sábado, 30 de janeiro de 2021

A mulher desmedida

 

Fonte da imagem: USP

Quando entrou em casa percebera o inusitado fato de que não estava na sua casa. Ficou confuso, desorientado e deu dois passos para trás, abriu a porta, saiu e fechou-a sem bater. Ainda de costas para a rua, foi girando sobre seu próprio eixo comedidamente, em movimentos bem lentos, enquanto petrificado podia verificar que não estava mais na sua rua.

Dirigiu-se ao carro azul, que comprara em 96 parcelas, das quais já pagara seis. Experimentou a chave uma, duas, três e muitas outras vezes, e o carro não abriu. Deu de verificar a placa, era outra placa. Mão no queixo, indicador atravessando a boca, contemplou o impossível diante de si.

Apalpou-se nervosamente para verificar se estava num sonho, talvez num projeto experimental ultrassecreto do poder oculto internacional, de quem ouvira falar. Só então percebeu que estava nu. Olhou-se até os pés, rodou o tronco, curvou a cabeça e verificou in loco que estava sem nada a não ser a si próprio.

Deu-se conta da solidão com ares variando de perdido à confuso. Começou  fazer pequenos exercícios de memória, mas não lembrava mais seu nome. Só o nome de uma mulher linda lhe vinha à mente. Não apenas o nome, mas toda a memória do seu corpo, seus cabelos, sua boca e seu perfume. 

Olhou para o céu, abriu os braços e começou a questionar aos anjos que por ali sobrevoavam, sobre as medidas corporais dela, pois no seu raciocínio lógico, naquele instante, somente estes dados seriam de suma importância para desvendar aquele mistério no qual mergulhara.

Começou a chorar em desconsolo Deitou num canto da cerca viva que separava as casas e dormiu. Acordou num ambiente de luz, sem definição de espaço e tempo. Sentia dores e desconforto. Alguém segurava a sua mão. Era a mulher desmedida. Olhou para ela, sorriu e voltou a dormir. 

Acordou numa casa de barro e forro de palha, simples e espartana. Estava numa cama estreita, colchão de palha e  travesseiro de paina. Sorriu, levantou, tomou um café frio e partiu no mundo buscando perguntas para as respostas que agora, sabiamente, poderia dar.

É isto aí!


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Mistérios são Mistérios (Marjorie Dawe)



Alto lá
Estes versos não são meus
Confesso que copiei e colei

Você sabe muito pouco 
do que lhe acontecerá. 
Mistérios são Mistérios 
e nada poderá desvendar 
o que não é para ser desvendado. 

A vida muitas vezes 
não faz sentido algum;
em coisa nenhuma 
existe coerência ou razão. 

Porém quem está acima 
comanda a Orquestra com perfeição 
e a melodia acaba sempre 
de forma prevista. 

Não é a sinfonia ideal, 
nem a mais melodiosa... 
Mas de qualquer forma são melodias,
 e nós as escutamos 
como louvores ou clamores 
agoniados de súplica e dor. 

Escuta, 
o universo está repleto de sons, 
gemidos, cantos e harmonia. 
Dependerá da vontade de cada um 
o que passará cantando para sempre!

Os que louvam e bendizem 
a Deus Pai estarão cercados 
de vozes e corais celestiais 
que entoarão melodias 
jamais ouvidas 
por ouvidos humanos. 
Sua Magnitude a nada se compara!... 

Porém os que despencarem 
nas profundezas, 
berrarão até perderem os sentidos 
pela dor da rejeição, 
pelo afastamento do Pai
do Bem Supremo
e da Paz sem fim!

Seus corpos celestiais 
serão consumidos 
por chamas internas, 
fogo em brasa  que aniquilará 
toda e qualquer esperança de salvação. 
Os que para lá foram jamais sairão.


The guitar is the Concertura Concert made by Scharpach. www.scharpach.com
Music sheet can be optained here: http://kossinskaja.com/produkt/oblivi...
More links: https://www.instagram.com/nadja_kossi...

Música neste vídeo: Oblivion
Artista: Nadia Kossinskaja
Álbum: Guitar Dreams
Licenciado para o YouTube por
TuneCore, Believe Music (em nome de 7Music) e 5 associações de direitos musicais


quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Paulinho Moska e Dalto - Pessoa



Olhar você
E não saber
Que você é a pessoa
Mais linda do mundo
E eu queria alguém
Bem no fundo do coração

Ganhar você
E não querer
É porque eu não quero
Que nada aconteça
Deve ser porque eu não ando bem da cabeça
Ou eu já cansei de acreditar

O meu medo é uma coisa assim
Que corre por fora
Entra, vai e volta sem sair
Não, não
Não tente me fazer feliz
Eu sei que o amor é bom demais
Mas dói demais sentir ... você
E não saber
Que você é a pessoa
Mais linda do mundo
E eu queria alguém
Bem no fundo do coração

Ganhar você
E não querer
É porque eu não quero
Que nada aconteça
Deve ser porque eu não ando bem da cabeça
Ou eu já cansei de acreditar

O meu medo é uma coisa assim
Que corre por fora
Entra, vai e volta sem sair
Não, não (não, não)
Não tente me fazer feliz
Eu sei que o amor é bom demais
Mas dói demais sentir ... você
E não querer
É porque eu não quero que nada aconteça
Deve ser porque
Eu não ando bem da cabeça
Ou eu já cansei de acreditar
Ou eu já cansei de acreditar
Ou eu já dancei...

O meu medo é uma coisa assim
Que corre por fora
Entra, vai e volta sem sair
Não, não
Não tente me fazer feliz
Eu sei que o amor é bom demais
Mas dói demais sentir...


Composição: Claudio Rabello / Dalto. 

Música Pessoa
Artista Dalto, Moska
Álbum Moska Apresenta Zoombido: Dalto
Licenciado para o YouTube por
ONErpm (em nome de Canal Brasil); UNIAO BRASILEIRA DE EDITORAS DE MUSICA - UBEM, LatinAutor - SonyATV, LatinAutorPerf, BMI - Broadcast Music Inc.


Julio Secchin - Jovem (Clipe Oficial)



Jovem,
Me faltou ar, mas quero bis
Me sinto jovem
Só de fazer você feliz

Finge
Que a Pedra da Gávea é um vulcão
'Erupçando' sobre o pecado
E o Leblon

Eu vacilei na primeira regra do rolê
Fiquei doidão
Liguei pra você

Mas quem um dia irá dizer
Que o nosso amor
Precisa se esconder

Ouça também nos apps de música!

Redes Sociais:
▶ Instagram: @juliosecchin

Clipe Oficial
Dirigido por Julio Secchin
com Carol Fabbriani
Direção de Fotografia Daniel Venosa
Produção Executiva Marcos Abeid
Produzido por Julio Secchin
Figurino Chica Capeto
Operador de SteadyCam Bernardo Negri
Focus Puller & Correção de Cor André Andrade
1º Assistente de Câmera Fernando "Dom" Arruzzo
Produtor de Locação Guilherme "Bolo" Meirelles
Catering Sete Colheres
Trainee de Câmera Bia Torres
uma Produção Cosmo™
©MMXIX Julio Secchin

Música Julio Secchin - Jovem (Clipe Oficial)
Artista Julio Secchin
Licenciado para o YouTube por: Abramus Digital, LatinAutorPerf

sábado, 23 de janeiro de 2021

Não há como fugir de um grande amor



Nunca é assim
um problema
dizer coisas
e tratar de fugir

Sempre há evidencias
digitais únicas
no corpo dolorido
cansado de chorar

Fica lá, absorto
perdido em pensamentos
nas fotos coloridas
e nos filmes B

E o fugidio 
corre em linhas
retas opostas 
circulares e loucas

Para encontrar o amor
que perdeu para sempre
numa tarde chuvosa
sem lembrar o lugar. 

