domingo, 31 de outubro de 2021

Novembro, chega com notícia boa, faz favor

Fonte da Imagem: Antonio Cruz - Agência Brasil - EBC

Ore na sua fé, reze na sua crença, nada promete que será um mês calmo. Novembro finge de bonzinho, véspera de dezembro, mas é só isto, tem mais nada. E não se esqueça de Mariana:

Foi na tarde de 05/novembro de 2015 que um tsunami de lama matou mais de uma dezena de pessoas, devastou povoados e provocou o maior desastre ambiental da história do país em Mariana (aqui)¹, na região Central de Minas. 

Naquela tarde uma barragem da mineradora Samarco se rompeu e 34 milhões de metros cúbicos de rejeitos inundaram distritos e poluíram o rio Doce e o mar. Desde o início da tragédia, sobram danos à natureza e faltam respostas e punições. Não há dúvidas da responsabilidade da empresa, mas culpados e causas sequer foram apontados. 

Os estragos seguem incalculáveis e longe de ser reparados. Multas milionárias foram aplicadas à mineradora. Em meio à dor da perda e à indignação com a tragédia que destruiu histórias e sonhos, as medidas assistenciais de emergência são lentas e mal conduzidas, segundo especialistas (aqui)². 

Mudando de assunto, até mesmo por que nosso Rio Doce até hoje está contaminado (aqui)³. 

Bem, estamos iniciando Novembro. Isto indica que a primavera está findando, logo logo virá o verão, com ele as chuvas torrenciais e as catástrofes naturais. Novembro também começa no mesmo dia da semana que março e, exceto em anos bissextos, também como fevereiro.

Em novembro, temos o zodíaco ou signo zodiacal de Escorpião (23 de outubro a 21 de novembro), no final do mês vai para Sagitário (22 de novembro a 21 de dezembro).

Não fiquemos tipo assim tão preocupados, mas é importante que você saiba que no geral este mês é representado pelo número 7 (basta somar o ano e o mês assim: 2+0+2+1+1+1 = 7). No ano passado, os meses mais desafiantes na pandemia foram simbolizados pelo número 7. Mas pode ser só coincidência, sei lá, tem tanta coisa acontecendo, puxa vida, e esta agora?

Mês começa com Lua Minguante e muita chuva, que aos poucos vai diluindo as sujeiras aqui e ali. Eu não sei mais o que esperar deste final de ano. Cada dia será vivido no seu tempo por que a vida segue e a fila anda.  

É isto aí!



O Mago da Pitangueira e as pedras da colina


Dia destes subi a Colina do Saber, para encontrar-me com o Mestre da Pitangueira. Já tem bastante tempo que não faço este trajeto, e ainda veio a pandemia, a astronomia, a agronomia, a dicotomia, a monografia, a academia, a economia e aquilo tudo que mia que vem do planalto central, que acabaram forçando compulsoriamente o adiamento.

Arfando muito ao chegar ao topo, deparo com o Mestre sentado, olhando o infinito no horizonte, disperso, desligado deste mundo numa concentração tão intensa que parecia não respirar, mas os olhos brilhavam uma luz harmoniosa. Sentei numa pedra e aguardei meu momento de ser atendido.

Lentamente abriu os olhos e deparou com minha presença. Levantou-se e disse - fale.

Mestre, é possível amar única  exclusivamente a mesma pessoa para sempre?

Olhou-me com certa desconfiança. Abaixou-se, pegou uma pedra do tamanho de uma bola de tênis. Sem dizer nada, deu três passos para a frente e arremessou-a colina abaixo.

Fiquei sem entender nada.

Veja, disse, aquela pedra tem a consciência cósmica de ser apenas um pedra. Estava aqui a milhões de anos, e precisou da manifestação humana para se mover para outro lugar, onde continuará sendo uma pedra, sem emoções e por consequência sem sentimentos.

Olhou-me fixamente nos olhos, aguardando um aceno de assentimento ou aquiescência, mas naquele momento, não sei que bobeira foi aquela, olhei de volta à luz dos seus olhos e repliquei - mas, Mestre, eu adoro as coxas dela.

Ele abaixou-se novamente e assim que percebi sua intenção, corri colina abaixo o mais rápido que pude, mas mesmo assim ainda levei umas três pedradas.

É isto aí!

O legado




Qual será o seu legado na Terra? 
Qual será a sua principal obra?
O que contarão dos seus feitos?
Quem se orgulhará da sua existência?

Quem herdará seus feitos?
Quem pagará pelos seus erros?
Quem assumirá suas dívidas?
Quem chorará sua ausência?

Como será o dia derradeiro?
Estará feliz pelo que fez?
Estará triste pelo que não fez?
Estará indiferente a tudo?

Quantas lágrimas derramarão por você?
Quantos suspiros ainda soarão?
Quanto amor doou ao mundo?
E isto não é tudo - adeus.

É isto aí!
 

 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Sobre nós


Verdades que contei
feito menino travesso
atravessando a alegria
brincando com argila

Promessas que fiz 
aqui ali sem pestanejar
sem pensar, sem piscar
só por que sonhei

Histórias que vivi
escondidas dentro de mim
totalmente apaixonado
por nós dois para sempre

Palavras que flertei 
resumirei tudo no obituário:
aqui jaz um sonhador
que não aprendeu nada.

É isto aí!


O fazedor de amanhecer (Manoel de Barros)


Sou leso em tratagens com máquina.

Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.

Em toda a minha vida só engenhei

três máquinas


Como sejam:

Uma pequena manivela para pegar no sono.

Um fazedor de amanhecer

para usamentos de poetas

E um platinado de mandioca para o

fordeco de meu irmão.


Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias

automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.

Fui aclamado de idiota pela maioria

das autoridades na entrega do prêmio.

Pelo que fiquei um tanto soberbo.

E a glória entronizou-se para sempre

em minha existência.


Fonte da Imagem: Fast Company (Cortesia Mailchimp

Fonte do poema: Revista Bula 

Sobre o autor: Manoel de Barros (1916-2014) foi um dos principais poetas contemporâneos. Autor de versos nos quais elementos regionais se conjugavam a considerações existenciais e uma espécie de surrealismo pantaneiro.

