terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A velhinha do sobrado azul


Reside na Pitangueira, no Centro Histórico, num velho e bem conservado sobrado azul, que outrora fora centro de épicas manifestações líricas, etílicas e oníricas uma das maiores personalidades do reino. Dizem, em sussurros, que nem o rei comete a grave ofensa de recusar um convite desta emérita senhora, para participar dos seus eventos, uns tão fechados, mas tão fechados, que se dão no porão da residência.

Nascida na Pitangueira, na mesma casa onde ainda reside, comenta-se nas altas rodas que de certa feita, em passagem pelo Nordeste, promoveu e participou do celebrado encontro entre Lampião e Padre Cícero, em 1926. Naquela ocasião, aproveitou a passagem da Coluna Prestes e chegou à Bolívia em 1927.

Na Bolívia, esteve com Antenor Patiño, que encantou-se com a moça, levando-a para Paris, porém a abandonou em plena Montmartre, em função de um amor a primeira vista que teve ao encontrarem com María Cristina de Borbón y Bosch-Labrus, Duquesa de Dürcal.

Sozinha e desconsolada, ao perambular pelas vias parisienses, encontrou-se com Gabrielle, que a plebe conheceu como Coco Chanel, que a hospedou com imensa alegria. Haviam sido amigas quando a velhinha cantava em cafés parisienses nos anos de 1907/1908. Faziam duetos, apesar de Coco ter naquela época um péssimo francês, em função da sua origem luxemburguesa.

Ainda em 27, foram ao banquete em homenagem a Charles Lindberg, pela travessia do Atlântico. Deu por falta de Santos Dumont, amigo com o qual conquistou o Mont Blanc, a mais alta montanha dos Alpes.

Foi encontrá-lo no sanatório Valmont-sur-Territet, na Suíça, e convenceu-o a retornar ao Brasil. Juntos, embarcaram no navio Capitão Arcona, em 1928. A cidade do Rio de Janeiro recebê-los-ia festivamente. Mas o hidroavião que faria a recepção, da empresa Condor Syndikat, que fora batizado com seu nome, sofreu um acidente, sem sobreviventes ao sobrevoar o navio onde estavam.

O avião levava pessoas de projeção e grandes nomes da engenharia. Abatidos, eles suspenderam as festividades; Santos Dumont retornou imediatamente a Paris e a velhinha ficou no Rio, em efervescente clima de pré-revolução.

Entre 28 e 30 ficou dividida entre a Pitangueira e o Rio de Janeiro, mas isto cabe em outra história.

É isto aí!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gratidão!