sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Tradições coloniais

Dom João VI*

Dia destes subi o Monte da Colina do Bom Senso e mirei o Putoscópio no passado. Regulei as lentes nano-cromáticas até 1815, e fui por rumo celestial buscando a bela cidade maravilhosa do Rio de Janeiro. Pude ver Dom João VI, cognominado O Clemente, assinando o decreto que criava o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (que coisa linda, pois pois). Com isso, o Brasil deixou de ser colônia e foi elevado à categoria de reino.

Reino meia bomba, digamos assim, era mas não era. Embora não tivesse se tornado um país independente, passava a ter condição de - hummmmm - de similitudes, digamos assim, com a antiga metrópole do reino. Caboclos neo-corteses arriscariam dizer que aquilo era mais uma parecença, ou seja, uma coisa com aparência semelhante, só isto e ponto.

Essa medida, atendendo aos quase exclusivos interesses ingleses, foi necessária para que Portugal pudesse participar do Congresso de Viena, na Áustria. Tudo por que, ora pois pois, curiosamente foi incluída uma cláusula que exigia que só podiam participar dele (do congresso) governos que estivessem instalados em seu próprio território. E o governo de Portugal, ora pois pois, desde 1808 estava instalado no Brasil, que era sua colônia, ó pá! 

Assim foi a criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e a questão se resolveu sem mais querelas ou queixumes do Trás-os-Montes, passando pelo Tejo até o Algarve.

Como vê, nada foi como sugere aos olhos que lavam os fatos à jato para debaixo do tapete a história e contam versões sedutoras. Os principais objetivos do Congresso de Viena, iniciado no final de 1814, eram restaurar o poder das monarquias europeias e redefinir as fronteiras da Europa, alteradas pelas guerras napoleônicas. Só isso, nada mais.

*Quadro - Dom João VI
  Obra de Albertus Jacob Frans Gregorius
  Pintor belga (1774-1853)



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