É isto aí!
 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Tem dia que é mais difícil


Tem dia que é mais difícil
então vamos em frente
amanhã será mais difícil ainda
e se isto o consola
depois de amanhã ...
Você falará que ontem 
viver era fácil



segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Hondurenhos desesperam na fronteira com a Guatemala




Fonte Vídeo1 - Sputnik Brasil  (youtube)
Fonte Texto 2 - pt.euronews.com

Encurralados, espancados pela polícia, alguns. Milhares de migrantes hondurenhos foram recebidos, na fronteira com a Guatemala, por uma comitiva que estava ali para não os deixar seguir viagem se não respeitassem as formalidades devidas à pandemia de Covid-19.

A confusão, seguida de tensão, instalou-se. Uma maré de gente empurrava os efetivos da polícia de choque e os militares, mas ainda que os confrontos tenham sido inevitáveis, foram poucos os que fizeram, de facto, frente a quem estava ali para não os deixar passar.

A Guatemala estima que cerca de 9.000 pessoas - mulheres, homens e crianças - entraram no país desde sexta-feira. Pretendem formar uma nova caravana para chegar à fronteira com os EUA. Esperam que o país, sob a liderança de Joe Biden, lhes permita fugir à pobreza extrema dando-lhes oportunidades de emprego e uma vida melhor.

Na sexta-feira, um grupo apanhou a polícia desprevenida e desarmada e acabou por conseguir passar.

Mas há outras questões que se colocam. Mais de duas dezenas destes viajantes, dos poucos registados pelas autoridades guatemaltecas, testaram positivo ao novo coronavírus. O que coloca sérios problemas sanitários aos países da região. Para atravessarem a Guatemala os migrantes estão obrigados a apresentar um teste negativo à Covid-19. A maioria não tem o documento necessário para seguir viagem. Devido a isso, uma parte foi já repatriada.

As Honduras têm vivido crises consecutivas, por motivos vários, entre eles políticos. Hoje, a situação já frágil do país, em termos sociais e económicos, sobretudo, é agravada pelas intempéries que têm assolado o país, pela pandemia de Covid-19 que aumentou, exponencialmente, o desemprego e por outros problemas relacionados com a violência entre gangues e o tráfico de droga.

1904 (2ª parte) - A revolta da Vacina

Alto lá
Este texto não é meu
Confesso que copiei e colei
Autora: Juliana Bezerra
Fonte: A revolta da vacina

A Revolta da Vacina 

Foi uma rebelião popular contra a vacina anti-varíola, ocorrida no Rio de Janeiro, em novembro de 1904.

Quando o presidente Rodrigues Alves assumiu o governo, em 1902, nas ruas da cidade do Rio de Janeiro acumulavam-se toneladas de lixo. Desta maneira, o vírus da varíola se espalhava. Proliferavam ratos e mosquitos transmissores de doenças fatais como a peste bubônica e a febre amarela, que matavam milhares de pessoas anualmente.

Decidido a reurbanizar e sanear a cidade, Rodrigues Alves nomeou o engenheiro Pereira Passos para prefeito e o médico Oswaldo Cruz para Diretor da Saúde Pública. Com isso, iniciou a construção de grandes obras públicas, o alargamento de ruas, avenidas e o combate às doenças.

A reurbanização do Rio de Janeiro, no entanto, sacrificou as camadas mais pobres da cidade, que foram desalojadas, pois tiveram seus casebres e cortiços demolidos. A população foi obrigada a mudar para longe do trabalho e para os morros, incrementando a construção das favelas.

Como resultado das demolições, os aluguéis subiram de preço deixando a população cada vez mais indignada.

Era necessário combater o mosquito e o rato, transmissores das principais doenças. Por isso, o intuito central da campanha era precisamente acabar com os focos das doenças e o lixo acumulado pela cidade.

Primeiro, o governo anunciou que pagaria a população por cada rato que fosse entregue às autoridades. O resultado foi o surgimento de criadores desses roedores a fim de conseguirem uma renda extra.

Devido às fraudes, o governo suspendeu a recompensa pela apreensão dos ratos.

Contudo, a campanha de saneamento realizava-se com autoritarismo, onde as casas eram invadidas e vasculhadas. Não foi feito nenhum esclarecimento sobre a importância da vacina ou da higiene.

Num tempo onde as pessoas se vestiam cobrindo todo o corpo, mostrar os seus braços para tomar a vacina foi visto como "imoral". Assim, a insatisfação da população contra o governo foi generalizada, desencadeando "A Revolta da Vacina".

Vacinação obrigatória

O médico Oswaldo Cruz (1872-1917), contratado para combater as doenças, impôs vacinação obrigatória contra a varíola, para todo brasileiro com mais de seis meses de idade.

Políticos, militares de oposição e a população da cidade se opuseram à vacina. A imprensa não perdoava Oswaldo Cruz dedicando-lhe charges cruéis ironizando a eficácia do remédio.

Agitadores incitavam a massa urbana a enfrentar os funcionários da Saúde Pública que, protegidos pelos policiais, invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força. Os mais radicais pregavam a resistência à bala, alegando que o cidadão tinha o direito de preservar o próprio corpo e não aceitar aquele líquido desconhecido.

O descontentamento se generalizou, somando aos problemas de moradia e ao elevado custo de vida, resultando na Revolta da Vacina Obrigatória. Entre 10 e 16 de novembro de 1904, as camadas populares do Rio de Janeiro saíram às ruas para enfrentar os agentes da Saúde Pública e a polícia.

O centro do Rio de Janeiro foi transformado numa praça de guerra com bondes derrubados, edifícios depredados e muita confusão na Avenida Central (atual Avenida Rio Branco). A revolta popular teve o apoio de militares que tentaram usar a massa insatisfeita para derrubar, sem sucesso, o presidente Rodrigues Alves.

A capitulação e o povoamento do Acre

O movimento rebelde foi dominado pelo governo, que prendeu e enviou algumas pessoas para o Acre. Em seguida, a Lei da Vacina Obrigatória foi modificada, tornando facultativo o seu uso.


1904 - Os caçadores de ratos (1ª parte)

Alto lá
Este texto não é meu
Confesso que copiei e colei
Autor: Lorenzo Tiesca
Fonte: Caçador de Ratos



1904 marca o início dessa reforma urbano-sanitária da cidade do Rio de Janeiro, capital federal. Foi implantada pelo prefeito Pereira Passos e pelo sanitarista Oswaldo Cruz. Com alta insalubridade, ruas estreitas e cortiços, a condição da cidade à época era de fato deplorável. Sua elevada concentração urbana, intrinsecamente ligada à transição da mão-de-obra no país de uma recém abolida escravatura pra o trabalho assalariado dos imigrantes europeus.

O que poucos sabem é que essa relação não foi em sua totalidade de beligerância (violenta). Na intenção de erradicar doenças como a devastadora peste bubônica (proveniente da pulga dos ratos), o governo encontrou uma solução um tanto curiosa: pagaria 300 réis por cada ratinho capturado e entregue aos sanitaristas!

