quarta-feira, 31 de agosto de 2022
Palavrões, usar ou não usar? (Millôr Fernandes)
terça-feira, 30 de agosto de 2022
Papo de esquina - O estranho
Você se lembram daquele estranho que morava no Beco da Lavoura?
Rapaz, aquilo é que foi acontecimento. A moça que trabalhava lá na minha mãe era vizinha dele. Dizia que acordava pontualmente às 05 horas e 38 minutos. Fazia uma pequena reflexão sobre a vida e caminhava no escuro ao banheiro, sempre contando os passos para certificar de que estava no lugar certo, pois às vezes seus preceptores e hierarcas celestiais o deixavam em outro local. Já ocorrera de acordar em varias partes do planeta e até em outro planeta; nestes casos dormia novamente e reacordava em casa.
Após o banho, abençoava o Óleo de Melaleuca e ungia a si mesmo com o sinal Alfa e Ômega, na testa, sobre as sobrancelhas, sempre o Alfa sobre a sobrancelha direita e o Ômega sobre a sobrancelha esquerda. Após esta unção de abertura da mente, benzia a Água de Rosas (colhidas no sereno, em noite de lua nova), entoava um cântico ofertando aos seres celestiais a sua santidade e aspergia por sobre a cabeça, sobre a fontanela anterior, para despertar os seres benignos que habitavam seu coração.
Vestia sua calça branca de algodão cru alvejado, bem como a bata. Por sobre a cabeça um turbante revestido com papel alumínio, justaposto bem enlaçado, cuja finalidade era não perder seus pensamentos e guardar suas percepções do mundo só para si. Sandálias de couro cru completavam o vestuário espartano.
Após o desjejum, jogava os dois dados sobre um veludo negro, até dar sequência dupla de soma Sete. Cada possibilidade, sua sequencia e a ordem na qual caia, 6/1, 5/2, 4/3 tinha uma leitura, assim poderia prever quais os eventos que o aguardariam no decorrer daquele dia.
E quando saia, então? Caminhava para a porta, tocava a sineta três vezes, abria e tocava outras quatro ao fechar. Como sua casa fora construída no sentido Norte/Sul, onde Sul era a porta da entrada e o Norte a porta dos fundos, sabia exatamente que à sua esquerda estaria o Leste e à sua direita o Oeste. Desta forma, fazia o ritual de percepção energética. Erguia a mão direita espalmada para o Sul e aguardava as vibrações planetárias. A seguir erguia a mão esquerda espalmada para o Oeste e fazia também a leitura das vibrações energéticas vindas daquele ponto cardeal. Com isto determinava a frequência mais positiva e seguia neste rumo.
Fazia sua jornada sem olhar para os lados e conversando incessantemente com seus amigos não visíveis nesta dimensão. Dava a volta em duas quadras à frente que o levava na Praça da Matriz. Sentava no mesmo banco e contemplava o vazio por três horas até que um dia, enquanto meditava subiu numa escada neon aos céus à vista de todos, boquiabertos, estupefatos e abestalhados.
É isto aí!
terça-feira, 23 de agosto de 2022
Só uma oração (Caio Fábio)
Só uma oração (Caio Fábio)
Cada um aqui, cada umsexta-feira, 19 de agosto de 2022
Alma Gêmea
olhar profundo no
terça-feira, 16 de agosto de 2022
Ho’oponopono (Sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grato)
domingo, 14 de agosto de 2022
Bem aventurados sejam os pais
quarta-feira, 10 de agosto de 2022
A vida não é um conto de fadas.
Gritou por socorro e voz não saia. Levou a mão ao bolso e sacou o celular que estava descarregado. Tateou as paredes e nenhuma saliência dava-lhe o sentido de fuga. Agachou e começou a apalpar o piso. Foi uma ação instintiva. Percebeu algo feito uma alça - eu sabia - graças ao meu instinto achei uma saída.
Puxou a alça e clanc, o piso se abriu e caiu em queda livre por pelo menos três anos, sem achar um gancho, sem perceber uma mão amiga, sem se agarrar a nenhuma saliência, até que a queda foi abruptamente interrompida por um piso macio no fundo. Achara o fim do poço. agora tinha certeza. Tateou as paredes e nenhuma porta dava-lhe o sentido de fuga. Agachou e começou a apalpar o chão úmido. Foi uma ação instintiva. Percebeu algo feito uma alça - eu sabia - graças ao meu instinto achei uma saída.
Puxou a alça e plact tchup, caiu num imenso tubo cilíndrico liso e escorregadio. Desta vez desceu rápido, mas ordenado, dentro de um tobogã cilíndrico, de modo que sentia o deslocamento, via a luz, mas não tinha onde se apegar. Levou uns dois anos nesta viagem louca. A velocidade foi diminuindo até parar sobre um banco de areia. Pela primeira vez depois de anos viu estrelas e deitou para descansar daquela maratona de poços e quedas.
Acordou e o dia já ia pela metade. Percebeu-se num imenso deserto. Por instinto iria tomar a rota norte, conforme aprendera na infância, achando o sol, a sombra, etc. Refletiu com sua solidão que toda vez que se viu diante de um poço, agiu só com seus conhecimentos e instinto. Percebeu, finalmente, que seus conhecimentos foram inúteis para sair de uma crise. Sentou à sombra de si mesmo e aguardou alguém passar. Precisava de ajuda e estava disposto a ser ajudado.
Ninguém passou, o tempo passou e quatro anos depois veio a óbito, só e fraco, numa casa simples no meio do nada. Moral da História - a vida não é um conto de fadas.
Fonte da imagem: FALA!
É isto aí!