quarta-feira, 2 de abril de 2025

Carminha e Armandinho - Sinopses - I


Quando Carminha diz: 

Estou priorizando meu descanso para recarregar as energias e ser mais produtiva quando necessário, porque acredito firmemente que o autocuidado é um direito fundamental de todas as mulheres. Além disto, é essencial que nós, mulheres, reconheçamos a importância de cuidar de nós mesmas enquanto equilibramos nossas múltiplas responsabilidades. Ao fazer isso, não apenas reivindicamos nosso espaço, mas também desafiamos as normas que muitas vezes nos pressionam a colocar as necessidades dos outros à frente das nossas. O autocuidado é uma forma poderosa de empoderamento e resistência!

Ela só quer dizer:  

Eu não sou preguiçosa, só estou em modo econômico de energia.


Quando Armandinho diz: 

Não guardo mágoas. Há fases que enfatizam a minha capacidade humana de transformar desafios em oportunidades e de agir com generosidade. Assim, quando a vida apresenta dificuldades, tenho a habilidade de transformá-las em algo positivo. Essa transformação não é apenas um ato de resiliência, mas também uma manifestação natural do desejo humano de se conectar e se reconhecer no outro. Ao fazer isso, posso surpreender e inspirar aqueles ao meu redor, revelando que, mesmo nas adversidades, a solidariedade e a criatividade humana podem criar um impacto significativo na vida dos outros. Essa perspectiva valoriza a resiliência e a interconexão entre nós, fundamentais no humanismo, e lembra que, na busca por sentido, você será sempre o espelho que reflete minhas lutas e conquistas.

Ele só quer dizer: Se a vida te der limões, faça uma limonada...


É isto aí!

domingo, 30 de março de 2025

Cartas Avulsas XXVII



Reino da Pitangueira,
30 de Março de 2025
89.º dia do ano no calendário gregoriano.
Faltam 276 dias para acabar o ano..
Dia Mundial da Juventude.
Por do Sol às 17h49 min
Lua Crescente às 06h55 min
Estação Outono

Cartas de Outono são as mais tristes de escrever, disse uma das muitas vozes que coabitam em minha consciência etérea, equidistante da consciência telúrica que nestas horas desaparece para não se comprometer com minha realidade paralela, escondida em algum dos meus múltiplos universos alternativos.

Cartas de Outono doem feito um infinitivo flexionado no gerúndio.

Cartas de Outono doem e estimulam este substantivo abstrato que só existe na língua portuguesa, denominado Saudade.

Cartas de Outono, nesta existência em estado humano, transcendem o óbvio singular promovendo desde a perda súbita e transitória da consciência secundária à hipoperfusão cerebral difusa.

Cartas de Outono não deveriam existir. Quando assim o fazem, apresentam reclames que abatem os pensamentos com início súbito, curta duração e recuperação lerda.

Cartas de Outono me lembram que adoro o Outono, apesar desta complexidade existencial. Vou parar por aqui... como sabe, cartas de outono doem em mim.

É isto aí!



quinta-feira, 27 de março de 2025

Bilhetes Avulsos III


Li num carro que passou apressadamente por mim: "Vende-se 2018". Fiquei com aquele negócio na mente... refleti com profunda inconsciência, com a cabeça longe, muito antes de 2018 e conclui que jamais venderia um segundo sequer da minha vida, muito menos um ano...

Nisso vi, pensei, acho que ouvi também dentro de mim, que há dias que a gente permite aos seres extra-sensoriais, piramidais, estrambólicos, angelicais e miasmáticos, dentre tantos outros - já que somos muitos que nos habitam - a modelarem mundos paralelos aos que nos pertencem no que se denomina realidade, a fim de amenizar as saudades, ausências, angústias etc., já que não tem como modificá-las.

Vender um ano ... puxa vida ... trem de doido ...

É isto aí!


terça-feira, 25 de março de 2025

Laços de almas gêmeas

Laços de alma
são estas conexões místicas,
emocionais e profundas
entre duas pessoas

Por analogia,
é um emaranhamento quântico
concedendo que duas almas
estejam fortemente ligadas

Mas tão conectadas
que uma não poderia
ser corretamente descrita
sem a sua contra-parte

Mesmo que o destino
possa tê-las separado
por apenas uma vida
ou por bilhões de anos-luz.


É isto aí!


Fonte da imagem: TV Alagoas / Tecmundo

quinta-feira, 13 de março de 2025

A Couraça de São Patrício - Oração de São Patrício contra feitiços e malefícios



Fonte: Aleteia do Brasil, publicado em 16/01/17

A Couraça de São Patrício trata-se de uma poderosa oração de proteção contra inimigos dos mundos físico e espiritual

De acordo com a tradição, São Patrício escreveu esta oração por volta do ano 433 para invocar a proteção divina, depois de converter com êxito, do paganismo ao cristianismo, o rei irlandês e seus súditos.

A Couraça de São Patrício

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força, 
Pela invocação da Trindade,
Pela fé na Tríade,
Pela afirmação da unidade
Do Criador da Criação.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força do nascimento de Cristo em Seu batismo,
Pela força da crucificação e do sepultamento,
Pela força da ressurreição e ascensão,
Pela força da descida para o Julgamento Final.