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Tudo que não invento é falso


Alto lá, antes que falem de plágio, confesso:
É plágio o titulo desta postagem.
O autor desta frase é o grande poeta universal Manoel de Barros
Está o poema na página 37 do livro homônimo O livro sobre nada, publicado em 1996
Antecipo que é leitura imperdível (toda a obra dele é imperdível)

Feitas as considerações merecidas, vamos ao eu em mim e em si, comigo mesmo:
  
Foi tudo muito doido. Experimentei um sonho ou aparição ou incorporação ou acolhimento com um poema do Manoel de Barros. Era uma poesia surrealista e disrruptiva (neste momento pauso para corrigir o corretor gramatical que desconhece a palavra Disrruptiva, insistindo em Disrruptivo. Fico imaginando Manoel de Barros vendo uma coisa capciosa desta natureza, onde só o masculino é disrruptivo. Ele sempre dizia que  a "Poesia não é para compreender, mas para incorporar. Entender é parede; procure ser árvore"

Quer coisa coisada mais disrruptiva que isto? (neste momento o corretor trocou coisada por coitada - acho que o sistema está possuído pelo politicamente correto - SQN)

Antes de chegar no poeta e na sua poesia, devo esclarecer que no sonho vagava por uma alameda de árvores estranhas com flores bizarras, e nelas tinham cartazes balançando ao vento, pendurados por fios de nylon (ainda existe isto?) nos seus galhos bizarros. Em letras discretas, em tom pastel sobre um fundo azul, diziam:

Se se quer, trago a pessoa amada em três dias, faço amarração para seu amor hoje ou trago seu amor de volta em um dia  - Tratar com Mariah Lilás 5599 012013015

Resolvi ligar para Mariah Lilás, sei lá o motivo, deu vontade, senti alguma esperança. Do outro lado uma voz doce, delicada, adocicada, inebriante atendeu e agendou um encontro para aquela mesma manhã, numa casa próximo onde estava. Segui o perfume do celular e cheguei extasiado até a porta da voz doce e delicada.

Mulher linda, educadíssima, antenada, descolada, e apaixonante. Nos acomodamos um de frente para o outro, numas confortáveis e relaxantes poltronas. Olhou no fundo dos meus olhos e deliciosamente indagou:

- Como posso ajudá-lo?

- Tentei responder sem tirar os olhos de toda a forma mulher dela, mas as palavras não saiam.

- Calma, feche os olhos, imagine-se num lugar deserto. Respire fundo, isto, agora fale. 

- De olhos fechados, sei lá, aconteceu algo estranho, incorporei a Elegia de seo Antônio Ninguém, do Manoel de Barros (foi aí que entrou o mestre poeta no meu sonho). Declamei o poema com sentimento de alma sofrida, chorei aos borbotões, engasguei, solucei e desencanei o desencantamento guardado a muito tempo, uma vida entalado na dor e na angústia, ali, diante daquela mulher estranha e linda.

Busquei a complacência da mulher e muito assustado disse - Olha só, estou estranho, há uma voz querendo desabafar de tal maneira que está desgrilhoando de mim, sinto que estou querendo atravessar meu corpo e atingir este espaço, ao qual só agora percebo que privei do direito de senti-lo. Não sei por que falo isto, mas ... está saindo da minh'alma ... me transcende ...

Sou um sujeito desacontecido

rolando borra abaixo como bosta de cobra.

Fui relatado no capítulo da borra.

Em aba de chapéu velho só nasce flor taciturna.

Tudo é noite no meu canto.

(Tinha a voz encostada no escuro. Falava putamente.)

Estou sem eternidades.

Não tenho mais cupidez.

Ando cheio de lodo pelas juntas como os velhos navios naufragados.

Não sirvo mais pra pessoa.

Sou uma ruína concupiscente.

Crescem ortigas sobre meus ombros.

Nascem goteiras por todo canto.

Entram morcegos aranhas gafanhotos na minha alma.

Nos lepramentos dos rebocos dormem baratas torvas.

Falo sem alamares.

Meu olhar tem odor de extinção.

Tenho abandonos por dentro e por fora.

Meu desnome é Antônio Ninguém.

Eu pareço com nada parecido.


Abri os olhos e vi que a mulher linda estava em lágrimas quando acabei com a expiação da palavra. Levantou quase levitando, veio ao meu encontro, e eu ali, trêmulo, desentendido das coisas ocorridas naquele ambiente acolhedor. Tomou minhas duas mãos e sentenciou o que foi minha cura. Disse com tanta candura, tanto amor, tanto carinho, que ocorreram em mim um conjunto de sensações de gozo, percepções e representações surrealistas, de caráter ora confuso ora coerente:

O senhor perdeu foi o amor próprio, e não vai encontrá-lo fora do seu querer, no mundo exterior. Apaixone-se por sua Alma, e creia na unidade da alma com você.

Aí pisquei os olhos e ao abri-los estava acordado. Ali, às margens do chão frio da minha cama, sentei e chorei com saudade de mim mesmo. Resolvi que tenho que me reinventar. O reinvento é o refazer dos inventos, portanto deveria ter perguntado à mulher, mas não perguntei que se reinvento é por que o invento é falso e não serve mais, aí reinvento para ser verdade. É isto? Não seria o contrário? Não, espera! Caramba, preciso reencontrar aquela mulher... vou dormir mais u pouco para ver se ela volta.

É isto aí!

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

A triste


Vi sua face 
lividamente
angustiada

Ouvi sua voz
um tanto lúrica
e amargurada

Mensurei seu olhar
tão distante 
quanto perdido

desde aquele dia
e daquela hora
não vi mais nada

É isto aí!


Fonte Youtube: Lovely  / Lyrical dance choreography
Réalisation : Illan Dupont
Chorégraphie: Loriane Cateloy-Rose
Danseuse : Loriane Cateloy-Rose
Musique : Lovely - Billie Eilish, Khalid 

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Música neste vídeo: lovely
Artista: Billie Eilish, Khalid
Álbum: lovely
Licenciado para o YouTube por
UMG (em nome de Darkroom); Kobalt Music Publishing, LatinAutor - SonyATV, ASCAP, Sony ATV Publishing, SOLAR Music Rights Management, UMPI, LatinAutorPerf, LatinAutor, UMPG Publishing, AMRA, CMRRA e 10 associações de direitos musicais


Finais felizes



Adormeceu desejando estar morto na manhã seguinte. Achou que seria uma enorme vantagem, visto que assim teria desculpas sinceras para não assumir um compromisso realizado com pompas diante de dezenas de testemunhas entre parentes, amigos e curiosos. Sentou-se na beirada da cama, em prantos, e implorou, chamou pela morte e nada. Ajoelhou-se no chão, até começar a sentir as dores do contato com o piso. Subiu para a cama, ajoelhou-se sobre o colchão e implorou ao universo que o levasse naquela noite.

Amanheceu convicto do êxito. Ninguém pede para morrer com tanto estilo, refletiu. Demorou mais do que de costume para acordar plenamente. Queria curtir mais um pouco aquela sensação de abrir os olhos e estar cercado por anjos exaltando cânticos, louvores e glórias no melhor estilo gregoriano. Até que sentiu presenças humanas. Podia ouvi-las respirando e emanando calor.

Abriu lentamente os olhos e deparou com sua mãe à sua direita e seu pai à sua esquerda, fitando-o placidamente. Sem mover um músculo, exceto o globo ocular, olhou para um e para outro, navegou os olhos em movimento sincronizado, até que perguntou - vocês também estão mortos?