Mas, espera aí: 300 réis era muito dinheiro? De acordo com algumas fontes, o valor daria para comprar 2 kg de feijão, ou 4 kg de farinha de mandioca. Pensando em uma população cada vez mais marginalizada após a demolição dos cortiços e sem colocação social bem definida após a abolição da escravidão, ou ainda estrangeiros que vinham para o Brasil atrás de oportunidades, pode ser sim um bom dinheiro. E pensem comigo: imagina capturar 40 ratinhos? Já paga as compras de um mês!

E no Brasil essa prática foi bem sucedida? Foi sim. Conseguimos erradicar a peste, só não conseguimos erradicar a malandragem carioca: que tendo em vista a elevada concorrência nesse novo mercado de trabalho e a consequente falta de mercadoria, passam a capturar ratos da cidade vizinha Niterói, ou, os mais empreendedores, trazendo ratos estrangeiros para a cidade. É...viva nossa cidade, que sobrevive em sua malandragem até mesmo nos momentos de mais dificuldade.


domingo, 17 de janeiro de 2021

Francisco de Vitoria e o Direito das Gentes



Francisco de Vitoria (c. 1483-1546), foi teólogo tomista e fundador do movimento escolástico denominado Escola de Salamanca, foi talvez o primeiro jurista filósofo a propor discussões sobre a liberdade natural dos indígenas. Sua principal contribuição foi trazer para a filosofia questões antes relativas à teologia. Ao questionar se os indígenas seriam naturalmente livres ou escravos, concluiu que eram livres e, portanto, possuíam o direito de se afirmarem como senhores de seus bens. Em pleno processo de colonização, Vitoria inovou o pensamento da época ao colocar em questão o direito de conquista dos europeus, defendendo o princípio da "guerra justa".

Segundo ele, o "direito das gentes" seria algo inalienável, aquilo que todos os povos reconhecem como necessário, um direito natural ou dele decorrente, - daí o seu entendimento de que nada justificaria o domínio europeu sobre outros povos. Desse modo, os indígenas teriam o legítimo direito de defender seu território da tentativa de ocupação estrangeira por meio da guerra, se necessário.

Vitoria contestou a pretensa superioridade europeia e questionou o poder religioso do papa. Na sua concepção, era ilegítimo o direito que os colonizadores tinham de subjugar povos nativos sob a alegação de que estes seriam bárbaros. O processo de colonização implica anular o outro e, para ele, os conceitos de civilização e barbárie tinham significados diferentes para cada cultura, portanto, era preciso respeitar o princípio da alteridade - ideia que seria retomada por Montaigne. Nesse sentido, Vitoria defendia que a comunicação entre os povos era possível.

O direito natural, ou jusnaturalismo, supõe a existência de um direito universal, estabelecido pela natureza. Seu fundamento é o da lei natural, e não o da lei humana, que rege os acordos e contratos sociais.

Na obra publicada pela primeira vez em Lyon, em 1557, Leçon Sur Les Indiens, encontramos as seguintes passagens, nas quais Vitoria pontua as razões da ilegitimidade da dominação espanhola na América, colocando em pauta a discussão valorativa entre hereges e cristãos:

I - O imperador não é o senhor do mundo;

II - Ainda que fosse senhor do mundo, o imperador não poderia ocupar as províncias dos bárbaros, instituir novos senhores, depor os antigos e impor novos tributos;

III - Em se tratando de poder temporal, o papa não é o senhor do mundo;

IV - O papa tem um poder temporal destinado às coisas espirituais;

V - A recusa dos bárbaros em reconhecer um poder atribuído ao papa não autoriza nem a lhes fazer guerra nem a lhes privar de seus bens;

VI - Se os bárbaros não querem receber a lei mesmo que ela lhes tenha sido anunciada de maneira suficiente, não é lícito lhes fazer a guerra e lhes privar de seus bens;

VII - Os príncipes cristãos não têm o direito de punir os bárbaros por seus pecados contra a lei natural, mesmo sob a cobertura da autoridade do papa.

É claro, para Vitoria, que a lei positiva não pode contrariar a lei natural. Por isso, ele defende o direito dos povos da terra às suas diferenças, chamando a atenção para a ótica equivocada do europeu com sua visão eurocêntrica do mundo. Vitoria reformula a "justiça" global da conquista, embora não a negue. A novidade era sua tentativa de propor um novo ponto de vista para o problema.

Certezas.



Das poucas certezas 

que acredito possuir, 

a única que tenho dúvidas 

é aquela onde reflito

se já chegamos 

ao fundo do poço.




É isto aí!

sábado, 16 de janeiro de 2021

Love of my Life (Freddie Mercury)- Queen In Rock In Rio 85 - HD





Love Of My Life
Queen

Love of my life, you've hurt me
You've broken my heart
And now you leave me

Love of my life, can't you see?
Bring it back, bring it back
Don't take it away from me
Because you don't know
What it means to me

Love of my life, don't leave me
You've taken my love
And now desert me

Love of my life, can't you see?
Bring it back, bring it back
Don't take it away from me
Because you don't know
What it means to me

You will remember
When this is blown over
And everything's all by the way
When I grow older
I will be there at your side
To remind you how I still love you
I still love you

Hurry back, hurry back
Please bring it back home to me
Because you don't know
What it means to me
Love of my life
Love of my life
Yeah

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Sobre ilusões e virulências.


Envelheci uns dez anos nestes últimos doze meses, disse a senhora sentada ao meu lado no banco de espera do banco. Ao meu lado, duas cadeiras depois, ou dois xis salteados. Olhei para ela, e ia dizer-lhe que a conheço a pelo menos trinta anos e está com a mesma aparência, mas aí ela contestaria, pois argumentaria que nunca teve aspecto de velha, e ficaria bastante ofendida.

Dias depois, um senhor na minha frente, na fila do supermercado, virou-se para mim, mediu meus cabelos brancos e meu olhar míope e desabafou - sabe, perdi a libido nestes últimos doze meses, não consigo fazer mais  nada, nem com estímulo destes medicamentos milagrosos. Olhei para aquele homem se lamentando e me recordei das muitas vezes que o vi com muitas mulheres, que não a do lar. Apenas acenei com a cabeça, numa negativa de concordância, com aquele olhar de solidariedade antagônica.

No dia seguinte, na padaria, cumprimentei educadamente a senhora de vestido azul, surrado, que estava ao meu lado escolhendo os pães. Deu dois suspiros em falsete, olhou para mim e desabafou - queria tanto que tudo isto acabasse para ver meus filhos e netos de volta à minha casa. Estive para falar que conheço os filhos, moram na cidade vizinha e jamais vieram visitá-la em quaisquer datas importantes, incluindo as festivas. Quantas vezes fui em solidariedade assoprar as velas junto com ela nos seus aniversários solitários?!?! Preferi deixar que a ilusão a faça esperançosa.

Tempos de reflexão são sempre difíceis, porque olhar para dentro de si dói; dói muito! 

É isto aí!



quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

O sagrado das vidas (Paulo Abreu)

 


Quadro da (grande) artista plástica (brasileira) Tarsila do Amaral, em 1933 - Operários


o céu entardece esmaecido
as noites adormecem tristes 
as pessoas fingem com medo
e toda a natureza lacrimeja em vão

enquanto aranhas tecem
formigas marimbondos abelhas padecem
e o fogo funerário alcança a onça
a sabiá e o mico leão 

chamas cretinas e assassinas
deslustram o sagrado das vidas 
padecem centenas de milhares de risos,
dos cantos, dos ritos, dos desiguais

das sépalas, folhas e flores 
verdes, vermelhas, brancas
azuis, amarelas, pardas
negras, multicores gerais

Em breve, muito em breve
saberemos onde vai dar este rio
que nos leva correnteza abaixo
cada um com sua cara máscara 

cada qual com suas  faces divididas
em dívidas financeiras ou morais,
agarrados às suas tábuas tortas
esperando uma salvação

mas aí não restarão mais margens 
não teremos mais rios
nem peixes, nem desertos
nem flores, nem nada, babacas.