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Pela força do amor dos Querubins,
Em obediência aos Anjos,
A serviço dos Arcanjos,
Pela esperança da ressurreição e da recompensa,

Pelas orações dos Patriarcas,
Pelas previsões dos Profetas,
Pela pregação dos Apóstolos
Pela fé dos Confessores,
Pela inocência das Virgens santas,
Pelos atos dos Bem-aventurados.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força do céu:
Luz do sol,
Clarão da lua,
Esplendor do fogo,
Pressa do relâmpago,
Presteza do vento,
Profundeza dos mares,
Firmeza da terra,
Solidez da rocha.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força de Deus a me empurrar,
Pela força de Deus a me amparar,
Pela sabedoria de Deus a me guiar,
Pelo olhar de Deus a vigiar meu caminho,
Pelo ouvido de Deus a me escutar,
Pela palavra de Deus em mim falar,
Pela mão de Deus a me guardar,
Pelo caminho de Deus à minha frente,
Pelo escudo de Deus que me protege,
Pela hóstia de Deus que me salva,
Das armadilhas do demônio,
Das tentações do vício,
De todos que me desejam mal,
Longe e perto de mim,
Agindo só ou em grupo.

Conclamo, hoje, tais forças a me protegerem contra o mal,
Contra qualquer força cruel que ameace meu corpo e minha alma,
Contra a encantação de falsos profetas,
Contra as leis negras do paganismo,
Contra as leis falsas dos hereges,
Contra a arte da idolatria,
Contra feitiços de bruxas e magos,
Contra saberes que corrompem o corpo e a alma.

Cristo guarde-me hoje,
Contra veneno, contra fogo,
Contra afogamento, contra ferimento,
Para que eu possa receber e desfrutar a recompensa.

Cristo comigo, 
Cristo à minha frente, 
Cristo atrás de mim,
Cristo em mim, 
Cristo em baixo de mim, 
Cristo acima de mim,
Cristo à minha direita, 
Cristo à minha esquerda,
Cristo ao me deitar,
Cristo ao me sentar,
Cristo ao me levantar,
Cristo no coração de todos os que pensarem em mim,
Cristo na boca de todos que falarem em mim,
Cristo em todos os olhos que me virem,
Cristo em todos os ouvidos que me ouvirem.

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força, 
pela invocação da Trindade,
Pela fé na Tríade,
Pela afirmação da Unidade,
Pelo Criador da Criação.

quarta-feira, 12 de março de 2025

Mulholland Drive



Por que Mulholland Drive de David Lynch é o melhor filme do século XXI

17 de janeiro de 2025
Lucas Buckmaster


Ele intrigou muitos espectadores, mas encantou os críticos. Explicamos por que Mulholland Drive, do falecido e grande David Lynch, liderou a pesquisa da BBC Culture para encontrar os maiores filmes do século XXI.

O cinema nos primeiros anos do século XXI tem passado por uma espécie de crise existencial. Termos como "semelhante à TV" ou "televisionesco" já foram concebidos como insultos; agora, em um período que viu o renascimento e a chamada nova "era de ouro" da televisão, esse não é mais o caso. Então, se a televisão evoluiu a um ponto em que não é mais considerada uma forma de arte inferior, o que isso significa para o cinema?

Alamy A relação mutável entre Betty (Naomi Watts) e Rita (Laura Harring) está no centro de Mulholland Drive (Crédito: Alamy)Alamy
A relação mutável entre Betty (Naomi Watts) e Rita (Laura Harring) está no centro de Mulholland Drive (Crédito: Alamy)

Talvez não seja coincidência que o alucinante drama de mistério Mullholland Drive, do falecido David Lynch, tenha sido nomeado pela pesquisa de críticos da BBC Culture  em 2016 como o melhor filme do século até agora. Suas raízes estão na televisão: o filme começou como um piloto de TV fracassado e foi recuperado em formato de longa-metragem.

Mulholland Drive é um comentário brilhante sobre as maquinações de Hollywood
A própria história problemática de Mulholland Drive, e a política de estúdio e os jogos de poder retratados por Lynch no próprio filme, dificilmente parecem coincidências. Sob seu verniz onírico, Mulholland Drive é um comentário brilhante sobre as maquinações de Hollywood, pelo menos em parte informado por seus próprios infortúnios.

'Dia dos Namorados Dissimulado'
Começando a vida durante o desenvolvimento do seriado cult de Lynch, Twin Peaks, o diretor finalmente lançou uma ideia para Mulholland Drive como uma série em 1998. Ele recebeu sinal verde da rede de TV a cabo americana ABC, que esperava replicar o sucesso da série de mistério de cidade pequena do diretor.

A ABC não ficou impressionada com o primeiro episódio, que eles consideraram lento e prolongado – 37 minutos a mais para caber em um horário de TV convencional. Eles também se opuseram a várias coisas capturadas na filmagem, incluindo um close-up extremo de excremento de cachorro. No início de 2000, Lynch conseguiu resgatar o projeto ao concordar em transformar Mulholland Drive em um longa-metragem, equipado com um orçamento duas vezes maior que o tamanho original.

Alamy David Lynch dá instruções a Laura Harring e Justin Theroux no set de Mulholland Drive (Crédito: United Archives GMbH: Alamy)Alamy

David Lynch dá instruções a Laura Harring e Justin Theroux no set de Mulholland Drive (Crédito: United Archives GMbH: Alamy)

Um dos vários personagens pequenos e obscuros é o misterioso Sr. Roque (Michael J Anderson), que parece controlar Hollywood de uma cadeira de rodas em seu escritório sombrio. Uma das tramas envolve um diretor famoso (Justin Theroux) que é intimidado a escalar uma atriz principal que os poderosos querem para seu novo filme, mas ele não o faz. 