O pai olhou duro no fundo da sua alma e transferiu o olhar para a mãe, que disse de forma amena, rígida e carinhosa, como só as mães sabem fazer:

- Júnior, hoje é o dia do seu casamento. Você tem que estar no Cartório às dez horas e já passam das oito.

- Então não morri?

Pai olhou para a mãe que olhou para o pai que olharam para o filho com aquela expressão de último aviso. Saíram do quarto e naufragou na realidade. Pegou o celular e ligou para ela. 

- Dinha, tudo bem?

- Juninho, puxa vida, então você também não morreu?

- Por que? Você também desejou morrer?

- De certa forma sim.

- Olha, Dinha, preciso falar que não posso casar hoje.

- Nossa, graças aos deuses sacramentais, minhas preces foram ouvidas, Juninho.

- Sério que você não vai ficar chateada?

- Seríssimo.

- Mas a gente vai continuar, certo?

- Certíssimo!

E viveram felizes para sempre!

É isto aí!

terça-feira, 26 de outubro de 2021

O ditado das novas regras


Fonte da imagem: SESC 

Cidadãos e cidadelas, a verdade é a verdade que afirmo, por que fui ungido por ela, a Verdade. Em verdade, em verdade, de verdade verdadeira afirmo e passa a ser lei:

§ - Eu sou Phoda!

1 - O Sol não existe, é apenas uma miragem mundial

2 - A Lua é base secreta de forças ocultas que me espionam em tempo integral

3 - Nosso planeta foi criado no dia 3 de Thamuz , assim que Eva e Adão vieram parar aqui, bem pertinho da gente. 

4 - E como não tinha este negócio de rede, fake, etc, só para saber, hem, só para saber, tinha nada de redondo aqui não. Era tudo feito o Goiás, aquela belezura plana.

5 - Foram os vermelhistas que falaram que a terra era redonda, assim ele ficariam do lado de dentro, no fogo do inferno.

6 - O primeiro homem a chegar ao espaço foi o Albertinho Dumont, o resto é conversa fiada.

Cansei, tem mais quatro aqui, mais de quatro é ruim, hem!

Alto lá! Não, eu não quis dizer mais de quatro, e sim mas de quatro. Isto é a maldade destes vermelhistas. Amanhã vão estampar em todos estes pasquins malévolos que eu pedi mais de  quatro. Idiotas, imbecis. 

É isto aí!


segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Sem Tempo no Espaço


Numa tarde de outono, enquanto caminhava pela praia, senti um imenso desconforto no peito e recostei à sombra de uma velha castanheira. Olhei para o céu e parti. Então é isto? Morrer é isto? - pensava e navegava livre no espaço - naquele tempo não acreditava em nada além da existência tangível.

Meu éter subia lentamente e lá embaixo ficava imóvel o corpo sobre a areia. Não percebi minha existência física, mas senti-me totalmente integrado a uma nova realidade, sem tempo, sem espaço, só luz e paz. Enquanto subia, pude ver o planeta cada vez mais redondo, mais azul e mais longínquo. Muitas estrelas, o sol ao longe e subindo, num espaço sem fim.

Cheguei num imenso campo aberto, de cores surreais, indescritíveis. Árvores lindas de diversas espécies e o imenso vazio campal, florido e gramado. Vejo surgir no chão um caminho de terra batida, que vai oferecendo uma direção para minha jornada. Intuiu-me segui-lo, por que senti uma enorme segurança andando nele. O vazio aos poucos foi sendo preenchido por pessoas ora em grupos, ora duas ou três, sentadas, em pé ou ajoelhadas pelos campos afora. Elas não se importavam muito com minha presença. 

Meu olhos, de uma forma singular, estavam fixos num grupo em especial, lá longe, cujas faces não distinguia, mas sentia serem parte de mim. À medida que caminhava, foram se aproximando de mim seres angelicais, cuja fisionomia não terei parâmetros para explicar. Um deles tocou meu ombro e naquele instante estava numa espécie de sala de silêncio absoluto. Nada ouvi e ninguém apareceu.

Olhando para um ponto de luz, comecei a ver imagens que entendi serem minhas. Vi o momento do meu nascimento, minha infância, adolescência, juventude, vida adulta, com todos os detalhes, todas as coisas ali mostrando quem eu verdadeiramente sou, sem máscara, sem ocultação. Senti que não era um julgamento, e sim um ponto de reconsideração e ressignificação das dores.

Vi erros graves, ações que causaram mal a outras pessoas, situações de risco desnecessário, e em cada uma delas experimentava um profundo arrependimento, mergulhando cada vez mais numa misericórdia divina cujo amor eu desconhecia naquela proporção. Chorei profundamente, ajoelhei-me e prostrei diante daquela Luz. 

Alguém que não vi, portador de um amor infinito, toucou minha cabeça e abruptamente voltei ao meu corpo, acordei assustado, tateando meu tórax, minha face, olhando meus pés, minhas mãos, abracei a árvore, sei lá por que fiz aquilo. Sonhei? Foi real? Todos aqueles momentos ficaram até hoje colados na minha memória. Repasso cada instante, passo a passo, vejo a Terra azul, vejo o campo, e cada vez mais sinto que alguma coisa aconteceu ali naquela dia e naquela hora.  

É isto aí!

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Torturas de Amor (com Maria Creuza)

A baiana Maria Creuza, cantora de uma voz afinadíssima, trafegava nos anos 70/80 entre o samba e Bossa Nova, onde ganhou fama por sua parceria com Vinícius de Moraes, Francis Hime e Toquinho, com os quais excursionou em vários shows internacionais.

Esta música que posto hoje tem uma fato no mínimo curioso - foi censurada pelo Regime Militar em 1974. Abaixo o comentário extraído do site RadarSe

“Torturas de Amor” foi lançada pelo próprio autor Waldik Soriano por volta de 1962, mas não alcançou o sucesso esperado, aos poucos foi sendo incorporada ao repertório de outros cantores – Cauby Peixoto, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Agnaldo Timóteo, Maria Creuza, Fagner Fafá de Belém e uma promessa de Roberto Carlos: “Certa vez eu encontrei Roberto Carlos no aeroporto e ele disse: ‘Waldik tem uma música sua que um dia eu vou gravar’. É aquela que diz assim ‘apareceste afinal, torturando este ser que te adora...’ “Tortura de Amor” enfrentou problemas com a censura após a regravação do próprio autor em 1974. Proibida a execução em rádio, em locais públicos, enfim, em todo o Brasil. O cantor dizia que a censura daquela época era burra e radical, Tortura é uma palavra poética: ‘não me tortura tanto, meu amor...vivo torturado por ti...’


