato no meio da grama.

Cardosinho agendou as férias com um ano de antecedência. Comprou o pacote dos sonhos na agência de turismo. Esposa e crianças falaram sobre o tema meses a fio. Estudaram locais de visitação, costumes regionais, alimentação, onde comprar, o que ver, o que visitar, etc. Cardosinho ficou a ver navios parados no porto.

Delicinha sonhou com o encontro com seu grande amor, se preparou, se benzeu, se arrumou, se compôs, se refez, se benzeu, se encantou consigo mesma, só não contava com o seu grande amor receber a visita viral antes na véspera do enlace. Delicinha sentiu uma enorme pontada no peito.

Quinca Lòpez nunca acreditou nisto - era uma gripezinha, dizia aqui e ali, nas filas, nas festas, nos eventos, na feira, no banco, na intimidade do lar matriz e na intimidade do lar filial. Encontrou-se finalmente com sua parte viral, passou por semanas ruins, entubado, indo e vindo do Além. Quinca Lòpez saiu deste episódio convencido que os médicos exageraram e foi a medalhinha do seu clube do coração que o salvara, pois prometeu viver para vê-lo ser campeão.

Amelinha nunca ouviu falar nisto ou disto. Nem por isso deixou de comparecer nas obrigações do corpo e da alma. Amelinha foi enterrada sem cerimônias, numa tarde chuvosa de quinta-feira, anônima, sem alardes, sem estar nas estatísticas sem nada a não ser a fé de que nos encontraremos novamente.

É isto aí!

*Foto - sepultura do Cemitério Guayaquil / Equador

 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Tradições coloniais

Dom João VI*

Dia destes subi o Monte da Colina do Bom Senso e mirei o Putoscópio no passado. Regulei as lentes nano-cromáticas até 1815, e fui por rumo celestial buscando a bela cidade maravilhosa do Rio de Janeiro. Pude ver Dom João VI, cognominado O Clemente, assinando o decreto que criava o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (que coisa linda, pois pois). Com isso, o Brasil deixou de ser colônia e foi elevado à categoria de reino.

Reino meia bomba, digamos assim, era mas não era. Embora não tivesse se tornado um país independente, passava a ter condição de - hummmmm - de similitudes, digamos assim, com a antiga metrópole do reino. Caboclos neo-corteses arriscariam dizer que aquilo era mais uma parecença, ou seja, uma coisa com aparência semelhante, só isto e ponto.

Essa medida, atendendo aos quase exclusivos interesses ingleses, foi necessária para que Portugal pudesse participar do Congresso de Viena, na Áustria. Tudo por que, ora pois pois, curiosamente foi incluída uma cláusula que exigia que só podiam participar dele (do congresso) governos que estivessem instalados em seu próprio território. E o governo de Portugal, ora pois pois, desde 1808 estava instalado no Brasil, que era sua colônia, ó pá! 

Assim foi a criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e a questão se resolveu sem mais querelas ou queixumes do Trás-os-Montes, passando pelo Tejo até o Algarve.

Como vê, nada foi como sugere aos olhos que lavam os fatos à jato para debaixo do tapete a história e contam versões sedutoras. Os principais objetivos do Congresso de Viena, iniciado no final de 1814, eram restaurar o poder das monarquias europeias e redefinir as fronteiras da Europa, alteradas pelas guerras napoleônicas. Só isso, nada mais.

*Quadro - Dom João VI
  Obra de Albertus Jacob Frans Gregorius
  Pintor belga (1774-1853)



O que ele disse, desdisse e redisse


O Blog ao Pé da Pitangueira não publica o material, mas convida você a ler na íntegra, direto da fonte, o que o poder executivo do governo federal disse, desdisse e redisse sobre a grave pandemia que mata indiscriminadamente a mesma população que jurou proteger:

Da gripezinha aos duzentos mil mortos 

Jornal Estado de Minas

Coluna de Humberto Martins / Roger Dias

Publicada em 07/01/2021  e  atualizada em  01/02/2021 




quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Tudo é real e expressivo, porém efêmero e passa. (Marjorie Dawe)



Alto lá
Este poema não é meu
Confesso que copiei e colei
Fonte: Locuções (Youtube)

A Paz é a única garantia 
de se ter a felicidade verdadeira 
Fruto da confiança em Deus Pai; 
da abnegação à Sua Vontade, 
reconhecendo os seus limites. 

Saberá caminhar por entre escombros, 
tragédias e destruição, 
ciente de que caminha 
rumo às Coisas do Céu, 
do lado oposto a que seguem as multidões. 