Infundindo Mulholland Drive com comentários pontuais, talvez pessimistas, sobre as forças de mercado em Hollywood, mas também enchendo-o de imagens sedutoras, Lynch criou um pacote muito atraente para os críticos. Eles podiam se perder no ambiente onírico enquanto estavam envolvidos em um exercício intelectual profundamente crítico das realidades comerciais da produção cinematográfica: uma espécie de cartão postal indireto para Tinsel Town.

Interpretação de sonhos

A personagem mais próxima de uma protagonista que Mulholland Drive tem é Betty Elms (Naomi Watts), uma atriz alegre e aspirante que chega à cidade em busca de trabalho. O sorriso despreocupado acabará desaparecendo de seu rosto. Betty conhece a bela Rita (Laura Harring), de cabelos escuros e olhos de corça, que tropeça na Mulholland Drive após sobreviver a um acidente de carro. A experiência a deixou amnésica.

Alamy A personagem amnésica 'Rita' se dá esse nome após notar um pôster do filme Gilda, estrelado por Rita Hayworth (Crédito: Alamy)Alamy

A personagem amnésica 'Rita' se dá esse nome após notar um pôster do filme Gilda, estrelado por Rita Hayworth (Crédito: Alamy)

Rita não sabe seu próprio nome. Na verdade, ela se chama de "Rita" somente após olhar um pôster de um filme antigo de Rita Hayworth, Gilda, de 1946. Sua busca para descobrir informações sobre seu passado, juntamente com a jornada de Betty para conseguir trabalho como atriz, acontece em meio a uma tapeçaria de outras histórias, que se desenrolam como vinhetas, algumas durando apenas uma ou duas cenas.

Em uma discussão sobre o melhor filme recebido pela crítica até agora no novo século, talvez insights possam ser obtidos por comparações com o melhor filme recebido pela crítica do anterior. O título que repetidamente chega ao topo ou perto do topo da lista é Cidadão Kane, a estimada estreia do escritor/diretor Orson Welles em 1941 – a pesquisa de críticos da BBC Culture de 2015 dos 100 maiores filmes americanos colocou Kane em primeiro lugar.

Se Kane pode ser visto como um ensaio sobre os detalhes básicos da produção cinematográfica – uma aula magistral em processos técnicos, da montagem ao foco profundo, dissoluções e manipulação da mise en scène – o apelo de Mulholland Drive é mais temático e conceitual. É menos uma demonstração de como o grande cinema é alcançado do que o que o grande cinema pode alcançar, sua capacidade para ideias aparentemente infinita. 

Não há explicação. Pode nem haver mistério – Roger Ebert
Os temas de Lynch são selvagens e não convencionais: sonhos materializados; bolhas de pensamento malucas trazidas à vida. Enquanto o grande filme de Orson Welles começa com um breve momento de surrealismo – envolvendo um globo de neve e a palavra enigmática "Rosebud" – mas então prossegue de uma maneira mais direta, Lynch mantém a atmosfera surreal por toda parte. Nesse sentido, Mulholland Drive continua de onde Cidadão Kane parou. 

Suas qualidades oníricas dão origem a muitas coisas confusas e inexplicáveis ​​que naturalmente encorajam a interpretação. Mas como o crítico Roger Ebert, um dos maiores campeões do filme, observou : "Não há explicação. Pode nem haver mistério."

Alamy Mulholland Drive apresenta vários interlúdios musicais memoráveis, incluindo interpretações de canções pop dos anos 1960 que, de alguma forma, conseguem ser kitsch e sinistras (Crédito: Alamy)Alamy
Mulholland Drive apresenta vários interlúdios musicais memoráveis, incluindo interpretações de canções pop dos anos 1960 que, de alguma forma, conseguem ser kitsch e sinistras (Crédito: Alamy)
O filme é, sem dúvida, desafiador. Tangentes interessantes da trama são cortadas como membros; personagens aparecem e desaparecem. No final do tempo de execução, após uma cena que parece mostrá-la acordando de um sonho, a protagonista se transforma, inexplicavelmente, da otimista Betty para uma atriz fracassada e de aparência assombrada chamada Diane. 

"Não há banda"
Mas são os pequenos momentos autocontidos que permanecem por mais tempo na memória, e que dão ao filme uma textura de mosaico. O maior deles é a famosa cena do Club Silencio, um trecho de filme verdadeiramente inesquecível. É tanto uma experiência sensorial suntuosa quanto um exercício autorreflexivo, levantando o capô do filme para que possamos inspecionar os pedaços e partes móveis dentro dele. 

Na cena, o MC de uma boate surreal sobe ao palco. " No hay banda! " ele exclama: "Não há banda". Ou seja, todos os sons que o público ouve foram pré-gravados; eles parecem reais, mas são uma ilusão. Os espectadores são, no entanto, arrebatados por uma emocionante versão em espanhol de uma música de Roy Orbison – linda, de partir o coração e hipnotizante – antes que o cantor caia morto de repente e seja arrastado para longe. 