Tortura de Amor   


Hoje que a noite está calma
E que a minh'alma esperava por ti
Apareceste afinal
Torturando este ser que te adora

Volta, 
fica comigo só mais uma noite
Quero viver junto a ti
Volta, meu amor

Fica comigo 
não me desprezes
A noite é nossa 
e o meu amor pertence a ti

Hoje eu quero paz
Quero ternura em nossa vida
Quero viver por toda vida
Pensando em ti




Fonte Youtube: Maria Creuza - Tema

Provided to YouTube by RCA Records Label

Tortura De Amor · Maria Creuza

Disco: Meia Noite

℗ 1977 BMG BRASIL LTDA.

Released on: 2002-01-16

Composer, Lyricist: Waldick Soriano
Producer: Rildo Hora

Auto-generated by YouTube.


quarta-feira, 20 de outubro de 2021

A doida e eu


A doida vai pela rua nua
vestida de tafetá sintético
com salto alto esquelético
desfilando seu corpo belo

A louca sai pela cidade sua
é beleza pura só para chatear 
joga pétalas nos seus pensamentos
e se diverte ao acertar os alvos

A maluca tem sapato preto
com riscas no pé esquerdo
e sapato vermelho furado
enfiado torto no pé direito.

 Alucinada e desajuizada, 
delirante e desatinada
grita meu nome em desatino
e fala que sou seu destino

A doida vai pela rua nua
joga pedra nos meus lamentos
sussurra meu nome em desalinho
e aí não resisto ao seu encanto

A doida é um sonho distópico
com flores, versos e acalantos
a louca me abraçou oferecida
e saímos por aí despropositados..


É isto aí!


terça-feira, 19 de outubro de 2021

Tabacaria de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)


Imagem: José de Almada Negreiros, Retrato de Fernando Pessoa 1964, Óleo sobre tela.
Fonte da imagemFundação Calouste Gulbenkian - Coleção Moderna

Álvaro de Campos é um dos mais importantes heterônimos de Fernando Pessoa. Foi criado em 1915, nasceu em Tavira, no extremo sul de Portugal, a 15 de outubro de 1890. Estudou Engenharia Naval, na Escócia. No entanto, não exerceu a profissão por não poder suportar viver confinado em escritórios.

Tabacaria (Álvaro de Campos) 

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.

Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...

Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?

O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;

Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.

Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.

Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)

Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.

(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)

Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Tabacaria (Álvaro Campos) Análise do poema


Alto lá
Esta análise não é minha
Confesso que copiei e colei
Autora: Maria Silva
Fonte do texto: Novos Navegantes (Portugal)
Blog dedicado à Língua Portuguesa
ImagemJosé de Almada Negreiros, Retrato de Fernando Pessoa 1964, Óleo sobre tela.
Fonte da imagem:  Fundação Calouste Gulbenkian - Coleção Moderna

Nota¹ Ao pé da Pitangueira tomou a liberdade de dividir pedagogicamente o texto em cinco partes, sem alterar o conteúdo.

Nota² Álvaro de Campos é um dos heterônimos (e talvez o mais importante) de Fernando Pessoa. Foi criado em 1915, nasceu em Tavira, no extremo sul de Portugal, a 15 de outubro de 1890. Estudou Engenharia Naval, na Escócia. No entanto, não exerceu a profissão por não poder suportar viver confinado em escritórios.


Tabacaria - análise

01 - O niilismo

Talvez seja o poema mais conhecido de Álvaro de Campos. Oscilando entre o mundo interior e a realidade cósmica, universal, o poeta trata, ao mesmo tempo, da angústia com o quotidiano e dos sonhos de libertação. Isso pode ser observado a partir dos primeiros versos, cujo sentido vai se constituir na base de todo seu poema. 

Repare que o poeta é absolutamente niilista em relação a si próprio (“não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso querer ser nada”), mas, em compensação, ele sabe que tem “todos os sonhos do mundo”. 

Fechado em seu quarto, solitário, o eu-poético contempla uma rua, onde percebe um mistério, que é a morte e o destino que ninguém vê. Essa percepção extraordinária das coisas se dá devido à sua grande capacidade imaginativa, que o faz ver o que os outros não podem ver.

02 - A utopia inútil

Vivendo seus sonhos, ele procura esquecer toda aprendizagem (isto é, aquilo tudo que aprendeu com os homens) e parte em busca da natureza, contudo essa solução não o satisfaz, na medida em que se sente desconfortável em qualquer lugar que esteja (“estrangeiro aqui, como em toda parte”, dirá o poeta em outro poema). 

Álvaro de Campos é radicalmente diferente de Alberto Caeiro (e mesmo de Ricardo Reis); a sua angústia, a sua lucidez não permitem que seja inocente, natural. Voltar à natureza torna-se uma utopia inútil. 

Na sequência, o poeta volta a opor a fantástica capacidade de sonhar à limitação do mundo exterior. Mas a sensação de euforia com o sonho não dura muito; mais adiante do poema, ele toma consciência de que os sonhos nada valem, pois as aspirações altas e nobres e lúcidas talvez nem vejam a luz do sol, nem atinjam ouvidos de gente. 

Na verdade, “O mundo é para quem nasce para o conquistar / E não para quem sonha que pode conquistá-lo”, ainda que tenha razão. Por isso, apesar de ter conquistado mais do que o grande conquistador Napoleão, de ter amado mais do que Cristo e de ter filosofado mais que Kant, isso de nada vale, na medida em que tudo se processou na imaginação. 

Para expressar essa sua impotência perante a realidade, Álvaro de Campos serve-se da imagem do homem que espera que lhe abram a porta numa parede sem porta, ou do homem que tenta fazer que sua voz chegue até Deus, cantando dentro de um poço tapado.

03 - O Pensar é doloroso

Assim, o poeta vê-se como um “escravo cardíaco de estrelas”, ou seja, uma pessoa que sonha com as estrelas e sofre de uma doença cardíaca, que o impede de ter emoções fortes, ou como quem só conquista tudo em sonhos. O resultado é um distanciamento cada vez maior da realidade, do mundo visível. 

A consciência disso causa-lhe um cansaço, um sofrimento, de maneira que passa a invejar uma menina que come chocolates inocentemente. Nesse momento, Álvaro de Campos toca num aspecto que é uma constante na obra de Fernando Pessoa: pensar é doloroso, por impedir o homem de ser feliz. 

Na outra estrofe, ao sentir o vazio dentro se si, o poeta procura alguma coisa que o inspire. Por isso recorre a musas inspiradoras do passado, mas a sensação de vazio continua a mesma, já que seu “coração é um balde despejado”.

04 - A angústia

Na realidade, Álvaro de Campos expressa aqui a angústia do homem moderno, que não encontra mais ponto de apoio para as suas inquietações e, por isso mesmo, se entrega ao desespero. Essa consciência da inutilidade de tudo leva Campos a sentir-se um exilado, um ser à parte em relação à humanidade. 

Ele imagina o mundo como se fosse um teatro, onde todos representam e o “eu” é o único que não sabe nem pode representar. Devido a isso, o seu lugar no teatro é no vestiário e nunca no palco.