Buscar esse estágio de Paz 
é centrar-se no que o impulsiona rumo a Deus. 
Olhar confiante Naquele que o atrai, 
sem se importar com a destruição 
que vai ficando para trás.

Tempos virão bem mais difíceis. 
Se não se acostumar 
a passar por cima das dificuldades, 
o pânico pode paralisar você 
de medo e angústia. 

Fatos adversos ao esperado 
são exercícios 
para um condicionamento Espiritual 
Tudo é real e expressivo, 
porém efêmero e passa. 

O olhar deve estar sempre 
distante das emoções. 
Fatos tristes ou que magoam, 
são as imperfeições do mundo terreno 
que cessarão com ele.

Portanto, transpor etapas difíceis 
com um olhar que vê além 
é o que se chama Paz, 
pois o que enxerga adiante 
é o Nosso grande Amor por ti.



Nunca é muita coisa (Paulo Abreu)



Nunca mais dançamos
aquela música que tocava
na cabeça quando surgia
você na minha vida

Nunca mentimos tanto
no entanto fingimos bem
Não cá dentro de mim
mas neste espaço entre nós

Nunca choramos juntos
no entanto saímos feridos
Nesta história, tristes,
das aventuras sem par.

Nunca é tempo de pranto
melhor deve ser menino
ou apelar a todos os santos
para romper esta saudade

Nunca é muita coisa
não sei mais o que pensar
Nunca mais você nunca sai
da carne, da alma, do destino.

É isto aí!

 


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Anda a estragar-me os planos (Salvador Sobral)



Alto lá!
Este poema não é meu
Confesso que copiei e colei
Autor: Salvador Sobral  - poeta, compositor e músico português


Ah faltam-me as saudades e os ciúmes
Já tenho a minha conta de serões serenos
Quero é ir dançar

Sei por onde vou
É o melhor caminho
Não deixo nada ao acaso
Por favor, anda trocar-me o passo

Tenho uma rotina
Pra todos os dias
Há de durar muitos anos
Por favor, anda estragar-me os planos

Tira os livros da ordem certa
Deixa a janela do quarto aberta
Faz-me esquecer que amanhã vou trabalhar

Ah, faltam-me as saudades e os ciúmes
Já, tenho a minha conta de serões serenos
Quero ir dançar

Ah, faltam-me as saudades e os ciúmes
Já, tenho a minha conta de serões serenos
Tardes tontas, manhãs mecânicas
Eu quero é ir dançar


Música Anda estragar-me os planos
Artista Salvador Sobral
Álbum Paris, Lisboa
Licenciado para o YouTube por
WMG, Thumb Media Music (em nome de Edições Valentim de Carvalho) e 1 associações de direitos musicais



terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Só nós dois (Tim Bernardes)


Grande amor da minha vida
Nunca se sinta sozinha
Meu amor, eu te prometo
A cada momento te fazer feliz
Meu amor eu agradeço
Para sempre o dia que eu te conheci

Quando à noite fizer frio
Nossa cama é nosso ninho
As conversas, as risadas
Pelas madrugadas nunca vão ter fim
Nos teus braços, meus abraços
Beijos demorados antes de dormir

Só nós dois
Só nós dois
Pra sempre eu quero estar
Ao seu lado, amor

Nunca em toda minha vida
Sonhei nada parecido
Ninguém te imaginaria
Ninguém sonharia alguém como você
Se hoje a realidade 
é bem maior que o sonho
Eu já sei por quê

Minha grande companheira
Quero a nossa vida inteira
Cada parte do caminho
Cada desafio junto com você
Saiba sempre que eu te amo
É lindo, é tão gigante
O que a gente tem

Só nós dois
Só nós dois
Pra sempre eu quero estar
Ao seu lado, amor
Ao seu lado, amor

Fonte Youtube: Tim Bernarde - Só Nós Dois  
Produção:  Zoe Films com curadoria da Casa Natura Musical.
MINIDocs® 2020 todos os direitos reservados.