O efeito é completa e requintadamente deslocante. Lynch evoca uma ilusão enquanto reconhece a prestidigitação necessária para nos fazer acreditar nela. A magia dos sonhos, em outras palavras, ao lado da magia dos filmes: uma forma iminentemente mais dissecável do que a outra. 

Incentivar o público a participar dessa análise – dessa dissecação – é um exercício que atrai críticos como mariposas para a luz. Há algo infinitamente fascinante em um filme que prioriza perguntas em vez de respostas, ampliando nossas expectativas sobre o que o cinema pode alcançar enquanto cena por cena também fornece uma experiência ricamente gratificante. Talvez o maior mistério de todos seja como diabos Lynch conseguiu isso. 

Este artigo foi publicado originalmente em 2016.

Dados Wikipédia

" Crying " é uma canção escrita por Roy Orbison e Joe Melson para o terceiro álbum de estúdio de Orbison de mesmo nome (1962). Lançada em 1961, foi um hit número 2 nos EUA para Orbison e foi regravada em 1978 por Don McLean , cuja versão foi para o número 1 no Reino Unido em 1980.

O cineasta David Lynch criou a cena no filme neo-noir Mulholland Drive em que Del Rio canta no Club Silencio depois de ouvi-la cantar " Llorando " em seu estúdio em casa por sugestão do agente musical Brian Loucks. Lynch então a convidou para se apresentar no filme. Lynch chamou isso de "um feliz acidente". A interpretação emocional da música por Del Rio inspirou a criação e o desenvolvimento da cena em si. Em seu livro The Impossible David Lynch , Todd McGowan descreve a performance de Del Rio com a frase "a voz como o objeto impossível". Na cena da boate, Del Rio é apresentada como "La Llorona de Los Ángeles" (Mulher Chorona de Los Angeles), que canta a música em um estupor depressivo, apenas para desmaiar no palco enquanto a música continua tocando. A crítica de cinema Zina Giannopoulou interpreta a interpretação da canção e a morte (simbólica) da cantora como um paralelo à relação entre as duas personagens femininas doppelgänger , Diane/Betty e Rita/Camilla.




sexta-feira, 7 de março de 2025

Cartas de Amor XCI



Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul

Querida, nosso amor é um fenômeno farmaco-neurobiológico

Calma meu bem, calma ... isto, muita calma... deu que hoje acordei com este ímpeto farmacêutico e resolvi trazer à tona nossos vínculos quando alinhados com nossas emoções de coexistirmos.

Saiba que você fica linda quando assustada pelas palavras que guardo em sua boca. Inspire, respire, inspire, respire ... assim, bem devagar. Lembra de quando viajamos até o Rio de Janeiro e choveu os três dias? Aquilo foi tramado pela nossa alta expectativa hormonal e tratou-se de uma quebra do dorama psicofarmaceutico que a natureza impôs e não estava de acordo com a nossa conduta potencializada. Na prática, longe de ser um padrão de normalidade, é chamada de inibição por quebra de catecolaminas excitadas.

Quando penso em você e fecho os olhos de saudade, meu o cérebro libera neurotransmissores, tais como a beta-feniletilamina, este potente gatilho químico da paixão, que acelera o fluxo de informação entre neurônios; e então sou inundado pelo seu cheiro de amor.

Logo a seguir o corpo aquece, a adrenalina e a noradrenalina juntamente com a dopamina e a norepinefrina produzem em todo meu ser uma sensação de estar tonto, energizado e eufórico. Nestes dias presencio a diminuição do apetite e aparece a insônia. Daí, as serotoninas  subjacentes à paixão avassaladora liberam a censura associada a pensamentos obsessivos e ao sonhar acordado com você.

Enquanto singra lépida, graciosa, alegre, feliz e risonha pelos meus  delírios farmacocinéticos e neurofarmacológicos após a ânsia dos primeiros pensamentos, sabendo que aí dentro(do seu coração) mora um pedaço de mim, a  oxitocina, um neuropeptídeo produzido no hipotálamo, me faz sentir seu carinho, suas carícias e sua pele conjugando as nossas existências.

Querida, eu não sei não amar você! Um cafuné no cabelo, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

É isto aí!

 





sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Cartas Avulsas XXVI

 

Reino da Pitangueira,

28 de Fevereiro de 2025
59.º dia do ano no calendário gregoriano.
Faltam 306 dias para acabar o ano.
Nesta data, em 1953 — James Watson e Francis Crick anunciam a amigos que determinaram a estrutura química do DNA
Por do Sol às 18h17 min
Lua Nova às 06h13
Estação Verão

Querida, temos que falar deste amor e rever nossas emoções!

Saiba que a química do amor é um fenômeno genético, neurobiológico, espiritual, adâmico, neandertal, filológico, egoísta e pan-heterodoxo, mais em função do desvio de padrões ou crenças aceitas ou recusadas, onde cada um fica no seu quadrado até que o amor aconteça. Aí, meu bem, haja o que hajar, como imortalizou-se naquela tatuagem sobressaltada de comandos cifrados e enigmáticos de causas e efeitos neurossensoriais.

A química do amor tem poder e valores fulminantes e viciantes. É plural e não permite a frenagem na aceleração dos sentimentos. Quando o amor acontece, a ladeira fica íngreme e tudo que se pode fazer é procurar manter a direção.