05 - A solidão

Os versos finais do poema colocam frente a frente o eu-poético e o dono da tabacaria que representa o homem comum, o homem sem inquietações metafísicas. Ao vê-lo, o poeta experimenta uma sensação de desconforto e passa a ter a sensação da absoluta inutilidade de tudo, até da própria poesia. O poema fecha com a absoluta solidão do poeta, que tem consciência de que nada vale a pena, enquanto o dono da tabacaria, sem consciência alguma do que o rodeia, apenas sorri.

A pornografia e a violência contra as mulheres 1ª parte

Como a pornografia distorce o sexo e incita violência contra mulheres

1ª Parte

Fonte: Jornal Estado de Minas

Tapa na cara, garganta profunda, simulações de estupro e mulheres sendo violentadas das mais diversas formas são roteiros padrões de um filme pornô. Performances que  acabam educando de forma distorcida sobre o que é sexo e consentimento, além de normalizar a violência contra mulher. 

Na reportagem da série Violências para o canal #PRAENTENDER, o jornal Estado de Minas conversa com uma psicóloga e ativistas antipornografia para debater os efeitos desses conteúdos na nossa sociedade. E, acredite: assistindo ou não pornografia, ela pode afetar seu namoro, casamento e qualquer relação sexual.

Assistir a um vídeo pornô pode até parecer um gesto inofensivo, algo só para entretenimento e prazer. Mas, não é. O consumidor desses conteúdos não só contribui com uma indústria bilionária, que lucra com a exploração do papel da mulher e até de crianças, como aprende que aquilo é sexo.

 “A pornografia afeta o sexo em tudo. Quando falamos que a indústria da moda influencia a nossa roupa, todo mundo concorda. Quando falo que a indústria do sexo influencia no nosso sexo, as pessoas falam 'não'. Mas, sim. Os nossos padrões do que é legal ou não no sexo foram moldados pela indústria pornográfica”, afirma Izabella Forzani, advogada e administradora da página Recuse a Clicar, que atua na conscientização sobre os impactos da pornografia na sociedade.

No Brasil, 22 milhões de pessoas assumem consumir pornografia, segundo pesquisa divulgada pelo canal Sexy Hot. A maioria (76%) são homens e 24% mulheres. Os números também revelam que mais da metade desse público (58%) é composta por jovens abaixo dos 35 anos. Durante a pandemia, os acessos a vídeos pornográficos dispararam.

Levantamento do Pornhub, site mais visitado no mundo, mostra que na primeira quinzena de março, mês que marcou o início do isolamento social em várias cidades brasileiras, o número de pessoas que viram vídeos no Pornhub subiu 13% em relação ao começo de fevereiro. A média diária de acessos no Brasil aumentou desde então e, até meados de julho, o uso apenas desse site de pornografia já havia crescido quase 40%. A taxa de aumento varia conforme o país, em maior ou menor escala, mas a alta foi geral.


Fonte do Vídeo no Youtube: Portal Uai

 Vídeo:  #PRA ENTENDER  : Como a pornografia incita a violência contras as mulheres

Assistindo ou não pornografia, ela pode afetar seu namoro, casamento ou qualquer relação sexual. Saiba o que dizem especialistas sobre a influência de conteúdos pornográficos na sociedade.

No Brasil, 22 milhões de pessoas assumem consumir pornografia: 76% delas são homens e 24% mulheres. A maior parte desse público, 58%, é composta por jovens abaixo dos 35 anos.



A pornografia e a violência contra as mulheres 2ª parte

Como a pornografia distorce o sexo e incita violência contra mulheres

2ª Parte

Fonte: Jornal Estado de Minas

Prazer ou performance?

Quantas vezes você já reproduziu posições desconfortáveis ou usou de agressividade como inspiração no sexo só por que viu em um vídeo pornô? Agora, você já se perguntou e perguntou para sua parceira se aquela performance toda dá e proporciona prazer? Pois é, por trás dos malabarismos de posições sexuais do pornô se escondem armadilhas que só distanciam os enredos eróticos da vida real.

“O filme pornô ensina uma performance sexual que é péssima. O homem aprende a sentir prazer ao gozar com a sua própria performance. O homem transa com a performance dele. É um monólogo narcísico. E a mulher finge muito para devolver o espelho de masculinidade dele para ele se sentir bom, para ele continuar a desejando. E, normalmente, o que se ensina no filme pornô não proporciona prazer à mulher”, afirma Valeska Zanello, professora do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília.


Fonte do vídeo no Youtube: Portal Uai

Vídeo: PraEntender: A pressão estética sobre as mulheres

Neste vídeo você vai entender como a pressão estética afeta a saúde física e mental das mulheres. O problema é tão antigo quanto atual. Mas com o aumento da exposição nas redes sociais, o dilema tem ganhado dimensões ainda maiores e atingido mulheres cada vez mais jovens. A ponto de crianças já estarem insatisfeitas com o próprio corpo.




A pornografia e a violência contra as mulheres 3ª parte

Como a pornografia distorce o sexo e incita violência contra mulheres

3ª Parte

Fonte: Jornal Estado de Minas 

Erotização da violência

O pornô também erotiza a ausência do consentimento feminino. “É extremamente comum vídeos que mostram a 'forçação' de barra, simulações de estupro ou com homens que pressionam até a mulher ceder. Além disso tudo, ainda tem vídeos que mostram relações com mulheres drogadas, bêbadas, dormindo e, até mesmo, mortas”, comenta Izabella Forzani, do Recuse a Clicar.

Artigo publicado no Journal on Sexual Exploitation and Violence aponta que o infinito fornecimento de novas imagens que podem ser clicadas em segundos fundiram os conceitos de sexo e violência.

"Nós mulheres não aprendemos a desejar. Aprendemos a nos tornar desejáveis. E a gente sente prazer não pelo desejo que a gente tem pelo homem. Mas, pelo desejo que estamos provocando nele. Mulheres sentem prazer ao serem desejadas" (Valeska Zanello, professora do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília)

Pesquisas sobre filmes populares da pornografia revelaram que em 88% das cenas havia agressão verbal ou física, geralmente contra a mulher. “Acho muito sintomático que hoje meninas adorem apanhar no sexo. Será que é realmente natural? Ou será que são meninas e meninos que foram criados a partir de sexo violento que temos na pornografia?”, questiona Izabella (Recuse a Clicar).