É isto aí!

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Angústia (Anton Tchekhov)



Alto lá
Este texto não é meu
Autor: Anton Tchekhov / 1886
Tradução: Boris Schnaidermann
Fonte: scribd.com


A quem confiar minha tristeza?¹

Crepúsculo vespertino. Uma neve úmida, em grandes flocos, remoinha preguiçosa junto aos lampiões recém-acesos, cobrindo com uma camada fina e macia os telhados das casas, os dorsos dos cavalos, os ombros das pessoas, os chapéus. O cocheiro Iona Potapov está completamente branco, como um fantasma. Encolhido o mais que pode se encolher um corpo vivo, está sentado na boleia, sem se mover.

 Tem-se a impressão de que, mesmo que caísse sobre ele um montão de neve, não consideraria necessário sacudi-la… Seu rocim está igualmente branco e imóvel. Graças a sua imobilidade, à angulosidade das formas e à perpendicularidade de estaca de suas patas, parece mesmo, de perto, um cavalinho de pão-de-ló de um copeque*. Seguramente, ele está imerso em meditação.

Não pode deixar de meditar quem foi arrancado do arado, da paisagem cinzenta e familiar, e atirado nessa voragem, repleta de luzes monstruosas, de um barulho incessante e de gente correndo…

Faz muito tempo que Iona e seu rocim não se mexem do lugar. Saíram de casa ainda antes do jantar, e, até agora, não apareceu trabalho. Mas, eis que a treva noturna desce sobre a cidade. A palidez das luzes dos lampiões cede lugar a cores vivas e a confusão das ruas torna-se mais barulhenta.

– Cocheiro, para a Víborgskaia! – ouve Iona. – Cocheiro!

Estremece e vê, através das pestanas cobertas de neve, um militar de capote com capuz.

– Para a Viborgskaia! – repete o militar. – Está dormindo? Para a Víborgskaia!

Em sinal de consentimento, Iona puxa as rédeas, e a neve cai em camadas de seus ombros e do dorso do cavalo…

O militar senta-se no trenó. O cocheiro faz ruído com os lábios, estende o pescoço à feição de cisne, ergue-se um pouco e agita o chicote, mais por hábito que por necessidade. O cavalinho estica também o pescoço, entorta as pernas, que parecem estacas, e desloca-se com indecisão…

– Onde vai, demônio?! – ouve, logo depois, Iona exclamações partidas da massa escura de gente, que se desloca em ambos os sentidos. – Para onde te empurram os diabos? Mantenha-se à direita!

– Não sabe dirigir! Olha a direita – zanga-se o militar.

O cocheiro de uma carruagem solta impropérios; um transeunte, que atravessou a rua correndo e chocou-se com o ombro contra a cara do rocim, lança um olhar rancoroso e sacode a neve da manga. Na boleia, Iona parece sentado sobre alfinetes e aponta com os cotovelos para os lados; seus olhos tontos perpassam pelas coisas, como se não compreendesse onde se encontra e o que está fazendo ali.

– Que gente canalha! – graceja o militar. – Eles se esforçam em chocar-se contra você ou cair embaixo do cavalo.

Combinaram isso.

Iona volta-se para o passageiro e move os lábios…

Sem dúvida, quer dizer algo, mas apenas uns sons vagos lhe saem da garganta.

– O quê? – pergunta o militar.

Iona torce a boca num sorriso, faz um esforço com a garganta e cicia:

– Pois é, meu senhor, assim é… perdi um filho esta semana.

– Hum!… De que foi que morreu?

Iona volta todo o corpo na direção do passageiro e diz:

– Quem é que pode saber! Acho que foi de febre… Passou três dias no hospital e morreu… Deus quis.

– Dá a volta, diabo! – ressoa nas trevas uma voz. – Não está mais enxergando, cachorro velho? É com os olhos que tem que olhar!

– Anda, anda… – diz o passageiro. – Assim, não chegamos nem amanhã. Mais depressa!

O cocheiro estica novamente o pescoço, ergue-se um pouco e agita o chicote, com uma graciosidade pesada. Depois, torna a olhar algumas vezes para o passageiro, mas este fechou os olhos e parece pouco disposto a ouvir. Depois de deixá-lo na Víborgskaia, para diante de uma taverna, encurva-se sobre a boleia e fica novamente imóvel… A neve molhada torna a pintá-lo de branco, juntamente com o rocim. Decorre uma hora… outra…

Três jovens passam pela calçada, fazendo muito barulho com as galochas e trocando impropérios: dois deles são altos e magros, o terceiro é pequeno e corcunda.

– Cocheiro, para a Ponte Politzéiski! – grita o corcunda, com voz surda. – Damos vinte copeques… os três!

Iona sacode as rédeas e faz ruído com os lábios. Vinte copeques são um preço inadequado, mas, agora, pouco lhe importa o preço… Tanto faz seja um rublo ou cinco copeques, contanto que haja passageiros… Empurrando-se e soltando palavrões, os jovens acercam-se do trenó e sobem para os assentos, os três ao mesmo tempo. Começam a discutir a questão: dois deles irão sentados, e quem vai ficar de pé?

Depois de uma longa troca de insultos, manhas e recriminações, chegam à conclusão de que o corcunda é quem deve ficar de pé, por ser o menor.

– Bem, faz o cavalo andar! – grita com voz trêmula o corcunda, ajeitando-se de pé e soprando no pescoço de Iona. – Dá nele! Que chapéu você tem, irmão! Não se encontra um pior em toda Petersburgo…

– Hi-i… hi-i… – ri Iona. – Assim é…

– Ora, você assim é, bate no cavalo! Vai andar desse jeito o tempo todo? Sim? E se eu te torcer o pescoço?

– Estou com a cabeça estalando… – diz um dos moços compridos. – Ontem, em casa dos Dukmassov, eu e Vaska² tornamos quatro garrafas de conhaque.

Não compreendo para que mentir! – irrita-se o outro moço comprido. – Mente como um animal.

– Que Deus me castigue, é verdade…

– Tão verdade como um piolho tossindo.

– Hi-i! – ri Iona entre dentes. – Que senhores alegres!

– Irra, com todos os diabos!… – indigna-se o corcunda. – Você vai andar ou não, velha peste? É assim que se anda? Estala o chicote no cavalo! Eh, diabo! Eh! Dá nele!

Iona sente, atrás de si, o corpo agitado e a voz trêmula do corcunda. Ouve os insultos que lhe são dirigidos, vê gente, e o sentimento de solidão começa, pouco a pouco, a deixar-lhe o peito. O corcunda continua os impropérios e, por fim, engasga com um insulto rebuscado, descomunal, e desanda a tossir. Os moços compridos começam a falar de uma certa Nadiejda Pietrovna. Iona volta a cabeça para olhá-los. Aproveitando uma pausa curta, olha mais uma vez e balbucia:

– Esta semana… assim, perdi meu filho!

– Todos vamos morrer. – suspira o corcunda, enxugando os lábios, após o acesso de tosse. – Bem, bate nele, bate nele! Minha gente, decididamente, não posso continuar andando assim! Esta corrida não acaba mais?

– Você deve animá-lo um pouco… umas pancadas no pescoço!

