sexta-feira, 27 de março de 2020

Odete, a corona-zumba de Brasília


Saudades do tempo que meu bom e admirável Nokia fluía como um telefone fixo com asas. Por determinação do Inmetro, do DNIT, do Detran, da ANVISA, CIA, FBI, APTabajara, Bill Gta, do Depto Disto e Daquilo, do Débito e mormente do saldo devedor de décadas, fui compulsoriamente convidado a obter este smartphone, o telefone inteligente que me cerceia do direito de excluir minha existência quando bem entendo.

Deu que madrugada destas zumbiu com sua desqualificada zumba de smart. Tudo bem que zumbir é de origem onomatopaica, mas quando levado à conjugação verbal, na terceira pessoa o outro zumba. Quando uma moça zumba no ritmo caribenho para fortalecer glúteos e pernas, estaria também a zumbir feito uma abelha? Nunca saberei, são dúvidas por demais complexas.
  
Se se opero pelo pretérito perfeito, na primeira pessoa, eu zumbi ...  mas "Zumbi" provém do termo quimbundo nzumbi, que significa duende ou cadáver ... que vaga à noite assombrando as pessoas, inclusive em seus sonhos. Ou seja, no passado perfeito eu zumbi vagando à noite, assombrando as pessoas. Uau! Melhor não ter nunca um passado perfeito.

Voltando ao zumbir do smartphone, do outro lado da célula era Odete. Reza a lenda que em badalada e tradicional festa regada a tudo, inclusive água, numa mansão às margens do Paranoá, Odete, usando apenas uma coroa, deu uma zumba extrapiramidal, que zumbiu por todos os poros de todos os presentes, a tal ponto das pessoas que ali trafegavam ficarem surdas como mercadores moucos para reclames da choldra tabajara até os dias de hoje.

- Odete!!!! Querida, que saudades.

- Amore, eu estou aqui, para todo o sempre, por você. Vem me ter em Brasília.

- Odete ... puxa vida ... mas conta as novidades.

- Meu bem, serei brevíssima, pois estou acompanhando uns bondosos e excitados velhinhos do sistema perdulário a manterem as contas elevadas entre parênteses tributáveis.

- Odete sendo Odete ...

- Amore, serei brevíssima. Dia destes estava com Madre Freda

- Madre Freda? Você voltou sua face ao Criador?

- Amore, sim, voltei às origens de Gaia, pois Madre Freda é a mãe de um terreiro onde encontro com todas as celebridades e celebérrimas da pátria amada, mas por força de contrato, em nome da pátria, da moral, da família e dos bons costumes, ela nunca é citada. Assim revelou-nos a fonte do saber e da luz atemporal do planalto:
Filhinhos  e filhinhas, eis que é chegado o tempo do paradoxo formulado por Zenão  que afirma que o movimento dos objetos é um fenômeno irreal e contraditório, consistindo sempre em mera ilusão dos sentidos.

- Uau, Odete ... isto quer dizer ...

- Não sei, não quero saber. Vem para Brasília me ter, amore. Deixa eu zumbar em você.

- Alô, alô ... Odete ... Odete ... droga, a zumba foi demais para o smart ...

É isto aí!

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