domingo, 21 de abril de 2013

O mundo virtual da Velhinha do Sobrado Azul


A velhinha do sobrado azul anda tendo alucinações as mais escalabrosas. Talvez seja Alzheimer, talvez seja caduquice apenas, ou talvez sejam delírios virtuais. Tudo começou quando a nobre senhora pegou a navegar por redes nunca antes imaginadas.

Monoglota convicta, descobriu ferramentas de tradução simultânea para os mais diversos idiomas. Assim leu textos em inglês, russo, alemão e tudo o mais que achava interessante. Mas como era de se esperar, excesso de informações por excesso de fontes poderia promover uma desordem em sua concepção de mundo.

Afinal o que é real, o que é virtual, o que é aspiração e o que é conspiração em todos os movimentos do planeta? Muitas perguntas e para cada pergunta muitas respostas. Um dia deparou com uma questão que envolvia o velho continente, terra de seus antepassados. Dizia que em alguns países há uma forte crise que está destruindo as benesses sociais aos pobres.

A velhinha chegou a pensar que isto seria algo relacionado ao Princípio Matemático da Inclusão-Exclusão (PIE), que é uma generalização de um dos princípios básico de contagem, o princípio aditivo. Balançou a cabeça - não, não era nada disto! Pensou então na possibilidade de uma forma legal que permitisse a desigualdade, desde que fosse legítima, no sentido de que a norma jurídica pudesse conter fatores de diferenciação que justificassem, de forma racional e legal, sua existência.

Mas achou isto viajado demais. Pensou nas pessoas a vagar pelas ruas, tristes, desempregadas e macambuzias, e achou que algo estava fora do eixo. Não, isto não pode ser verdade, afinal nada foi dito no jornal nacional, então não existe.

É isto mesmo, isto não existe. Este mundo virtual não é real. Real só pode ser o mundo do jornal nacional, por que lá ela via as coisas, ouvia pessoas bonitas de vozes sedutoras. Então é neste sentido que a vida se esvai, na tela da televisão, entre duas novelas - deve ser sempre assim, pensou a velhinha, deve ser assim que é lá fora, e eu aqui acreditando em redes.

É isto aí!

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