Fonte do Vídeo: Rádio Acesa 
Acesse o site radioacesablogspot para ler a matéria completa do vídeo abaixo:

Dossiê Mulher: mais de 98 mil mulheres foram vítimas de violência no ano passado




A pornografia e a violência contra as mulheres 4ª parte

Como a pornografia distorce o sexo e incita violência contra mulheres

4ª Parte

Fonte: Jornal Estado de Minas

Padrão irreal de beleza

A pornografia reforça padrões irreais de beleza. A regra são mulheres jovens, sem pêlos, brancas, magras, genitálias rosadas e seios grandes, simetrias estéticas que o público masculino deseja. O que não se enquadra nessa lista é considerado exótico ou fetiche, como mulheres negras, gordas, asiáticas e lésbicas, por exemplo. “A pornografia não inventou, mas os reforça padrões de beleza a todo o tempo. E as pessoas que acabam saindo desse padrão têm a autoestima muito afetada. Se vende (na pornografia) que aquele tipo de corpo é o corpo atraente”, explica  Izabella Forzani (Recuse a clicar).

Para os homens, a figura que representa masculinidade nas imagens também pode ser bem prejudicial. “A pornografia também traz o padrão do corpo masculino irreal. O pênis de um homem pode ser problemático para eles, como homens que não iniciam a vida sexual ativa por vergonha do pênis, que não corresponde ao que ele vê”, comenta a advogada e administradora da página Recuse a Clicar.

Outro efeito devastador da pornografia é como ela objetifica a mulher. No roteiro de um filme pornô, a mulher na maioria absoluta dos casos só existe para dar prazer ao homem. É submissa, tem seus desejos ignorados, é violentada e infantilizada. Na lógica da educação sexual às avessas, a mulher também pode aprender com a pornografia a reproduzir performances e, muitas vezes, a fingir prazer dentro desse cenário violento. E nesse jogo de encenação, a mulher incorpora o papel de ser um objeto.

“Nós mulheres não aprendemos a desejar. Aprendemos a nos tornar desejáveis. E a gente sente prazer não pelo desejo que a gente tem pelo homem. Mas, pelo desejo que estamos provocando nele. Mulheres sentem prazer ao serem desejadas”, afirma a doutora em psicologia Valeska Zanello. “Mulheres aprendem a sentir prazer em serem consideradas objeto muito desejado. A auto-objetificação é resultado desse processo”, acrescenta.

Fonte do vídeo no Youtube: Portal Uai

Advogada, socióloga e vítima de agressão sexual explicam como a sociedade compactua com a violência contra as mulheres. Brasil tem um caso de estupro a cada 8 minutos.







 

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Quintas ao Vivo com o Choro das 3 - Live do Forró



LIVES Quintas/Thursdays - 21H - 9pm (Brazil Time).

Corina Meyer Ferreira - flauta
Eduardo  Ferreira - pandeiro
Elisa Meyer Ferreira - bandolim
Lia Meyer Ferreira - violão de 7 cordas

Participação especial:
Antonio Freire, voz e violão
Borracha, triângulo
José de Sá, zabumba
Leroy Amendola - Acordeon

Este sensacional grupo que divulga a cultura musical nacional, lamentavelmente perdeu em junho/21 para o COVID o músico e pai das três meninas - Eduardo Ferreira. 

Choro das 3 é um conjunto musical instrumental brasileiro de choro. Criado em 2002 tendo em sua formação básica as irmãs Corina (flauta transversal), Elisa (bandolim, clarinete, banjo e piano) e Lia Meyer Ferreira (violão de 6 e 7 cordas), juntamente com o pai Eduardo Ferreira no pandeiro e percussão. É característica marcante do grupo, também, a presença de diversos músicos convidados em shows e nas gravações.

A origem do grupo está ligada a um disco de Altamiro Carrilho que a irmã mais velha, Corina, ouviu quando ainda criança, e que a motivou a estudar flauta. As irmãs a acompanharam na escolha pela música e o pai, Eduardo, as incentivou, levando-as a São Paulo aos finais de semana para assistirem a rodas de choro. Em pouco tempo estavam não só assistindo mas também participando. O grupo foi formado em 2002 com as irmãs ainda jovens (Corina tinha 14 anos, Lia 12 anos e Elisa apenas 9 anos).

Em 2003 venceram o primeiro prêmio do 1º Festival de Música Adoniran Barbosa, promovido pela Secretaria Estadual da Educação de São Paulo.[1]

Em 2008 lançaram pela Som Livre o primeiro CD do grupo, intitulado Meu Brasil Brasileiro. Este álbum foi produzido, gravado e mixado pelo grupo em estúdio próprio. Trouxe regravações de clássicos como "Aquarela do Brasil", "Carinhoso" e "Tico-tico no fubá" e incluiu, também, gravações inéditas de autoria do próprio grupo, como o Choro "Bolinha de Gude", composto pela Elisa. Outra música de destaque é a versão chorada da "Alla Turca", de Mozart. Neste primeiro trabalho, contaram com a presença do cavaquinista Adriano Andrade. O CD rendeu ao grupo o Prêmio de Melhor Grupo de Música Popular de 2008 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Esta foi a primeira vez que um grupo instrumental recebeu a homenagem em mais de 50 anos da premiação.

Em 2012 lançaram o álbum Escorregando, primeiro álbum produzido pelo selo Macolé. O álbum contou com diversas participações especiais de músicos convidados. O título remete à composição homônima de Ernesto Nazareth. Contendo músicas de autores nacionais consagrados, como Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Tia Amélia, Anacleto de Medeiros e Paulino Sacramento, inclui também a canção "Assobiando", composta pela bandolinista do grupo, Elisa. O álbum Escorregando marca também o início da projeção internacional do grupo, pois foi com este trabalho que o grupo viajou para a França para a participação no Festival International de Mandolines de Lunel. Para as gravações, contaram com as participações dos músicos Pacheco, Toninho Gallani, Arnaldinho, Joãozinho, Sérgio Ribeiro, Rosa Garbim, José V. de Aragão, Barão do pandeiro e Sérgio Ribeiro.

No ano seguinte, 2013, o grupo lança o álbum Boas Novas, caracterizado por trazer apenas composições inéditas. Além de composições das três irmãs, o álbum traz também trabalhos de Paulo Costa (Pacco), Paulo Fasanaro, Pacheco, Gallani, Arnaldinho, Zé Barbeiro e Fernando Brandão. Com este trabalho o Choro das 3 realiza sua primeira turnê pelos Estados Unidos. Como músicos convidados, atuaram nas gravações Arnaldinho, José V. de Aragão, Pacheco, Ângelo Mauro, Renato Cardoso, Rosa Garbim e Diego Garbim.

O trabalho iniciado com o Boas Novas tem continuidade no álbum Boca de Goiaba, lançado em 2014. Este álbum, além de trazer diversas composições inéditas, apresenta também uma maior mistura de influências, como no baião Teiú ou no frevo que dá título ao disco. Há também a presença de composições mais clássicas, como "Minha Primeira Valsa" e "Dança Russa". Tal como no trabalho anterior, este álbum é lançado primeiro em uma turnê pelos Estados Unidos. Durante esta turnê, Elisa compõe as canções de seu primeiro trabalho solo ao piano, reunidas no álbum "Dias de Verão", produzido também pelo selo Macolé. Após a turnê pelos EUA, em novembro de 2014 o CD Boca de Goiaba foi lançado no Brasil em um show realizado no Centro Brasileiro Britânico (CBB, Brazilian British Centre), que teve auditório lotado. Neste álbum estão presentes 6 faixas compostas pelos integrantes do Choro das 3 e mais 8 faixas dos compositores Pacheco, Paulo Fasanaro e Fernando Brandão.

