quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O Analista da Pitangueira refletindo sobre "Novos tempos, velhos dias"


O que dizer deste 2020 e tudo que está aí? Tudo que está aí não está exatamente ao alcance dos olhos, ouvidos e tato dos seres mortais comuns, que são 99,999% dos que inspiram e e expiram gases na atmosfera do planeta. Daqui  a poucos dias é 2021.

Não sei, realmente, se o Reino da Pitangueira conseguirá resistir a este próximo ano, prenunciando ser tão ou mais grave que o atual. Freud tinha um aforismo que dizia:  "Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, se convence que os mortais não podem ocultar nenhum segredo. Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos: nós nos traímos por todos os poros."

Hoje, numa releitura Matriz, sugerida pelos cátedras da Escola de Analistas do Reino da Pitangueira, acrescenta a Matrix sem alterar o contexto:

"Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, e rede para se comunicar, se convence que os mortais não podem ocultar nenhum segredo. Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos no teclado digital ou analógico: nós nos traímos por todos os poros."

Noel Rosa, o Noel da Vila Isabel, o gênio do samba, afirmou em 1933, no samba-canção "Não tem tradução": "Tudo aquilo que o malandro pronuncia com voz macia é brasileiro, já passou de português"

Noel propôs uma revolução cultural, sugerindo ao povo distanciar a língua falada no becos, guetos, favelas, morros e zona norte do linguajar estrangeiro e caracterizá-la como uma língua brasileira, a identidade nacional. Isto faria deste país uma grande nação, afinal somos falantes e viventes de uma língua brasileira.

Chico Buarque tomou emprestada a ideia de Noel e completou em sua Festa Imodesta:: 
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
E o otário silencia
Tudo aquilo que se dá ou não se dá
Passa pela fresta da cesta e resta a vida.

Caetano, cujo poema belíssimo escreveu para também musicar - Língua - , convida novamente este despertar de Noel Rosa. Em determinado trecho afirma:  Gosto do Pessoa na pessoa / Da rosa no Rosa : 

A língua é minha pátria. 
E eu não tenho pátria, 
tenho mátria
E quero frátria

Mas isto tudo foi antes do fenômeno irreversível da comunicação pela rede mundial. É uma terra com dono oculto, com regras e legislação própria e com rigor no cumprimento delas. Mas olhando assim, sempre parece que é tudo numa boa, que estamos sozinhos diante da tela, ou ecrã como dizem o patrícios, podendo ser e fazer o que bem entendermos. 

E em 2021 vai ser mais apertado. Há sinais aqui e ali que indicam e/ou sugerem isto.

Voltando ao velho e bom Sigmund Freud, que parece estar falando da rede mundial, mas descrevia o Inconsciente, quando afirmava que a maior parte da vida psíquica se desenrola sem que tenhamos acesso a ela. Ali se encontram principalmente ideias reprimidas que aparecem disfarçadas nos sonhos e nos sintomas neuróticos. 

Hoje esta parte psíquica está terceirizada, quer você queira ou não, quer acesse a rede ou não, seu nome e todos os seus dados, fotos, acessos, opção política, sexual, social etc., estão lá para serem apreciados por quem de direito na ocasião necessária.

Cuide-se em 21, e para encerrar, uma máxima de Freud:

"Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro."


É isto aí!




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