Se um dia você for processado (Dr. Bruno Salles Ribeiro)

Cena filme O Processo / 1962


Alto lá
Este texto não é meu
Confesso que copiei e colei
Autor: Dr. Bruno Salles Ribeiro / Mestre em Direito pela USP e sócio de Cavalcanti, Sion e Salles Advogados.
Fonte: UOL/Migalhas

Se um dia você for processado, espero que lhe sejam asseguradas todas as garantias constitucionais e processuais. Não importa se você seja processado no âmbito cível, trabalhista, administrativo, regulatório ou criminal. Eu espero que a você seja assegurada a presunção de inocência. Espero que lhe garantam o devido processo legal, que você possa produzir todas as provas que entenda cabíveis para sua defesa, que possa arguir quaisquer irregularidades e nulidades, que possa ser ouvido - seja por si próprio, seja por meio de seu advogado - e que, acima de tudo, possa ser julgado por um juiz equidistante, imparcial e isento.

Se um dia você for processado, espero, sinceramente, que não lhe chamem por apelidos pejorativos pelas autoridades públicas, cujas funções constitucionais lhes exigem decoro e pudor. Independentemente da acusação que penda sobre você, espero que não seja objeto de pilhéria e de galhofa. Nem você, nem sua família. Espero que não façam gozação com seu modo de falar, com quaisquer defeitos físicos que você tenha. Que não sujeitem seus entes queridos à humilhação pelo seu jeito de se vestir.

Se um dia você for processado, espero que seu advogado seja ouvido em todos os atos do processo. Que nenhuma decisão do processo seja tomada por confabulação particular de sua contraparte com as autoridades jurisdicionais. Espero que cada um dos argumentos de sua defesa técnica seja levado em conta e não seja reduzido à mera encenação. Pois só assim, se pode exercer, efetivamente, o direito à ampla defesa e ao contraditório.

Se um dia você for processado, espero que em um dos vértices da pirâmide que forma a relação processual exista um juiz. E para que se possa chamar essa parte de juiz, é necessário que esse vértice seja equidistante de você e de seu contendor. É também necessário que se mantenha inerte, que não procure atuar se não mediante provocação das partes. Que em hipótese alguma procure fabricar provas contra você, ofício que caberia tão somente ao seu adversário na relação processual. Espero que esse ator não lhe veja como um inimigo, não tenha preferencias ou desejos sobre seu destino e sobre o destino de seu processo. Que seja imparcial e, só assim sendo, possa ser chamado de juiz.

Se um dia você for processado, espero que a opinião pública não contamine seu processo. Espero que o julgamento seja guiado pelas provas produzidas sob o crivo do contraditório e nada mais. Espero que paixões, convicções e ideologias fiquem restritas, o quanto é possível, ao íntimo do pensamento de cada uma das autoridades envolvidas em sua lide.

Se um dia você for processado, espero que jamais tentem se produzir provas artificialmente. Espero que não se tente manipular a realidade para que ela se vergue à narrativa episódica desejada por seus contendores. Espero que não pressionem testemunhas de qualquer forma, que não coloquem suas palavras em torniquete até que elas soem como se deseja, ainda que em sacrifício da realidade.

Se um dia você for processado, espero que seu processo seja tratado como qualquer outro. Que não seja mais lento ou mais rápido, mais sigiloso ou menos sigiloso, mais genérico ou mais detalhado, mais quente ou mais frio. Que seu processo não seja guiado por quaisquer conveniências, particulares ou públicas, políticas ou religiosas, vis ou virtuosas. Que as únicas guias de seu processo sejam a Constituição da República e as leis regularmente editadas por nosso parlamento.

E se um dia você for processado e vier à tona que um ou outro desejo, entre os ora manifestados, foi frustrado, espero que você possa recorrer a Tribunais, que desejo que sejam, quanto maior sua hierarquia, mais isentos. Mais isentos e mais ciosos de sua obrigação de assegurar cada uma das garantias fundamentais delineadas nesse pequeno opúsculo de esperanças. Que eles compreendam que assegurar cada uma e todas essas garantias, não importa quão miserável seja o acusado ou quão magnânimas sejam as autoridades, é uma necessidade inexorável ao próprio sistema de justiça. Ao próprio Estado de Direito.

Mas se um dia você for processado, não podemos garantir que todos esses desejos sejam realizados. Mas podemos garantir que sempre poderá contar com um advogado lutando por eles até o último recurso. Porque nós acreditamos na justiça.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

A eleição no Grêmio Literário do Reino da Pitangueira

Sede do Grêmio Literário do Reino da Pitangueira


Silêncio!!! Silêncio!!! Vamos hoje eleger toda a diretoria internacional do Grêmio Literário da Pitangueira, com a vacância da Ordem dos Literatas, numa revoada sem precedentes na história do Reino.