Saiba, meu bem, que a química do amor é uma tempestade de substâncias no cérebro. Por exemplo, a feniletilamina, também conhecida no circuito das paixões como o “gatilho químico” do querer e desejar, acelera o fluxo de informação entre neurônios, mas felizmente dura pouco, mas é tão bom que logo vicia, daí esta aflição permanente de querer a pessoa mais e mais.

Enfim, a paixão é um estado de alteração mental e física, capaz de nos embriagar, entorpecer, delirar, amar, sonhar de forma infinita enquanto dure a ação da Adrenalina, da Dopamina, Norepinefrina, Serotonina, Ocitocina, Vasopressina e tantos outros hormônios que fazem nossa vida valer a pena.


É isto aí!
Até um dia outra vez!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Bilhetes avulsos II



Era você, sempre fora você nesse pretérito mais que perfeito sem presente nem futuro e eu, aqui por todo tempo, mergulhado no imenso vazio deste hiato.

É isto aí!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Bilhetes avulsos


Esta saudade é um dos pilares da tristeza que elucida e descreve o comportamento da minha memória devido à sua ausência em escalas extremamente curtas, perpassando ora onda, ora partícula feito uma mecânica quântica inserida no presente do subjuntivo.

Por causa disto ou não, não sei, sei lá, vai saber, preciso acreditar (sempre) que minha melhor versão está no futuro e que meu melhor roteiro um dia há de ser escrito, já que minha melhor edição ainda será realizada.

Volta, vem viver outra vez ao meu lado ...

Cantor: Hélio Delmiro (RJ)
Youtube: Ed Santana

Quantas noites não durmo
A rolar-me na cama,
A sentir tantas coisas
Que a gente não pode explicar
Quando ama?

O calor das cobertas
Não me aquece direito...
Não há nada no mundo
Que possa afastar
Esse frio do meu peito.

Volta!
Vem viver outra vez ao meu lado!
Não consigo dormir sem teu braço,
Pois meu corpo está acostumado...

(Lupicínio Rodrigues)

 



sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Vera Cruz do Marmelar

 https://www.youtube.com/shorts/KnncB9wuPR0


Vera Cruz (também conhecida por Vera Cruz de Marmelar) é uma povoação portuguesa sede da Freguesia de Vera Cruz do Município de Portel, freguesia com 44,58 km² de área e 378 habitantes (censo de 2021), tendo, por isso, uma densidade populacional de 8,5 hab./km².

Freguesia histórica, muito antiga, que em 1257, quando D. João Peres de Aboim chegou a estas terras, possivelmente já existia o Mosteiro de Vera Cruz, o monumento mais antigo do município, que deve a sua fama à Relíquia do Santo Lenho, trazida por um cavaleiro depois da Sétima Cruzada.










sábado, 25 de janeiro de 2025

Papo de esquina - Casos de família - Janeiro 2025



01 - Tio Juquinha era um homem silente, discreto e recatado. Casado com Tia Iracema, eram o casal perfeito da família. Um dia Tio Juquinha encontrou com Laurinha no mercado municipal. Laurinha era filha da comadre Fabiana, amiga de infância de Tia Iracema. Conversaram, conversaram, conversaram e Tio Juquinha descobriu que Laurinha estava deprimida, triste e abandonada em dívidas e problemas por causa do marido George, um mané do bairro, envolvido com uma turma de atividades ilícitas.

Deu que George, vulgo Gegê do Celta, sofreu um ferimento de projéteis anônimos e já há cerca de 20 meses, três semanas e 4 dias estaca acamado sem os movimentos das pernas e do braço direito. Tio Juquinha assumiu as despesas de Laurinha e passou a frequentar a casa para dar banho e alimentar Gegê. Daí que Tia Iracema falava que era um homem santo, até que um dia ele foi e nunca mais voltou de Laurinha, que nesta época já iam mais de 180 dias de viuvez.


02 - Tio Horácio era um fanfarrão. Adorava festas, adorava abraçar mulheres, adorava a farra, as bebidas e as pescarias. Um dia saiu para comprar pão e tia Geralda achou que ele estava estranho, mas como era já meio estranho, um pouco de estranheza a mais poderia ser considerado normal. Demorou muito para voltar. Tia Geralda ligou para a polícia, as três irmãs, até para Florisvaldo, uma paixão antiga a qual guardava em suspiros dobrados num total segredo.

Deu que naquele dia Tio Horácio pegou o ônibus e seguiu para Teresina no Piauí, onde estava Maristela, uma morena discreta que conhecera na festa de noivado da sua filha. Maristela vinha a ser a prima do noivo. Foi a primeira vez que ouviu-se falar de Teresina naquela casa e depois disto nunca mais soube-se do Tio Horácio também. - Naqueles tempos Piauí era uma terra distante, muito distante e mais nada. - Daí que Florisvado passou a rodear Tia Geralda, que deu nele de cabo de vassoura com voadoras e tapas uma três vezes, então cansou e enfim permitiu-se adsorver o deleite das águas do curso do desejo.


03 - Vovô Tatá era um sujeito esclarecido, de muita leitura. Tinha assunto para tudo. Um dia seu filho Carlinhos chegou com malas e sacolas, de mudança, com Doralina, a esposa além das duas filhas lindas ainda na infância. Vovó Ditinha bateu de frente, mandou voltarem do lugar de onde vieram. Vovô Tatá defendeu a permanência até que as coisas se arrumassem. Deu que com três dias o filho esticou as pernas no mundo, e desapareceu. 