– Está ouvindo, velha peste? Vou te moer o pescoço de pancada! Não se pode fazer cerimônia com gente como você, senão é melhor andar a pé! Está ouvindo, Zmiéi Gorínitch³? Ou você não se importa com o que a gente diz?

E Iona ouve, mais que sente, os sons de uma pancada no pescoço.

– Hi-i… – ri ele. – Senhores alegres… que Deus lhes dê saúde!

– Cocheiro, você é casado? – pergunta um dos compridos.

Eu? Hi-i… que senhores alegres! Agora, só tenho uma mulher, a terra fria… Hi-ho-ho… O túmulo, quer dizer!… Meu filho morreu, e eu continuo vivo… Coisa esquisita, a morte errou de porta… Em vez de vir me buscar, foi procurar o filho…

E Iona volta-se, para contar como lhe morreu o filho, mas, nesse momento, o corcunda solta um suspiro de alívio e declara que, graças a Deus, chegaram ao destino. Tendo recebido vinte copeques, Iona fica por muito tempo olhando os pândegos, que vão desaparecendo no escuro saguão. Está novamente só e, de novo, o silêncio desce sobre ele… A angústia que amainara por algum tempo torna a aparecer, inflando-lhe o peito com redobrada força. Os olhos de Iona correm, inquietos e sofredores, pela multidão que se agita de ambos os lados da rua: não haverá, entre esses milhares de pessoas, uma ao menos que possa ouvi-lo? Mas a multidão corre, sem reparar nele, nem na sua angústia… Uma angústia imensa, que não conhece fronteiras. Dá a impressão de que, se o peito de Iona estourasse e dele fluísse para fora aquela angústia, daria para inundar o mundo e, no entanto, não se pode vê-la. Conseguiu caber numa casca tão insignificante, que não se pode percebê-la mesmo de dia, com muita luz…

Iona vê o zelador de uma casa, carregando um embrulho, e resolve travar conversa.

– Que horas são, meu caro? – pergunta.

– Mais de nove… Por que você parou aqui? Passa!

Iona afasta-se alguns passos, torce o corpo e entrega-se à angústia… Considera já inútil dirigir-se às pessoas. Mas, decorridos menos de cinco minutos, endireita-se, sacode a cabeça, como se houvesse sentido uma dor aguda e puxa as rédeas… Não pode mais.

"Para casa", pensa, "para casa".

E o cavalinho, como se tivesse compreendido seu pensamento, começa a trotar ligeiramente. Uma hora e meia depois, Iona está sentado junto ao fogão grande e sujo. Há gente roncando em cima do fogão, no chão e sobre os bancos. O ar é abafado, sufocante… Iona olha para os que dormem, coça a cabeça e lamenta haver voltado tão cedo para casa…

"Não ganhei nem para a aveia", pensa. "Daí essa angústia. Uma pessoa que conhece o ofício… que está bem alimentada e tem o cavalo bem nutrido também, está sempre calma…"

Num dos cantos, levanta-se um jovem cocheiro, funga, sonolento, e arrasta-se para o balde d'água.

– Ficou com sede? – pergunta Iona.

– Com sede, sim!

– Bem… Que lhe faça proveito… Pois é, irmão, e eu perdi um filho… Está ouvindo? Foi esta semana, no hospital… Que coisa!

Iona procura ver o efeito que causaram suas palavras, mas não vê nada. O jovem se cobriu até a cabeça e já está dormindo. O velho suspira e se coça… Assim como o jovem quis beber, assim ele quer falar. Vai fazer uma semana que lhe morreu o filho e ele ainda não conversou direito com alguém sobre aquilo… É preciso falar com método, lentamente…

É preciso contar como o filho adoeceu, como padeceu, o que disse antes de morrer e como morreu… É preciso descrever o enterro e a ida ao hospital, para buscar a roupa do defunto. Na aldeia, ficou a filha Aníssia… É preciso falar sobre ela também… De quantas coisas mais poderia falar agora? O ouvinte deve soltar exclamações, suspirar, lamentar… E é ainda melhor falar com mulheres. São umas bobas, mas desandam a chorar depois de duas palavras.

"É bom ir ver o cavalo", pensa Iona. "Sempre há tempo para dormir…"

Veste-se e vai para a cocheira, onde está seu cavalo. Iona pensa sobre a aveia, o feno, o tempo… Estando sozinho, não pode pensar no filho… Pode-se falar sobre ele com alguém, mas pensar nele sozinho, desenhar mentalmente sua imagem, dá um medo insuportável…

Está mastigando? – pergunta Iona ao cavalo, vendo seus olhos brilhantes. – Ora, mastiga, mastiga… Se não ganhamos para a aveia, vamos comer feno… Sim… Já estou velho para trabalhar de cocheiro… O filho é que devia trabalhar, não eu… Era um cocheiro de verdade… Só faltou viver mais…

Iona permanece algum tempo em silêncio e prossegue:

– Assim é, irmão, minha egüinha… Não existe mais Kuzmá Iônitch… Foi-se para o outro mundo… Morreu assim, por nada… Agora, vamos dizer, você tem um potrinho, que é teu filho… E, de repente, vamos dizer, esse mesmo potrinho vai para o outro mundo… Dá pena, não é verdade?

O cavalinho vai mastigando, escuta e sopra na mão de seu amo… Iona anima-se e conta-lhe tudo…


_____________________________________________________________________________


(1). Versículo de um canto da Igreja Russa.

(2). Diminutivo de Vassíli.

(3). Nas lendas russas, um dragão que representa o mal. No entanto, o nome Gorínitch dá também ideia de tristeza, aflição.

(*) Copeque - moeda divisionária que representa a centésima parte do rublo, unidade monetária oficial da Federação Russa 

(1886).

domingo, 10 de janeiro de 2021

Renato Mezan: Entrevista Completa - Narciso no Espelho do Século XXI




RENATO MEZAN
Fez doutorado em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP, 1981). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 2015, recebeu o Prêmio Jabuti por seu livro "O Tronco e os Ramos: Estudos de História da Psicanálise", na categoria Psicologia, Psicanálise e Comportamento. Tem 13 livros publicados, além de dezenas de artigos em periódicos especializados e capítulos de livros. Orientou 71 dissertações de mestrado, 32 teses de doutorado e 5 trabalhos de pós-doutorado na área de Psicanálise. Atua na área de Psicologia, com ênfase em Tratamento e Prevenção Psicológica; Psicanálise, psicanálise aplicada, teoria psicanalítica, Freud, epistemologia e clínica psicanalítica.
|| http://www.narciso21.com/renato-mezan ||


*Parceria entre o Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal Fluminense (UFF, Brasil) e o Doutorado em Ciências Sociais da Universidad de Buenos Aires (UBA, Argentina), em colaboração também com a Asociación Piscoanalítica Argentina (APA, Argentina) e com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ, Brasil)

Christian Dunker: Entrevista Completa - Narciso no Espelho do Século XXI


Christian Dunker: Entrevista Completa - Narciso no Espelho do Século XXI
Youtube 27 de mai. de 2017 Christian Dunker

CHRISTIAN DUNKER
Desde 2014 é professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Obteve o título de Livre Docente em Psicologia Clínica (2006) após realizar seu pós-doutorado na Manchester Metropolitan University (Inglaterra, 2003). Possui graduação em Psicologia (1989), mestrado em Psicologia Experimental (1991) e doutorado em Psicologia Experimental (1996) pela USP. Atualmente é Analista Membro de Escola (A.M.E.) do Fórum do Campo Lacaniano. Tem experiência na área clínica com ênfase em Psicanálise (Freud e Lacan), atuando principalmente nos seguintes temas: estrutura e epistemologia da prática clínica, teoria da constituição do sujeito, metapsicologia, filosofia da psicanálise e ciências da linguagem. Coordena, ao lado de Vladimir Safatle e Nelson da Silva Jr,. o Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP.
|| http://www.narciso21.com/christian-du... ||