- Senhor Presidente...
- Pois não?! Quem chamou?
- Eu aqui, o Lacerdinha.
- Ah, pode falar, Dr. Lacerdinha.
- Senhor Presidente, esta Ordem está fadada ao fracasso. Ninguém mais lê livros de biblioteca.
- Dr. Lacerdinha, não é pelos livros. É pela tradição, pela cultura, pelas artes e pelo isolamento do mundo exterior, quando nos encontramos aqui, além do Fundo Permanente de Manutenção do Grêmio, isento de taxação e fiscalização fazendária, com conta legal, honesta e contabilizada numa das ilhas do Caribe.

Mais alguém??? Bem, dado o silêncio, vamos às vacâncias:

Declaro que nas Ordens Menores dos Literatas, a saber, o trabalho é voluntário, sem nenhum ônus para a instituição. Temos uma vaga de Diretor Adjunto para cada uma das Ordens abaixo:

4ª Ordem Menor do Dicionário
3ª Ordem Menor do Leitor
2ª Ordem Menor do Romancista
1ª Ordem Menor do Adjutor.

Lembrando que o Diretor Adjunto da 1ª Ordem Menor do Adjutor é quem serve ao subsecretário da vice câmara das Linguagens, por isto possui o grau mais elevado das ordens menores, podendo preparar e oferecer o jantar e a sobremesa. O cafezinho é com a Dona Dalva, e isto é compulsório.

Agora, declarada a vacância dos Diretores Adjuntos das Ordens Menores, vamos aos Diretores Executivos das Ordens Maiores. Ressalto, por força do Estatuto, que todas as Ordens Maiores são remuneradas em R$100.000,00/mês e são de indicação exclusiva e direta do Presidente, ou seja, eu. E isto não é negociável. 

4ª Ordem Maior da Vice Câmara das Linguagens - nomeio meu filho Delta IV
3ª Ordem Maior da Vice Câmara das Metalinguagens - nomeio meu filho Gama III
2ª Ordem Maior da Vice Câmara das Internacionalidades - nomeio meu filho Beta II
1ª Ordem Maior da Vice Câmara das Artes das Letras - nomeio meu filho Alfa I

- Safado!!! gritou o Carlinhos
- Ah, Carlinhos, para com isto. Você é o rei das safadezas desde o ginásio.

- Ladrão!!! bradou três vezes o Miltinho
- Miltinho, cadê a complacência da classe?

- Vigarista!! Urrou o Quincas
- Enfim reconheceu meu talento.

- Nepotista!!! berrou o Nestorzinho.
- Como é que é? Nepo o quê?? Repete se você for homem, Nestorzinho.
- Você é um Nepotista, seu sem-vergonha, inescrupuloso.

- Nepotista??? Isto tem a ver com a minha mãe?

- Tem, seu troglodita. Graças ao trabalho de concepção em condições de pluralidade de material genético de várias origens, a senhora sua mãe o concebeu em graciosa desolação, o que fez de vossa senhoria um nepotista.

- Nestorzinho, não entendi nada. Então pode me explicar?

- Perfeitamente, senhor presidente. O senhor é um tremendo de uma filho de uma rameira, rapariga, concubina, mulher dama e profissional do meretrício.

- Ah, bom! Quanto a isto tudo bem, mas se falasse que minha santa mãezinha era prostituta, eu ia acabar com sua vida agora. Prosseguindo - Como presidente fundador vitalício e administrador dos fundos e recursos, declaro, encerrada a reunião. Carlinhos na 4ª Ordem; Miltinho na 3ª Ordem; Quincas na 2ª Ordem e Mamãe na 1ª Ordem.

- Mas ... mas... mas ... e eu, presidente?
- Você, Nestorzinho, vai ficar de castigo durante o ano todo para aprender a não inventar mais palavras que não existem, como esta nepo...nepo... enfim, esta porra aí ...

É isto aí!



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Ciclo - Paulinho Moska/Jorge Vercillo



Eu não sei o que me domina
E mesmo assim
Não penso em me livrar
Num fascínio de alma gêmea
Você em mim constrói o seu lugar

O amor se fez, me levando além
Onde ninguém mais
Criou raiz, ancorou de vez
Fez de mim seu cais
Lendo a rota das estrelas

Nesse abraço se fez um ciclo
Que não tem fim e é todo o meu viver
É como alcançar o infinito
Reflete em mim e volta pra você

O amor se fez, me levando além
Onde ninguém mais
Criou raiz, ancorou de vez
Fez de mim seu cais
Lendo a rota das estrelas

O amor surgiu como um em mil
Por você eu vim
E assim será a me conduzir
Sem mandar em mim
Como o vento e o barco à vela
Que nos leva sem fim

Compositores: Jorge Vercillo (Jorge Luiz Sant'anna Vercillo)
                         Dudu Falcão   (Carlos Eduardo Carneiro de Albuquerque Falcão)

Você nunca mais esquecerá de mim.