Em 2015, mantendo o mesmo modo de trabalho, é lançado em turnê pelos EUA o álbum Pé de Choro, que em novembro do mesmo ano é lançado no Brasil com um show no Centro Brasileiro Britânico. São 5 faixas de autoria do próprio grupo, 4 faixas de autoria de Pacheco e 5 de autoria de Paulo Fasanaro. Participaram também os músicos brasileiros Pacheco, Conrado Bruno de Oliveira, Arnaldinho, Thadeu Romano, Stanley Carvalho, Gustavo Mosca, Renato Cardoso, Carlos Martin, Giselly Maldonado, Guilherme Cendrelli, Isaias Alves e Raphael Sampaio. Este álbum contou também com a presença dos convidados internacionais Ted Falcon (EUA) tocando violino na faixa "George, o grilo" e Ilya Portnov (Rússia) tocando gaita diatônica na faixa "Pé de Frango".



domingo, 17 de outubro de 2021

O homem com sorriso enigmático


O relato abaixo supostamente contém a íntegra do noticiário sideral captado pelo jornal AVY, da rede intergaláctica de Ceres. Segundo testemunhas e envolvidos, o caso aconteceu no distante Pragmatistão, um país emergente do leste setentrional do planeta Loft, do sistema binário eclipsante de Delirium de Franjor, na galáxia de Andrômeda.  

Numa bela manhã da segunda estação climática, um homem saiu de casa com um sorriso estranho, daqueles enigmáticos. Aquilo não poderia ser normal, pensou o vizinho neo-bourgeois. Um professor, uma merdinha de professor da rede pública de merda do Grande e Meritório Pragmatistão dando um sorriso neste nível, a esta hora da manhã? Aí tem. Deu um zoom com sua lente  LP 75-300mm, e replicou a foto das redes sociais: "professor em atitude suspeita".

Madame K, doadora de boatos por natureza e afiadíssima na criação de eventos imaginários, viu na foto a oportunidade perfeita de se vingar do primeiro amor da sua vida. Replicou com a chamada - Alerta - homem suspeito de roubar moças indefesas saiu hoje da Grande Casa da Reeducação Social. 

Gaguim Jalét, um nobre senhor do fino clero dos emprestadores de recursos e tomadores de bens, viu ali a oportunidade de cobrar uma dívida vencida e já paga e ainda ganhar alguma coisa em cima da foto. Replicou com a frase - homem pérfido, suspeito de três crimes hediondos é visto na região com seu peculiar sorriso mefistofélico.

O Oral do Trans-Triverno, uma espécie de instituição única que engloba três poderes distintos, viu a postagem, subiu ao parlatório e cobrou do Supremo Líder medidas extraordinárias contra as manifestações demoníacas no sagrado Pragmatistão.

O Grão-Flouberts, um agente da alta hierarquia, nomeado com poder supostamente análogo a um modelo de segurança e segredos de estado, acusou a possibilidade de alienígenas estarem invadindo o mais amado torreão de Loft, para roubar minerais raros e combustíveis fósseis.

Imediatamente o Arqui-Grão-Tribuno ordenou aos seus legados que fizessem busca e apreensão do homem, cujo perfil era o de um ativista belicoso, era também suspeito de liderar cerca de trinta e seis movimentos opositores ao Grande Líder Supremo, além de estar diretamente envolvido nos atentados contra o pudor e os bons costumes da leal e fraterna Pragmatistão, a pátria mais pacífica e amada de Loft.

Naquela mesma manhã da segunda estação climática, aquele homem que saiu de casa com um sorriso estranho, daqueles enigmáticos, já esboçava um ar estarrecido e desolador depois de receber o contracheque do pagamento do mês, a conta da farmácia, do supermercado, da água, da luz, do gás e do ar. Ficou igual a todos, de tal maneira que não foi reconhecido pelo Grande Observador da Paz, um colossal sistema de identificação pessoal online.

E tudo voltou ao normal ao Pragmatistão. - Onde já se viu um ente da rede pública sorrir com ares de felicidade meritória? - indagou a si Fulano Jacu'latório, um emérito alpinista da real sociedade meritória do Grande, Amado, Admirado, Temido e Meritório Pragmatistão. 

É isto aí!


Fonte da Imagem: Leonardo Da Vinci - Estudo anatômico da cabeça de um homem

Ao longo de 15 anos (de 1498 a 1513), Leonardo desenhou órgãos e elementos dos sistemas anatomofuncionais do corpo humano em um estudo que começou pela leitura das obras de autores da medicina pré-renascentista, como Galeno de Pérgamo (129-200), Mondino dei Luzzi (1270-1326) e Avicena (980-1037). Ele também participou de dissecações do corpo humano e de diversos animais. Porém, jamais terminou e publicou a obra que, segundo pesquisadores, poderia ter revolucionado a medicina mais de 20 anos antes que o belga Andreas Vesalius, considerado o “Pai da Anatomia”, publicasse seu livro “De Humani Corporis Fabrica”, em 1543, obra que marca a fase inicial dos estudos modernos sobre anatomia.

Para entender as implicações e a importância dos estudos anatômicos realizados durante o Renascimento, basta imaginar que, por quase mil anos, questões religiosas e culturais impediram o homem de explorar o próprio corpo e de entender o funcionamento da máquina humana – as dissecações para a observação direta do corpo humano não eram permitidas nem adotadas pelas escolas de medicina medievais.

Referência Bibliográfica da Imagem (UNICAMP): Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci 

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

O dia em que Lamartine Babo foi enganado na Serra da Boa esperança

O carioca Lamartine Babo, compositor de tantas marchinhas de carnaval, é considerado um dos maiores expoentes da música popular brasileira. É autor de hinos de clubes de futebol, como o do Flamengo, Vasco e Botafogo, além da célebre canção “Serra de Boa Esperança”, que tornou a cidade sul mineira conhecida em todo o país.

A história dessa música surgiu na década de 30, quando Lamartine passou a receber cartas de uma pessoa que se identificava como Nadir e dizia ser sua fã. Um dia ele foi até Boa Esperança para conhecer a suposta enamorada e descobriu que ela não existia. Na verdade que se correspondia com ele era o dentista Carlos Neto, morador de Boa Esperança.

Segundo relatos da história, Lamartine teria se divertido com a situação e os dois passaram a ser amigos. Lamartine ficou 20 dias em Boa Esperança e foi aí que surgiu a canção para a cidade.

