segunda-feira, 3 de maio de 2021

Mão (Um poema de Clarice Lispector)

 


Agora preciso de tua mão,

não para que eu não tenha medo,

mas para que tu não tenhas medo.

Sei que acreditar em tudo isso será,

no começo, a tua grande solidão.

Mas chegará o instante em que me darás a mão,

não mais por solidão, mas como eu agora:

Por amor.


Fonte do poema: refletirpararefletir  

Clarice Lispector - uma das maiores escritoras do século XX

O Professor Emérito de Literatura Brasileira da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP , escritor e crítico literário  Alfredo Bosi apresenta três características do estilo narrativo de Clarice Lispector: 

1 - o uso intensivo da metáfora insólita, 

2 - a entrega ao fluxo de consciência e,

3 -  a ruptura com o enredo factual.

Bosi afirma que, na gênese das histórias da autora, há uma exacerbação tal do momento interior que a própria subjetividade entra em crise, fazendo com que o espírito procure um novo equilíbrio, trazido pela "recuperação do objeto", "não mais [no nível psicológico], mas na esfera da sua própria e irredutível realidade." Para Bosi, "trata-se de um salto do psicológico para o metafísico". 

Bosi vê também, na escrita da autora, exemplos de três crises literárias: 

1 - a crise da personagem-ego ("cujas contradições já não se resolvem no casulo intimista, mas na procura consciente do supra-individual"); 

2 - a crise da fala narrativa ("afetada agora por um estilo ensaístico, indagador") e,

3 -  a crise da velha fundação documental da prosa de romances.



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