Entrou cabisbaixo no restaurante, procurou discretamente por uma mesa vazia, preferencialmente no fundo do salão. Encaminhou-se lentamente, sem dar vazão ao mundo exterior, quando uma voz desconhecida chamou-o pelo nome. Voltou-se e viu uma moça, destas lindas e sedutoras a convidá-lo para juntar-se a ela.

Arredio e desconfiado, olhou olhou olhou e a memória não acusava aquela face em nenhum momento da sua vida. Sorriu sem querer sorrir, numa expressão interrogativa e ela sorriu em completa harmonia - vem, pode sentar aqui comigo, não tem problema, eu sei que mudei muito. Venha, vamos atualizar nossas vidas.

- Você sabe meu nome, mas eu com certeza não me recordo de você, desculpe a franqueza.

- Estou acostumada com isto, imagina. Só queria mesmo era matar a saudade.

- Você é a ...

- Hummm, está curioso, hem!!!

- Claro, não é todo dia que uma moça linda me convida para sentar com ela num restaurante.

- Sempre gentil com as palavras. Você não muda nunca. Mas conta, o que você faz?

- Hoje sou Trader, casei com a  Beth...

- A Bethinha Biscuit?

- É... ela mesma. Você a conhece?! 

- Claro, e sei que ela odiava este apelido.

- Verdade, era por que a mãe fazia bonecas de biscuit para vender. Engraçado, nunca te vi.

- Mas desculpa a minha ignorância no tema, mas o que faz um Trader?

- Ah! Achei que também soubesse o que faço. Faço Day Trading. Sou especulador autônomo numa modalidade de negociação utilizada em mercados financeiros, que tem por objetivo a obtenção de lucro com a oscilação de preço, ao longo do dia, de ativos financeiros. 

- Nossa, estou orgulhosa de ver você trabalhando com capital de risco. Podemos pedir? Não se preocupe com preço, a vida foi gentil comigo, hoje faço questão de pagar este encontro.

- Poderá ser o primeiro de uma série de encontros?.

- Olha, vou pedir o 2, a sobremesa 4 e este vinho aqui. E assim que chegar o vinho, quem sabe respondo esta pergunta para você? Está bom assim?

- Mas eu nem sei seu nome, e este almoço vai ficar em mais de três mil reais.

- Eu vou pagar. Você é amigo que eu precisava ver. Saudades, sabe? Durante o almoço a gente vai conversando, vai se abrindo um pouco e apreciando este cardápio dos deuses. Acontecerão duas coisas aqui, disse sorrindo e piscando charmosamente o olho esquerdo: você não se arrependerá e nunca mais esquecerá de mim.

- Uau ...

...e a conversa foi circulando em órbitas ora elípticas, ora circulares até que enquanto almoçavam, ela pediu licença para ir ao banheiro e desapareceu. Usou todo o crédito ainda disponível no cartão para pagar a despesa. 

Riu da sua ingenuidade. Caramba ... quem é esta mulher?? Estou apaixonado por ela! Juntos seríamos imbatíveis ...

É isto aí!



O Agora e o Amanhã (com aporte do Salmo 37)



É tempo de silêncio
que rufem os tambores
se deem e dancem abraçados
se mordam, gritem e alardeiem.

Fiquemos em silêncio
Um pouco de tempo,
e os ímpios não mais existirão;
por mais que você os procure, não serão encontrados.

Já vi homens ímpios e cruéis
florescendo como frondosa árvore nativa,
mas logo desapareceram e
embora eu os procurasse, já não existiam mais.

Os ímpios tramam contra os justos
e rosnam contra eles;
o Senhor, porém, ri dos ímpios,
pois sabe que o dia deles está chegando.

Façamos silêncio
permitamos que destruam tudo
que se engalfinhem e se devorem
o tempo deles está esgotado.

Fonte da imagem: Wikipédia - Batalha de Berlim 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

A violência contra a mulher é o atestado de insanidade da humanidade

Foto: Dalva de Oliveira


Mulheres cada vez mais têm cada vez menos espaço de tempo entre as agressões físicas, químicas, espirituais e psicológicas. Cedo ou tarde, as sobreviventes apresentam traumas psicológicos, depressão, transtorno de ansiedade e dissociação da realidade, numa espécie de Síndrome de Estocolmo.