*Parceria entre o Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal Fluminense (UFF, Brasil) e o Doutorado em Ciências Sociais da Universidad de Buenos Aires (UBA, Argentina), em colaboração também com a Asociación Piscoanalítica Argentina (APA, Argentina) e com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ, Brasil)


sábado, 9 de janeiro de 2021

Frade Dolindo Ruotolo

Dolindo Ruotolo, um frade capuchinho, que viveu em Nápoles-Itália de 1882 a 1970, compreendeu profundamente a relação entre nossa necessidade e a bondade de Deus. Ordenado aos 23 anos, passou a vida em oração, sacrifício e serviço. Ouviu confissões, deu orientação espiritual e cuidou dos necessitados. Por um tempo, serviu como diretor espiritual de Padre Pio de Pietrelcina. Inclusive, quando alguns peregrinos de Nápoles, onde residia, iam para Pietrelcina, Padre Pio costuma dizer: “Por que vocês veem aqui, se vocês têm Dom Dolindo em Nápoles? Vão até ele, ele é um santo!” 

O frade tornou-se conhecido por sua espiritualidade de rendição. Bem consciente da fraqueza e da necessidade humanas, viu isso como uma forma de promover uma união contínua com Deus. Ao nos convidar a levar continuamente nossas preocupações ao Senhor, ele nos ensina que o foco de nossas orações não deve permanecer em nossas necessidades. Ele nos encoraja a levar nossas necessidades a Deus, deixando-o livre para cuidar de nós em sua sabedoria. 

Dolindo nos diz que o Senhor prometeu assumir plenamente todas as necessidades que confiamos a ele. Nas palavras de Jesus a ele: “Por que você se confunde com a sua preocupação? Deixe o cuidado de seus assuntos para mim e tudo ficará em paz. Digo-lhe, na verdade, que todos os atos de entrega verdadeira, cega e completa produzem o efeito que você deseja e resolvem todas as situações difíceis. (…) Mil orações não são iguais a um ato de abandono; nunca esqueça isso. Não há melhor novena do que esta: ó Jesus, eu me abandono ao Senhor. Jesus, assuma o controle.” 

Porque vocês se confundem preocupando-se? Deixe o cuidado de seus negócios comigo e tudo ficará em paz. Eu digo a você com verdade que todo ato de entrega verdadeira, cega e completa a mim produz o efeito que você deseja e resolve todas as situações difíceis. Rogue - Ó Jesus, eu me abandono ao senhor. Jesus, assuma o controle. (10 vezes) 

Render-se a mim não significa se preocupar, ficar chateado ou perder a esperança, nem significa me oferecer uma oração preocupada pedindo-me para segui-lo e transformar sua preocupação em oração. É contra essa rendição, profundamente contra ela, preocupar-se, ficar nervoso e desejar pensar nas consequências de qualquer coisa. É como a confusão que as crianças sentem quando pedem à mãe para cuidar de suas necessidades e, em seguida, tentam cuidar dessas necessidades por si mesmas, de modo que seus esforços infantis atrapalhem a mãe. 

Render-se significa fechar placidamente os olhos da alma, afastar-se dos pensamentos de tribulação e colocar-se aos meus cuidados, para que só eu aja. Dizendo que você cuida disso. Rogue - Ó Jesus, eu me abandono ao senhor. Jesus, assuma o controle. (10 vezes) 

Jesus falando a Dolindo: 

Quantas coisas eu faço quando a alma, em tanta necessidade espiritual e material, se volta para mim, me olha e me diz; Você cuida disso, fecha os olhos e descansa. Com dor, você ora para que eu aja, mas que eu aja da maneira que você deseja. Você não se dirige a mim, em vez disso, quer que eu me adapte às suas ideias. Vocês não são pessoas doentes que pedem ao médico para curá-lo, mas sim pessoas doentes que dizem ao médico como fazer. 

Portanto, não aja dessa maneira, mas ore como eu ensinei a você no Pai Nosso: 

Santificado seja o Teu Nome, isto é, seja glorificado em minha necessidade. Venha o teu reino ”, isto é, que tudo o que há em nós e no mundo esteja de acordo com o teu reino. Seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu, ou seja, em nossa necessidade, decida como achar conveniente para nossa vida temporal e eterna. Se você me disser verdadeiramente: seja feita a tua vontade. O que é o mesmo que dizer: você cuida disso. Vou intervir com toda a minha onipotência e resolver as situações mais difíceis. Ó Jesus, eu me abandono ao senhor. Jesus, assuma o controle. (10 vezes) 

Novena do abandono a Jesus 


sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Perguntas que se faz para encontrar o seu amor


Estas são as 36 perguntas que farão você se apaixonar por alguém

Fonte: El País 
Autora: Mandy Len Catron

Sim, existem perguntas que aguçam e despertam o sentimento chamado Amor. Quem desenvolveu esta pesquisa/teste foi o psicólogo canadense Arthur Aron 

Este questionário faz parte de um experimento de 1997 de Arthur Aron, sobre como criar intimidade O estudo terminou com o casamento de dois dos participantes Voltou a ganhar importância e sucesso depois de um artigo publicado no The New York Times em 2015, pela jornalista Mandy Len Catron

São 36 perguntas, divididas em 3 grupos temáticos. Para aplicar este teste no seu alvo de desejo, obedeça às seguintes regras:

A - Levar a sério. Deverão estar sentados confortavelmente, um de frente para o outro, sem interrupção, em ambiente tranquilo e silencioso (sem música, sem celular, sem interferências externas, etc.) 

B - As perguntas são recíprocas e obrigatoriamente devem ter resposta. A pergunta 1 é feita de P1 para P2 e de P2 para P1 (P1 Pessoa 1; P2 Pessoa 2), assim, sucessivamente. Se a outra parte envolvida não desejar responder, está tudo bem, está encerrada a sessão. Não é a pessoa que tem as respostas que você precisa.

C - O tempo ideal para cada Grupo Temático é de 15 minutos.

D - É bem possível que este questionário, criado para que as pessoas se abram aos poucos, realmente funcione com você e seu alvo de interesse.

E - Não brinque com o sentimento das pessoas.

F - Se quiser testá-lo, é somente sob a sua única e exclusiva responsabilidade.

G - Os participantes devem ler em voz alta a pergunta cada um, e os dois devem responder todas.

H - Quando terminarem o questionário, os dois devem se afastar, ou seja, cada um sair para um rumo, onde virão as reflexões daquele momento.

I - No estudo original não se menciona a necessidade de olhar nos olhos durante quatro minutos ao terminarem, mas não é desaconselhável. Experimentadores falam que potencializa o resultado. 

Grupo I 

1. Se pudesse escolher qualquer pessoa no mundo, quem convidaria para jantar?

2. Gostaria de ser famoso? De que forma?

3. Antes de fazer uma ligação telefônica, você ensaia o que vai falar? Por quê?

4. Para você, como seria um dia perfeito?

5. Quando foi a última vez que cantou sozinho? E para outra pessoa?

6. Se pudesse viver até os 90 anos e ter o corpo ou a mente de alguém de 30 durante os últimos 60 anos de sua vida, qual das duas opções escolheria?