Foi em segredo para a Europa trabalhar com um amigo íntimo, numa viagem jamais combinada com a esposa. Assim que desembarcou em Paris mandou um whatsapp dizendo - "estou bem, vim para Paris trabalhar, desculpe por tudo. Depois explico" -. Seis meses depois mandou por um intermediário um envelope que continha 250 euros e um bilhete lacônico dizendo adeus e pedindo perdão. Então, numa sequencia de episódios,  Vovó Ditinha adoeceu e perdeu o gosto da vida. Daí Doralina despediu-se das filhas em segredo e também sumiu no mundo. 

É isto aí!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Cartas Avulsas XXV

Reino da Pitangueira,
22 de Janeiro de 2025
22.º dia do ano no calendário gregoriano
Faltam 343 dias para acabar o ano.
Dia da  Chegada ao Brasil, em Salvador BA, da família real portuguesa
Por do Sol às 18h35 min
Lua Minguante às 12h40
Estação Verão

Para ser lida em 22 de Janeiro de 2031

Querida, caso esta carta tenha chegado ao seu destino, quero afirmar que sinto-me feliz por você estar bem.

Há aqui neste presente de tormentas e desesperanças vários sinais de que seriam estes os famosos finais dos tempos e que este mundo seria* (lanço mão do futuro do pretérito, visto que ele não é deste mundo material, já que o que se passa - neste caso - é uma coisa atrelada à manipulação das massas) desconspurcado das carradas de loucuras e devaneios dos agentes de extermínio de todas as células vivas capazes de reprodução in vivo* (resgatando a locução que indica o modus operandi da ação adverbial explícita neste planeta.

Como deve saber, acredito que saberia ou deveria saber, creio eu, que estou a recorrer ao futuro do pretérito neste tempo verbal do modo indicativo, no intuito de fazer referências a algo malignamente malévolo que poderia ter acontecido no seu passado, ou seja neste presente ao qual lê essa missiva. Não sei o destino do bilhões de seres vivos da linhagem adâmica que faleceriam mas - Maktub - sei que ao menos os cobradores de impostos e as prostitutas os precederiam no Reino dos Céus.

Assim sendo, ao correr os olhos neste ecrã perceberá que ouso expressar incertezas, surpresas, indignações derivadas de delírios escalafobéticos de uma turba psicótica sideral promotora de ações sequenciais de caráter antibiótico. Só para registro, apesar de acreditar desnecessário, o antibiótico aqui é de cunho literal - do grego αντί - anti+ βιοτικός - biotikos, "contra um ser vivo".

O fato é que de repente, não mais que de repente, centenas de profetas, videntes, celebridades, subcelebridades, pseudo celebridades, tubers, pitonisas, levianos, gostosinhas, astrólogos e filósofos catalães de Ba car di, dentre tantos, passaram desde 1999 até a presente data a apregoar o fim da existência humana e amedrontar a todas as classes sociais, raciais, solidárias, amigas, inimigas, ricas, pobres, nobres e plebeias, considerando aqui toda a gama das classes e subclasses sociais da A à Z, do porteiro ao magistrado, dos políticos das vilas aos iluminados do senado, dos empresários ricos, pobres, médio e acomodados, dos mestres aos antípodas existencialistas, etc etc etc.

Assim o mal penetrou pelos olhos, ouvidos e gargantas profundas da choldra, da ralé, das arraias-miúdas, dos enxurros, das escoalhas, das escórias, dos escorralhos, das escumalhas, dos frasqueiros, das gentalhas, das gentinhas, das maltas, das merdalhas, dos merdinhas, das patuleias, das plebes, dos populachos, do povaréu, da rabacuada, das rafameias, da raleia, das ralés, das sarandalhas, dos sarandalhos, dos vulgachos, dos vulgos, do zé-povinho e da súcia.

Mas se você está lendo esta carta em 22 de Janeiro de 2031, fico feliz em saber que ou foi adiado ou anulado, ou suspenso o fim do mundo, para ser julgado pela segunda turma do Tribunal de Justiça sine die... sine die ...

É isto aí!

domingo, 12 de janeiro de 2025

Onde nós estamos




Em que altura da vida 
acontece a felicidade?
Em que fase da lua
resplandece a sorte?

Em qual esquina muda
encontro seu sorriso?
Onde não estaremos 
quando nos encontrarmos?

Quando e onde perdemos
nossas versões traduzidas
sem a desfaçatez única?

Anverso às faces ruins,   
É lá, no deserto da sensatez
que a guardo, para sempre.

É isto aí!


segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Cartas Avulsas XXIV



Reino da Pitangueira,
06 de Janeiro de 2025
6.º dia do ano no calendário gregoriano
Faltam 344 dias para acabar o ano.
Dia do Reis Magos e Dia da Gratidão.
Por do Sol às 18h34 min
Lua Quarto Crescente às 20h56
Estação Verão

Cartas à Milena.

As cartas de Franz Kafka para Milena Jesenská são um testemunho profundo de amor, angústia e desejo. Milena, uma escritora e tradutora tcheca, foi, provavelmente, o grande amor da vida de Kafka. Sua relação, em grande parte platônica, aconteceu entre 1920 e 1923, enquanto Kafka lidava com problemas de saúde e dificuldades emocionais.