Numa corrida de olhos nos principais meios de comunicação nacional, apenas nesta manhã, visualizei mais de uma dezena de assassinatos, e muitas ocorrências de espancamento. Neste rol estão representados todos os homens agressores, quer sejam políticos, pastores, empresários, servidores públicos, empresários, pobres, miseráveis e anônimos.

Um dos maiores riscos de falar sobre este tema é a armadilha de um efeito disrruptivo da psicanálise, aquela denominada "psicanalhice", justificando tal violência através de um academicismo ou teorização precipitada e preconceituosa, encontrando na mulher, por exemplo, traços de um masoquismo estrutural, tal como proposto por Freud (1924/2010) no texto O problema econômico do masoquismo. (leia uma síntese aqui)

Há ainda a lenda, hoje representada e incorporada num dos ícones da sociedade alienada, vulgarizando mais e mais a mulher, e o pior é que neste caso as histéricas vão ao delírio (silencioso) em defesa do seu mito.

 Inevitável falar da herança e colaboração de Nelson Rodrigues. Em seus trabalhos, o escritor volta e meia pesou a mão no tratamento às mulheres, mostrando-as como loucas, inconsequentes, frívolas, insensatas e destruidoras de lares e corações. Uma de suas frases mais icônicas "Nem todas as mulheres gostam de apanhar, só as normais" não só induz à normatização da violência doméstica como ainda sugere que a mulher provoca a agressão porque se julga merecedora dela.

Dalva de Oliveira, uma das grandes cantoras do século XX, foi uma das maiores vítimas deste machismo barato, idiota e misógino, defendida pela mesma sociedade que recusava Nelson Rodrigues à luz do dia e se deleitava em gozo nas suas peças de teatro, livros e crônicas, à noite.

Quanto à novidade da primeira linha - As agressões químicas:

A ansiedade é, com a depressão, o transtorno de saúde mental mais comum no diagnóstico das mulheres. É o dobro do que é diagnosticado nos homens, segundo a Organização Mundial da Saúde. Os hipnosedantes –tranquilizantes e soníferos – são os únicos psicoativos mais consumidos pelas mulheres do que pelos homens. 

Esta é uma violência silenciosa (mas não quer dizer que é pequena), opressora e misógina, que elas aprendem ainda na puberdade/adolescência, quando analgésicos cada vez mais potentes são introduzidos nas suas cólicas (algumas severas) e dores diversas, comuns aos humanos. Poderia tirar várias conclusões aqui, mas há um recado principal que a sociedade passa neste discreto movimento - dor se cura com remédio, e não com diálogo, franqueza, verdade, humanização e respeito..  

É isto aí!



terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Originais do Yahoo (Mulher grava aula de aeróbica em meio ao golpe militar em Mianmar)

 Mulher grava aula de aeróbica em meio ao golpe militar em Mianmar

Assista ao vídeo clicando aqui abaixo:

Originais do Yahoo

Atualizado seg., 1 de fevereiro de 2021 3:49 PM

Uma mulher flagrou o exato momento em que o comboio militar chega ao parlamento em Mianmar para aplicar um golpe de Estado nesta segunda-feira (1). Sem perceber a movimentação que estava acontecendo, a mulher continua a aula normalmente, enquanto os veículos militares passam em direção ao Legislativo.

ou aqui  , em vídeo BBC, pelo youtube







segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Sobre a palavra Amém

Fonte da imagem: Sci*News


A palavra “Amém” é um acróstico. Os acrósticos são formas textuais onde a primeira letra de cada frase ou verso formam uma palavra ou frase.

O Talmud nos revela que, a palavra hebraica “Amém” que significa “que assim seja” foi criada a partir da expressão: “Deus, Rei Fiel” que em hebraico se diz: “El Melech Neeman” (נֶאֱמָן מֶלֶךְ אֵל). Tomando as letras iniciais de cada palavra obtêm a palavra:

“Amém (que assim seja)” (אָמֵן)

Na raiz desta palavra temos o temor hebraico "emuna" que significa "confiança"; significa também "confirmar aquilo que está escrito".

Toda vez que afirmamos em algum momento dizendo Amém, estamos declarando que colocamos nossa confiança, fé e esperança no Único que pode realizar tudo em todos e em qualquer circunstancia.

Deus, Meu Rei é Fiel e Justo (para cumprir o que prometeu)