7. Tem uma intuição secreta de como vai morrer?

8. Diga três coisas que acredita ter em comum com seu interlocutor.

9. Por quais aspectos de sua vida você se sente mais agradecido?

10. Se pudesse mudar algo em como foi educado, o que seria?

11. Use quatro minutos para contar a seu companheiro a história de sua vida com todo o detalhe possível.

12. Se amanhã pudesse se levantar desfrutando de uma habilidade ou qualidade nova, qual seria?


Grupo II

13. Se uma bola de cristal pudesse contar a verdade sobre você, sua vida, o futuro ou qualquer outra coisa, o que lhe perguntaria?

14. Há algo que há muito tempo deseja fazer? Por que ainda não fez?

15. Qual é a maior conquista que conseguiu em sua vida?

16. O que mais valoriza em um amigo?

17. Qual é sua lembrança mais valiosa?

18. Qual é sua lembrança mais dolorosa?

19. Se você soubesse que vai morrer daqui a um ano de maneira repentina, mudaria algo em sua maneira de viver? Por quê?

20. O que significa a amizade para você?

21. Que importância tem o amor e o afeto em sua vida?

22. Compartilhem, de forma alternada, cinco características que consideram positivas em seu companheiro.

23. Sua família é próxima e carinhosa? Acha que sua infância foi mais feliz que a dos demais?

24. Como se sente em relação a sua mãe?


Grupo III

25. Diga três frases usando o pronome “nós”. Por exemplo, “nós estamos neste aposento sentindo...”

26. Complete esta frase: “Gostaria de ter alguém com quem compartilhar...”.

27. Se fosse terminar sendo amigo íntimo de seu companheiro, divida com ele ou com ela algo que seria importante que ela soubesse.

28. Diga a seu companheiro o que mais gostou nele ou nela. Seja muito honesto e diga coisas que não diria a alguém que acaba de conhecer.

29. Divida com seu interlocutor um momento embaraçoso de sua vida.

30. Quando foi a última vez que chorou na frente de alguém? E sozinho?

31. Conte a seu interlocutor algo que já gosta nele.

32. Há algo que seja muito sério e que não se deve fazer piadas a respeito?

33. Se fosse morrer esta noite sem possibilidade de falar com ninguém, o que lamentaria não ter dito a uma pessoa? Por que não disse até agora?

34. Sua casa está pegando fogo com todas suas coisas dentro. Depois de salvar seus entes queridos e seus bichos de estimação, sobra tempo para fazer uma última incursão e salvar um único objeto. Qual escolheria? Por quê?

35. De todas as pessoas que formam sua família, qual morte seria mais dolorosa para você? Por quê?

36. Divida um problema pessoal e peça a seu interlocutor que conte como ele ou ela teria agido para solucioná-lo. Pergunte também como acha que você se sente em relação ao problema que contou.

Viver está ficando tenso



Dados oficiais para refletir:

 2019 foi um ano emblemático. Anterior ao vírus que se espalha no mundo, acusou um aumento de óbitos na pátria amada, idolatrada, de 263% em relação a 2008. É como multiplicar por três o número de óbitos de 2008, apenas 11 anos depois. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revela que a taxa de natalidade no Brasil apresentou decréscimo. Em 2000, a taxa era de 20,86 a cada mil habitantes, caindo para 14,16 em 2015.

O que está acontecendo neste país onde nascem menos crianças e morrem mais pessoas, num crescimento vertiginoso, em apenas 10 anos????

Fontes: 

IBGE - Taxas Brutas de natalidade 

Valor Econômico - Mortes crescem 25% em 10 anos 

IBGE - Taxas Brutas de mortalidade até 2015

IBGE - Taxas Brutas de mortalidade 2019

Apenas em 2019, total de mortos teve aumento de 263% enquanto o número de nascimentos no país caiu 3,1% O número total de óbitos totais do país cresceu 24,5% entre 2008 e 2019, para 1.314.103, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2019, divulgada nesta quarta-feira. Ante 2018, houve alta de 263%. Sem tecer projeções, Klivia Brayner de Oliveira, pesquisadora do instituto, não descartou possibilidade de o dado referente ao ano de 2020, ainda a ser anunciado na próxima edição do levantamento, ser influenciado por mortes causadas pela pandemia de covid-19.

O estudo tem como origem de dados de cartórios, varas de família cíveis, foros e tabelionatos. Devido ao fato de a fonte de dados não ser o próprio instituto, a pesquisadora disse que não há como detalhar com profundidade a razão específica para crescimento.

É isto aí!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Nós, eles e a água entregue na bandeja



Nunca imaginei viver para ver o caos fazendo valer sua força no coração do território que os Nacotchtanks habitavam onde está hoje o distrito de Colúmbia, sede do Distrito Federal dos yankees.

Só estou comentando para registro do Diário de Bordo, pois a verdade, a verdade, no fundo no fundo, jamais virá à tona, de maneira que nunca saberemos quem estava com a razão. Apenas veremos fotos e manchetes aqui e acolá.

Da mesma forma, em terras de Pindorama, não tem como saber quem é esquerda e quem é direita. Está tudo junto, misturado e achando que ninguém percebe isto.

Pindorama teve a sua água (toda a sua água) privatizada pelo governo federal numa estranha lei que você mesmo poderá ler aqui 14026/2020 . que - sic -atualiza o marco legal do saneamento básico.

Vejamos algumas pérolas que estão valendo e veja também aqui as inconstitucionalidades da nova lei que privatiza toda a água nacional para multinacionais.

Art 1° - para vedar a prestação por contrato de programa dos serviços públicos de que trata o art. 175 da Constituição Federal, 

Art 4° § 3º  
- II - estimular a livre concorrência, a competitividade, a eficiência e a sustentabilidade econômica na prestação dos serviços;
- VII - estabelecer critérios limitadores da sobreposição de custos administrativos ou gerenciais a serem pagos pelo usuário final, independentemente da configuração de subcontratações ou de subdelegações; e
- VIII - assegurar a prestação concomitante dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.

Art. 17-A. 
O Ministério da Economia fica autorizado a promover a lotação ou o exercício de servidores de órgãos e de entidades da administração pública federal na ANA.

VII - outras ações e atividades análogas decorrentes do cumprimento das atribuições institucionais da ANA.

Art 5°
§ 2º No exercício das atribuições de natureza fiscal ou decorrentes do poder de polícia, são asseguradas aos ocupantes do cargo efetivo de que trata o caput deste artigo as prerrogativas de promover a interdição de estabelecimentos, instalações ou equipamentos, assim como a apreensão de bens ou produtos, e de requisitar, quando necessário, o auxílio de força policial federal ou estadual, em caso de desacato ou embaraço ao exercício de suas funções.” (NR)

Art 6° Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico
II - integralidade, compreendida como o conjunto de atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento que propicie à população o acesso a eles em conformidade com suas necessidades e maximize a eficácia das ações e dos resultados;

III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de forma adequada à saúde pública, à conservação dos recursos naturais e à proteção do meio ambiente;

IV - disponibilidade, nas áreas urbanas, de serviços de drenagem e manejo das águas pluviais, tratamento, limpeza e fiscalização preventiva das redes, adequados à saúde pública, à proteção do meio ambiente e à segurança da vida e do patrimônio público e privado;

Art. 7º A Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, passa a vigorar com as seguintes alterações:
XV - promover a concorrência na prestação dos serviços; e
XVI - priorizar, apoiar e incentivar planos, programas e projetos que visem à implantação e à ampliação dos serviços e das ações de saneamento integrado, nos termos desta Lei.” (NR)
“Art. 50. ................................................................................................................
I - ..........................................................................................................................
a) desempenho do prestador na gestão técnica, econômica e financeira dos serviços; e
b) eficiência e eficácia na prestação dos serviços públicos de saneamento básico;
II - à operação adequada e à manutenção dos empreendimentos anteriormente financiados com os recursos mencionados no caput deste artigo;
III - à observância das normas de referência para a regulação da prestação dos serviços públicos de saneamento básico expedidas pela ANA;
IV - ao cumprimento de índice de perda de água na distribuição, conforme definido em ato do Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional;
V - ao fornecimento de informações atualizadas para o Sinisa, conforme critérios, métodos e periodicidade estabelecidos pelo Ministério do Desenvolvimento Regional;
VI - à regularidade da operação a ser financiada, nos termos do inciso XIII do caput do art. 3º desta Lei;
VII - à estruturação de prestação regionalizada;

É isto aí!