Conheceram-se em 1920, quando ela começou a traduzir seus textos para o tcheco e trocaram cartas durante alguns anos, com o relacionamento limitado pela distância além de serem casados e infelizes nos seus respectivos matrimônios.

Essas cartas são conhecidas por sua intensidade emocional e pela habilidade de Kafka em expressar sentimentos de maneira profundamente introspectiva e poética. As cartas cessaram em 1923, pouco antes da morte de Kafka, em 1924. Ele estava gravemente doente e a relação, embora profundamente significativa para ambos, nunca foi plenamente concretizada devido às barreiras sociais e emocionais.

São também um testemunho da complexidade e da intensidade do amor. Elas revelam não só o carinho e desejo, mas também suas inseguranças e a luta constante entre o desejo de estar com ela e a impossibilidade de viver esse amor da maneira que ele desejava. A profundidade emocional e a honestidade dessas cartas fazem algumas das mais intensas e admiradas expressões de amor da literatura.


"Querida Milena,

Eu te amo, e o que posso fazer com isso, senão escrever? Eu não tenho palavras para te dizer o quanto te amo, mas estas palavras vêm de um lugar profundo de onde só as palavras podem surgir. Se me faltam gestos, eu tento expressar tudo com o que posso — com as palavras que, talvez, falhem, mas ainda são minha única forma de te alcançar.

Em você vejo algo que não pode ser tocado, algo distante e ao mesmo tempo tão perto. Tento te amar, mas às vezes me sinto como se estivesse amando um reflexo, algo que é ao mesmo tempo real e irreal. A dor de te amar não é só minha, mas também tua, pois sei que nos fazemos mal, de algum modo, pela impossibilidade de um amor pleno.

Não há mais sentido em fugir disso, Milena. Em você encontro o que não encontro em mais ninguém. Mas ao mesmo tempo, minha dor é tão grande quanto meu amor. Não consigo imaginar sem você, mas tenho medo que o nosso amor possa ser algo que nunca se concretiza, mas sempre se estende, indefinidamente.

Com todo o meu amor e desespero, Franz"

É isto aí!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Cartas de Amor XC



Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul


Querida, neste 2025 vamos mandar todos os nossos malwares  para além de Casablanca.


Não, querida, Casablanca não é a cidade do "E o vento levou" apesar de serem dramas que fundem interesses com amor, passado com futuro e sobretudo ausências ou hiatos passionais entre as partes envolvidas, cada um com seus malwares instalados pelas emoções aflitivas, negativas, doloridas e silenciosas, feito um felino à espreita da vítima num imenso deserto que existe no coração da gente.

Como sabe, o pensamento não é algo tangível, assim como as emoções, que por ironia do destino é quem julga o que se pode ou não falar e que você se lasque e arque com as consequências do seu livre arbítrio enquanto informações insistentes, vagas ou consistentes divertem-se nos temáticos playgrounds das múltiplas atividades mentais, que podem ser considerados como  manifestação física ou metafísica dos nossos pensamentos.

Calma, meu bem, sei que você perde o ar que a rodeia quando fica nervosa. Isto, acalme-se, mantenha a respiração sob a regência da paz. Querida, saiba que não há controle ou descontrole externo à sua dor, que é a mesma coisa, só que diferente  já que as coisas que acontecem fora do alcance do seu comando pessoal tendem sempre a amenizar os seus sofrimentos, a sua mágoa e o seu dissabor. 

Saiba, meu amor, que aceitar o desassossego descontrolado da saudade e os pensamentos lotados de perguntas invariavelmente sem respostas não é coisa racional, daquelas que você consegue ver e entender tal como dois mais dois é sempre quatro. É um ato emocional e  a emoção não é sentimento e vice-versa, uma vez que o sentimento é uma resposta à emoção, ou seja, se trata de como você  se sente diante de tal emoção. 

Querida, nesta manhã pensei que escreveria algo totalmente romântico, mas as saudades afligiram de tal forma meus pensamentos que as letras saíram sem que ao menos eu as contestasse. Sinto sua falta, sinto muito.

Um cafuné no cabelo, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado. 

Feliz Ano Novo!

É isto aí!



sábado, 28 de dezembro de 2024

Não passarão!



Una mattina mi sono svegliato,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Una mattina mi sono svegliato,
e ho trovato l'invasor.

O partigiano, portami via,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
O partigiano, portami via,
ché mi sento di morir.

E se io muoio da partigiano,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E se io muoio da partigiano,
tu mi devi seppellir.

E seppellire lassù in montagna,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E seppellire lassù in montagna,
sotto l'ombra di un bel fior.

Tutte le genti che passeranno,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Tutte le genti che passeranno,
Mi diranno «Che bel fior!»
«È questo il fiore del partigiano»,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
«È questo il fiore del partigiano, morto per la libertà!»

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Cartas avulsas XXIII


Reino da Pitangueira,
23 de Dezembro de 2024
358.º dia do ano no calendário gregoriano
Faltam 08 dias para acabar o ano.
Dia do Vizinho.
Por do Sol às 18h29 min
Lua Minguante
Estação Verão

Querida, eu devo uma satisfação a você.

Quase não venho mais aqui, cheguei a despedir da Pitangueira, mas o fato é que estou numa enorme batalha nestes últimos anos, agravada neste últimos meses. Cheguei mesmo a acreditar que sair deste Reino seria bom para todos, mas de certa forma uma parte de mim sempre faz a volta e acaba  abrindo as portas do grande salão de baile do reino. 