Lamartine morreu em junho de 63, mas se tornou um ilustre cidadão de Boa Esperança. Uma sala na Casa da Cultura guarda relatos, fotos, cartas e partituras do compositor. E as homenagens não param por aí, uma rua recebeu o nome do músico e um monumento em forma de um violão foi construído em 1969 em reverência ao compositor, este foi tombado como patrimônio histórico da cidade em 97. Ele ainda inspirou o nome do troféu do Festival Nacional da Canção, que leva o nome Lamartine Babo desde sua criação.


Serra da Boa Esperança (Lamartine Babo)

Serra da Boa Esperança,
Esperança que encerra
No coração do Brasil
Um punhado de terra

No coração de quem vai,
No coração de que vem,
Serra da Boa Esperança,
Meu último bem

Parto levando saudades,
Saudades deixando,
Murchas, caídas na serra,
Bem perto de Deus

Oh, minha serra,
Eis a hora do adeus
Vou-me embora
Deixo a luz do olhar
No teu luar
Adeus!

Levo na minha cantiga
A imagem da serra
Sei que Jesus não castiga
Um poeta que erra

Nós, os poetas, erramos
Porque rimamos, também
Os nossos olhos nos olhos
De alguém que não vem

Serra da Boa Esperança,
Não tenhas receio,
Hei de guardar tua imagem
Com a graça de Deus!

Oh, minha serra,
Eis a hora do adeus,
Vou-me embora
Deixo a luz do olhar
No teu luar
Adeus!



Programa "Ensaio" TV Cultura
Fonte do Youtube: Williams 



Serra da Boa Esperança (Lamartine Babo)
Eduardo Dusek
BREGA CHIQUE - 1984
Fonte do Youtube: rioemsolmaior


Fonte Youtube: Biscoito Fino
Vídeo oficial da faixa "Serra da Boa Espera" (Ao Vivo), do álbum "Amor Festa Devoção".
Siga Maria Bethânia no Spotify: https://open.spotify.com/artist/3f5VC... 

Amor, Festa, Devoção, a turnê de Maria Bethânia que emocionou o Brasil e a Europa ao longo do último ano, ganha seu registro definitivo. Além das canções de seus 2 discos anteriores “Tua” e “Encanteria”, o repertório do show inclui grandes clássicos da carreira da intérprete, como “Explode Coração” e “O Que É, O Que É”, e sucessos de Caetano Veloso, como “Dama do Cassino”, “Não Identificado” e “Queixa”. 

No ano em que completa 45 anos de carreira, Maria Bethânia dedica este trabalho à Dona Canô. Como o título sugere, amor, festa e devoção norteiam. “São palavras que me dão norte e que têm como subtexto a fé, a esperança e a caridade, características fortes em minha mãe”, explica Bethânia – que dedica o show à sua mãe, Dona Canô. Dirigido por André Horta e Lizanne Paulo, foi gravado em março de 2010, no Vivo Rio.

Inscreva-se no canal da Biscoito Fino: https://www.youtube.com/channel/UC0MF...

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quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Maria Lucia Godoy - Bachianas 5


Maria Lúcia Godoy, que aniversariou mês passado - 97 anos,  nasceu no dia 2 de setembro de 1924, em Mesquita-MG, cidade do interior de Minas localizada no Vale do Rio Doce. Considerada a maior intérprete da obra do maestro Heitor Villa-Lobos,  mudou ainda criança para Belo Horizonte, onde se formou em Letras na Universidade Federal de Minas Gerais. 

Consagrou-se como cantora de câmara e solista sinfônica, fazendo recitais em grandes metrópoles do Brasil e do mundo e é considerada uma das maiores cantoras brasileiras de sua geração, pois reúne exímia técnica vocal a seus dons de interpretação, que lhe permitem entoar tanto obras clássicas elaboradas quanto as populares.

Iniciou seus estudos musicais com Honorina Prates e, no Rio de Janeiro, estudou com Pasquale Gambardella. Ao ganhar uma bolsa, foi para a Alemanha aperfeiçoar seus estudos. Maria Lúcia venceu inúmeros concursos e chegou a ser solista principal do Madrigal Renascentista. 

Ligada culturalmente momentos marcantes da história brasileira, cantou em homenagem ao translado dos restos mortais de dom Pedro 1º ao Brasil, no Mosteiro dos Jerônimos (Lisboa). Convidada pelo presidente Juscelino Kubitschek, apresentou-se na cerimônia de inauguração de Brasília. No enterro do Diretor Glauber Rocha cantou Bachianas brasileiras nº 5, de Villa-Lobos.

É condecorada com a Grã-Cruz da Inconfidência, pelo governo de Minas Gerais. No dia 19 de dezembro de 2002 recebeu a Medalha de Honra da UFMG em cerimônia presidia pela reitora Ana Lúcia Almeida Gazzola no auditório da reitoria da universidade. No dia 15 de setembro de 2016 recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela UFMG, em cerimônia presidida pelo Magnífico Reitor Jaime Arturo Ramírez no auditório da Reitoria da Universidade

Fonte¹ - Wikipédia

Fonte² - Rádio Itatiaia


Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente.
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Surge no infinito a lua docemente,
Enfeitando a tarde, qual meiga donzela
Que se apresta e a linda sonhadoramente,
Em anseios d'alma para ficar bela
Grita ao céu e a terra toda a Natureza!
Cala a passarada aos seus tristes queixumes
E reflete o mar toda a Sua riqueza...
Suave a luz da lua desperta agora
A cruel saudade que ri e chora!
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente
Sobre o espaço, sonhadora e bela!

Fonte Youtube: músicas para baixar 

Bachianas Brasileiras n.º 5, ou simplesmente Bachianas n.º 5, é uma composição clássica escrita por Heitor Villa-Lobos para uma combinação instrumental mais camerística, quer seja, para uma soprano e um conjunto de oito violoncelos. Trata-se da composição clássica brasileira mais conhecida no mundo, especialmente o primeiro movimento.

A obra tem apenas dois movimentos: a famosa Aria (Cantilena) que foi composta em 1938, sobre texto de Ruth Valadares Corrêa, e estreada em 25 de março de 1939, no Rio de Janeiro, com a própria Ruth Valadares sob a regência de Villa-Lobos; e o segundo movimento, Dança (Martelo), composto apenas em 1945, sobre texto do poeta Manuel Bandeira. Ou seja, percebe-se que Villa-Lobos escreveu esta composição em duas etapas. A segunda parte foi composta após Villa-Lobos ter composto a última de suas Bachianas Brasileiras, a de número nove.

A versão completa das Bachianas Brasileiras nº 5 foi estreada no dia 10 de outubro de 1947, em Paris, com a soprano Hilda Ohlin e regência do próprio Villa-Lobos. Neste mesmo ano, o compositor faria ainda uma versão da Ária, para soprano e violão e, em 1948, da obra completa, para soprano e piano..