 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Vim Te, Vinte Vezes Vim (Carlinhos Veiga)


Uma canção para 2.020.

Voz e violões – Carlinhos Veiga
Vocais – Vitor Quevedo
Cavaquinho – Matheus Donato
Piano – Fernando Mandolini
Baixo acústico – Dido Mariano

Gravações feitas em casa pelos próprios músicos
Mixagem e Masterização por Vitor Quevedo
Produção Musical de Carlinhos Veiga
Produção de Vídeo KZA Inova (Rapha Sousas)

“eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” João 10.10

Nos dias de tua angústia
não te abandonei
Vim te consolar

Nos dias de teus medos
não me escondi
Vim te encontrar

Nos dias de pobreza
não me esqueci
vim te fartar

Eu vim te,
vinte vezes vim
e ainda virei

Nos dias de clausura
não me recolhi
vim te visitar

Nos dias de doença
não te desprezei
vim te curar

Nos dias de teus lutos
não te esqueci
Vim te alentar

Eu vim te,
vinte vezes vim
e ainda virei

Pois sou o Deus
que perdoa e acolhe
que ouve o clamor da oração

Que está ao lado
de quem anda
em vale escuro de aflição

E mesmo que você 
me esqueça
eu não te esquecerei

Eu vim te,
vinte vezes vim
e ainda virei

Pois vinte,
vinte vezes vinte,
ainda virei

Pois sou o Deus
que perdoa e acolhe
que ouve o clamor da oração

Que está ao lado
de quem anda
em vale escuro de aflição

E mesmo que você 
me esqueça
eu não te esquecerei

Eu vim te,
vinte vezes vim
e ainda virei








O último que sair, deixe a porta aberta...


Foi finalmente revelado o motivo pelo qual Bananaland não tem estações de esqui, nem renomados  prêmios de cunho científico altamente laureados, nem 6G, nem vasos sanitários inteligentes, escolas públicas decentes, rios limpos, estradas seguras, presídios reeducacionais, etc.

Segundo fontes fidedignas, um dos motivos para o desemprego alto é que parte da população não está preparada para fazer quase nada. 

A pergunta que não quer calar - e a parte da população que está preparada e está em casa?

A questão é revista de uma forma altamente sofisticada - A culpa é da choldra. Graças aos deuses bananalandenses, os eméritos representantes da massa votaram leis que castraram a classe subterrânea de respirar no mesmo nível das pessoas de boa índole, afinal terminaram todas as exigências imorais e esquerzóides de salário digno, justiça e securidade social. 

Naquele tempo, ser patrão era a desgraça, refletiu um dos maiores gurus dos homens bons. Graças aos deuses das fadas planaltinas, a choldra se encontrou onde deveria, descalça e eleitora de manada. Apesar de terem feito de tudo para embevecerem Wall Street, alguns nobres e augustos representantes da mais elevada aristocracia guarany reconhecerem em público que Bananaland está quebrada e por isto não conseguem fazer nada.

Mas como todos os incômodos habitantes de Bananaland têm que se alimentar, uns de luz, outros de gramíneas, djênios da superação sugerem que acatem a ideia inovadora dos homens bons do território apache estão a oferecer aos que não fazem quase nada. Caso utilizem a proposta do Bill, a choldra de Banaland em breve salvará o mundo, num vaso sanitário. 

O vaso sanitário proposto pelo Bill tem a intenção de solucionar problemas globais, como o caso do saneamento básico. O produto é inteligente e dispensa a necessidade de água e esgoto. A ação é possível por conta da tecnologia que transforma os dejetos humanos em fertilizantes ali, bem abaixo da linha da cintura. Assim, o popular "Vai cagar" seria uma grande fonte de renda para a galera da geral.

Crédulos e fiéis acreditam que se forem convocados, centenas de graduados técnicos do mais elevado escalão dos homens de bem, deverão se ocupar em intermináveis cálculos estruturais para que estes sanitários inteligentes do Bill, sejam instalados ao largo das marginais da periferia dos "quase nada", recebendo esses dejetos líquidos e sólidos e adubando a terra onde se plantando tudo dá.

De quase nada, serão um enorme parque industrial de adubos orgânicos para satisfazer a mesa farta da nação. Aí, aquele ditado - "não vale bosta nenhuma" perderá o sentido.

O último que sair deixa a porta aberta...

É isto aí!




segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A semeadura já está dando colheita - Cenas do 21


- Estou na feira, na fila, para pesar e pagar. Na minha frente uma senhora, com aparentemente 35 anos, bonita, de camiseta e bermuda curta, mas nada fora dos padrões. A mulher do caixa pergunta como ela está. A senhora bonita põe as sacolas no balcão, a mão na testa e fala que agora sim está começando a sentir o gosto da vingança. 

A mulher do caixa se interessa pela narrativa, fecha e chaveia o caixa e indaga com os olhos. A senhora bonita disse que destruiu a poupança do ordinário, para que ele não fique com nada a não ser com as dívidas do financiamento do carro - ele que se vire com aquele vadia. Vagabundo. Fui no banco e transferi tudo, era conta conjunta. Gastei todo o dinheiro com a cozinha, comprei uma copa nova, comprei aparelho de jantar completo, baixela, faqueiro daqueles bonitos, esteira de exercícios, roupa de cama, roupa para mim e celular bacana para mim e para as crianças...ah, e duas televisões imensas, uma para meu quarto, lógico (sic). 

A mulher do caixa ficou com aquele olhar de divagação, sem saber o que dizer, uma vez que a senhora bonita estava espumando ódio, muito ódio. Eu odeio ele, eu odeio aquela vagabunda. Agora quero que se vire para pagar as prestações do carrinho onde leva aquela puta, por que o apartamento aqui nem pensar, e ainda tem a pensão. Meu advogado falou que vai apertar até a última gota. Assinou a notinha e partiu.

- Estou no supermercado. Na minha frente um deficiente físico num andador e uma idosa ao seu lado. Espero pacientemente para atravessarem o corredor para que eu também possa prosseguir com a compra. Atrás de mim, uma senhora com dois filhos adolescentes, falando alto sobre lerdeza, velhice, etc. E empurrando o carrinho para que eu apressasse o passo.

- Estou parado na faixa de pedestres, numa avenida de pista dupla. Aguardei até que uma boa alma parasse para atravessar em segurança. Quando o carro da direita deu sinal de que eu poderia atravessar, atrás dele um senhor de idade aparentemente igual à minha, fez uma manobra rápida para a esquerda, passou xingando o motorista com vitupérios e insultos os mais diversos e acelerou na minha direção, com gestos nervosos na mão que segurava o celular.

Esta nação está colhendo tudo que plantou - já profetizava Pero Vaz de Caminha.

É isto aí!