Não é fácil lutar contra a natureza, suas sinapses, suas conexões, suas interações, sua homeostase ... isto, achei a palavra, esta coisa de ser e estar que desequilibra, constrói e destrói diuturnamente bilhões de células, infinitos trilhões de proteínas, enzimas, hormônios, exsudatos e todos os afins cuja principal função é nos vivificar.

Esta incrível habilidade de manter o meio interno num equilíbrio quase constante, independentemente das alterações que ocorram no ambiente externo tem antagonistas e protagonistas. Mas há um lugar onde só Deus chega, que é o interior do interior da mente. Se não acredita, tente mudar um hábito, um amor, uma certeza, um sentimento, uma aurora boreal dentro de si, etc.

Neste momento minha luta se dá no campo da matéria onde os dois processos metabólicos que ocorrem no corpo, chamados ou conhecidos como anabolismo e o catabolismo, não estão conseguindo dar conta das intempéries da história de vida, ora com déficits ora com superávits vitais.

Somos nossas emoções. É  aqui dentro da caixa craniana que se dá toda a violência de conflitos internos promovendo enquanto partícipe desta realidade, as fugas ou os combates. Minhas emoções principais - alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa, nojo, ciúmes, orgulho, vergonha, admiração e culpa - somadas a dezenas de emoções secundárias serão determinantes para saber se vencerei ou me darei por vencido. 

Feliz Natal

É isto aí!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Cartas Avulsas XXII


Reino da Pitangueira,
11 de Dezembro de 2024
348.º dia do ano no calendário gregoriano
Faltam 20 dias para acabar o ano.
Dia do Engenheiro.
Por do Sol às 18h22 min
Lua Gibosa
Estação Primavera

Querida, ainda bem que não a levei ao evento do retorno da Odete, já que rolou só filosofia e eu sei que não é a sua praia.

Saiba que a festa estava tão chata que até as baratas, moscas e pernilongos partiram do ambiente ainda no começo com uma música meio oriental, meio ritualista. Na mesa que a mocinha me colocou, estava um casal e uma senhora muda, esquálida e simpática. à frente um rapaz falante e empolgado, galã de fotonovela latina. 

Deu que virou-se para a senhora esquálida e viajou nas palavras - Olha, enrolando seu dedo gordo nas mechas da sua acompanhante - Olhando nos olhos da mulher simpática disse: Eu gosto de quebrar pedras e quanto mais ascenso ao alto da minha potência neuromuscular, mais abaixo a marreta por sobre a cunha que ali introduzi sabiamente em fase anterior, e só então sinto fluir pelos meus braços, tangenciando as mãos, um poder macro de estar fazendo um movimento antagônico aos milhões de toneladas de  magma, formado pelo derretimento das pedras do manto.

Foi então que a senhora muda, esquálida e simpática deu um grito agudíssimo, na casa dos cem decibéis, e voou no peito do galã de fotonovela venezuelana. Agarrou-lhe pelas orelhas, esbofeiteou-lhe várias vezes, até forçar um beijo onde travou sua dentadura na língua do rapazito falante e empolgado. Garçons, garçonetes e seguranças correram à mesa do conflito e  conseguiram desfazer o nó das pernas da senhora na cintura do rapaz. Com muita dificuldade removeram a dentadura dela presa na língua dele, que foi lavada com lavanda importada. 

Ainda inebriado, em completo êxtase, acariciando a face da senhora muda e simpática, disse-lhe que a sua atitude fora como uma grande quantidade de magma saindo do manto da sua volúpia abrupta e erótica, permitindo ao seu magma no cone do vulcão começar a arrefecer, sendo a pressão aumentada em cálculo exponencial. Assim, quando a pressão chegou ao ápice, as rochas que formaram o vulcão do amor voluptuoso entre os dois racharam, o magma até então guardado veio de fato cobri-los de fervorosa lava.

Saí dali atordoado e procurei uma mesa mais afastada e assim que peguei na taça de vinho, a linda mulher sentou-se ao meu lado e pediu desculpas em nome do amigo excêntrico. Perguntei se aquele episódio era comum e ela citou Platão, e disse que a alma é imortal e pertence a um mundo superior, o das ideias, onde reside a verdade eterna. Além disto falou que aquilo aconteceu por que as almas são naturalmente atraídas umas às outras por uma afinidade espiritual. 

Daí citou o "Banquete" (de Platão), onde ele discute o conceito de amor (Eros) como um desejo profundo de unir-se ao bem supremo, o que também pode ser entendido como um tipo de laço de alma. Para Platão, esses vínculos espirituais transcendem o mundo físico, pois são fundamentados na busca pela verdade e pela beleza eternas. Assim, concluiu, os laços entre os dois não apenas os conectaram entre si, como também os orientaram para uma realidade transcendente, onde a plenitude do ser e do amor pode ser encontrada.

Confesso que só acordei três dias depois na Praia do Espelho, em Curuípe/Porto Seguro/BA, sem ter a mínima noção de como ali houvera e a linda mulher, bem à minha frente, ao alcance das mãos, permanecia impávida e intrépida feito uma pitonisa, ainda falando, falando, divagando sobre essas coisas das quais não entendo nada.

Um cafuné na cabeça, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

É isto aí!